Nações Unidas
– EFE - A ONU exigiu hoje a Marrocos que cumpra "imediatamente" com
as suas obrigações internacionais que permitam o deslocamento dos efetivos da
missão das Nações Unidas no Sahara Ocidental.
Numa nota
que as Nações Unidas fizeram chegar à missão de Marrocos na ONU, as medidas
tomadas recentemente pelo Governo de Rabat "são contrárias às obrigações legais
assumidas por Marrocos" com a Missão das Nações Unidas para o Referendo do
Sahara Ocidental (MINURSO).
No meio de
fortes tensões entre a ONU e Rabat, Marrocos exigiu que fosse encerrado um ponto
de ligação militar da MINURSO em Dakhla, no sul da ex-colónia espanhola.
Antes,
Rabat exigira a saída de grande parte do pessoal civil da MINURSO, o que afetou
umas setenta pessoas.
Farhan
Haq, porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou hoje na
conferência de imprensa diária que a organização internacional está
"profundamente preocupada" por estas ações.
As disposições
do acordo com a ONU, acrescentou, incluem a obrigação por parte de Marrocos de
permitir entrar e sair os efetivos da MINURSO da área consignada a essa missão
quando for requerido pela chefe da missão, Kin Bolduc.
O porta-voz
acrescentou que a ONU requer a Marrocos que "cumpra imediatamente com as
suas obrigações internacionais" nesse sentido, não só quanto à Carta das
Nações Unidas como nos pontos consignados no acordo para o funcionamento da missão.
O
documento pede ao Governo de Rabat que "trabalhe conjuntamente" com
as Nações Unidas dentro de um "espírito de cooperação".
Haq afirmou
que o encerramento do posto de ligação militar em Dakhla, que teve que se
deslocar para outro local, "complica as atividades" que desenvolve a
missão.
Ontem,
terça-feira, o mesmo porta-voz anunciou que o encerramento do posto em Dakhla foi
concluído durante segunda-feira e disse que os três observadores militares que ali
estavam deslocados foram transferidos para outro local da missão.
Haq explicou
que o posto era "o interlocutor direto com o Exército marroquino na
zona", pelo que a medida torna esse contacto "mais difícil".
Acrescentou
ainda que a cidade, conhecida antes como Villa Cisneros, é para a MINURSO um
ponto de evacuação militar e que a missão utiliza um hospital militar nessa localidade
em caso de necessidade.
As medidas
de Rabat surgiram como resposta à recente viagem de Ban à região do Sahara
Ocidental, onde na opinião do Governo marroquino teve palavras e gestos
"insultuosos" para esse país, como o uso do termo "ocupação".
A visita
de Ban realizou-se no âmbito dos seus intentos por impulsionar negociações para
resolver a questão da ex-colónia espanhola, estagnada há décadas.
Frente à
autoproclamada República Árabe Saharaui Democrática (RASD), Rabat recusa qualquer
opção que não seja a autonomia, enquanto a Frente Polisario exige o referendo de
autodeterminação acordado no plan de paz auspiciado pelas Nações Unidas.
EFE
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