Fazem-no
através
de empresas marroquinas, uma vez que as leis da União Europeia
proíbem qualquer propriedade estrangeira ou controle dos recursos do
Sahara
Ocidental
Diário
16 - Por
José Antonio Gómez —
Quase toda a indústria pesqueira dos ricos bancos do Sahara
Ocidental é controlada por empresas europeias, principalmente
espanholas. Tudo isso acontece apesar de as leis da União Europeia
proibirem qualquer propriedade estrangeira ou controle dos recursos
do território. Isso é revelado numa investigação conduzida pelo
El Confidencial Saharaui.
Essas
empresas, na
sua maioria espanholas,
operam através de empresas marroquinas que usam estruturas
corporativas opacas para importar navios e obter licenças de pesca
que, como já relatamos com o caso do polvo, se tornam um recurso
para obter fontes
de rendimento já
que as
pessoas que possuem essas concessões têm capacidade para alugá-las
ou participar de uma serie
de
benefícios da exploração dos pesqueiros saharauis.
No
Sahara,
a indústria pesqueira foi uma importante fonte de rendimento
durante a era colonial espanhola. No entanto, à época,
ela constituía sobretudo um
factor
local, que, na última década do século XX e na primeira já
deste século, começou
a crescer graças à construção de docas e instalações de
processamento de peixes instaladas no porto de Marsa, em El Aiún.
De
acordo com a denúncia da organização
Western
Sahara Resource Watch (WSRW), o desenvolvimento da indústria
pesqueira resultou no seu
controle
por
parte de empresas
europeias, principalmente espanholas, que obtêm a grande maioria dos
benefícios graças a acordos opacos com empresas marroquinas.
Desde
que a UE e Marrocos assinaram o acordo de pesca em 2006, que este
é
renovado anualmente, dando
acesso ao banco de pesca do Sahara
Ocidental a mais de 100 navios europeus, a grande maioria espanhola.
No
entanto, há um facto a ser levado em consideração: os acordos
assinados com Marrocos sobre o Sahara são ilegais, pois a ONU não
reconhece a soberania marroquina sobre o território. Além disso, a
principal intenção de Marrocos é manter esses acordos em busca de
legitimidade as sua ocupação sobre o Sahara, algo pelo qual está
usando a União Europeia e, por extensão, a Espanha.