segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

União Europeia: os 28 decidem recorrer da sentença do Tribunal da UE que anulou o acordo comercial com Marrocos




Os ministros de Negócios Estrangeiros da UE aprovaram esta 2.ª feira a decisão de recorrer da sentença do Tribunal Geral da UE que, na passada 5.ª feira, anulou a aplicação do acordo comercial agrícola e de produtos pesqueiros concluído em 2012 entre a UE e Marrocos, por incluir o Sahara na sua aplicação, segundo confirmaram à Europa Press fontes europeias.

Os 28 já haviam acordado, a nível de embaixadores, na passada 6.ª feira, autorizar os serviços jurídicos do Conselho da UE a “recorrer da sentença” e a “solicitar medidas cautelares na forma de suspensão da sua execução”, explicaram fontes diplomáticas à Europa Press.

Os ministros de Negócios Estrangeiros adotaram a decisão formal hoje, segunda-feira, “sem discussão prévia”, confirmaram fontes europeias. A União Europeia e Marrocos discutiram esta segunda-feira a sentença do Tribunal Geral da UE, a qual pode ser objeto de recurso no prazo de dois meses, no âmbito do Conselho de Associação bilateral em Bruxelas, que contará com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Salaheddine Mezouar, durante a qual também será assinado um acordo que abre a porta à participação Marrocos em operações da UE, segundo adiantou uma fonte de alto nível diplomática europeia.



A Alta Representante de Política Externa e de Segurança Comum da UE, Federica Mogherini, que referiu que serão abordados com o ministro marroquino “algumas questões importantes”, já deixou claro a semana passada que “a UE considera que os acordos bilaterais não estão postos em causa” pela sentença e enfatizou que “Marrocos e a União Europeia têm uma associação ampla, sólida e ancorada no âmbito do Estatuto Avançado de que beneficia o país”.

“Isto foi claramente uma vitória para a Frente Polisario e uma derrota para nós. Não somente para Marrocos, nós somos parte do acordo. (O Tribunal) não disse que se infringiu o direito comunitário, mas sim que o Conselho não adotou as salvaguardas jurídicas suficientes para garantir que o beneficio da exploração dos recursos naturais do Sahara Ocidental revertesse para a população local”, afirmaram fontes diplomáticas.

As mesmas fontes admitem que a sentença “é um tema preocupante”, sobretudo porque a Polisario também recorreu ante a Justiça europeia do acordo pesqueiro entre a UE e Marrocos.

Acordo de pesca em perigo

“Tendo em conta o que afirmou o Tribunal Geral, é, pois, muito possível que diga o mesmo em relação ao acordo de pesca" — afirmaram as mesmas fontes —, que deram como certo que a UE vai" perder "o apelo de recurso porque o tribunal já disse" claramente "que" não foram adotadas as medidas suficientes ", mas que seria visto como um "gesto político" em relação a Marrocos não os deixar "desamparados por parte da União Europeia."

"Não há que quebrar o acordo, simplesmente há que reformular as cláusulas na sua justa medida", defenderam fontes diplomáticas, que admitem no entanto que "não é fácil" distinguir a produção saharaui da marroquina, embora pudesse haver opções como seja a de "inspectores da Comissão ".

Embora Marrocos tivesse "super-reagido" à sentença, vendo-a como um "atentado à soberania" do país, fontes diplomáticas insistem na necessidade de "acalmar as águas" e ver o alcance preciso da sentença. "É claro que o Estatuto Avançado que a UE tem com Marrocos não vai ser tocado. A relação especial que temos com Marrocos não irá ser alterada nem tampouco o Acordo de Associação com Marrocos ", exceto nos acordos comerciais agrícolas e de produtos da pesca e, em concreto, " apenas na parte relativa ao Sahara Ocidental ".



Fonte: Europa Press

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