sábado, 10 de abril de 2021

O Partido de Macron diz que vai abrir delegação no Sahara Ocidental ocupado

 

Mohamed VI, o príncipe herdeiro e o Presidente francês - Foto ME Confidential


O partido "La Republique En Marche", do presidente francês Emmanuel Macron anunciou esta quinta-feira que iria abrir duas delegações no estrangeiro por ocasião do 5.º aniversário da sua fundação: em Agadir, no sul de Marrocos, e em Dakhla (antiga Villa Cisneros), no Sahara Ocidental, território ocupado pelo Reino de Marrocos.

Que o partido liderado por Emmanuel Macron deseje manter as melhores relações com o regime de Mohamed VI não é novidade, mas que, para isso, hipoteque e espezinhe o Direito Internacional, faça tábua raza do papel da ONU e se assuma cúmplice directo da ocupação e da violação dos Direitos Humanos no território, é outra coisa bem diferente... É caso para dizer que o partido bem poderia designar-se “"La Republique En Marche-Arrière" !!

A representação "Magrebe e África Ocidental" do partido "La Republique En Marche", fundada pelo Presidente francês Emmanuel Macron, decidiu abrir uma filial em Marrocos na cidade de Agadir e outra em Dakhla no Sahara Ocidental, por ocasião do quinto aniversário do partido, relata a imprensa francesa.

Segundo as mesmas fontes, este passo seria um "gesto em direcção a várias decisões francesas que podem terminar com o reconhecimento oficial da soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental numa decisão semelhante à declaração de Trump no final do ano passado".

Segundo a declaração do partido, a iniciativa vem "reforçar a rede do partido no Magrebe e na África Ocidental, expressando a esperança de que estas duas delegações sejam tão dinâmicas quanto possível, a fim de melhor responder às expectativas dos franceses nesta região".

Segundo o mesmo comunicado do partido de Macron, emitido quinta-feira, a iniciativa surge "no contexto dos amplos esforços diplomáticos empreendidos pelo Reino de Marrocos para a ocupação marroquina do Sahara Ocidental".

"Tentaremos assistir à inauguração da sede logo que as condições de saúde o permitam", acrescenta a declaração. Jay Picard dirigirá a comissão do partido em Agadir e Claude Fraissent no Sahara Ocidental. "Estamos particularmente satisfeitos por termos formado um comité partidário em Agadir e Dakhla no sul de Marrocos, o que reforçará a nossa presença com os franceses nesta região", afirma o comunicado.

 


A notícia na imprensa francesa levou a Representação da POLISARIO a responder

 

Eis o teor do seu comunicado:

 

Num comunicado emitido na quinta-feira, 8 de Abril de 2021, o partido presidencial, La République en Marche (LREM), "congratula-se" com a criação de um comité do LREM na cidade de Dakhla, localizada, segundo ele, nas "províncias do sul de Marrocos", embora Dakhla ou "VillaCisneros", façam parte do território não autónomo do Sahara Ocidental ilegalmente ocupado por Marrocos, e onde há guerra.

Trata-se de uma violação flagrante do estatuto internacional do Sahara Ocidental, que é da responsabilidade da ONU, e que é objecto de um processo de descolonização, envolvendo o direito inalienável do povo saharaui à autodeterminação, impedido até hoje pela monarquia marroquina.

Será necessário recordar ao partido LREM que, para a ONU, o Sahara Ocidental não está sob a soberania nem sob a administração do Reino de Marrocos, que exerce uma ocupação e opressão brutal contra o legítimo proprietário, o povo saharaui ? O Tribunal de Justiça Europeu, por seu lado, através do seu acórdão de 21 de Dezembro de 2016, declarou claramente que Marrocos e o Sahara Ocidental são dois territórios separados e distintos.

Ao referir-se às "províncias marroquinas" quando se trata do território não autónomo do Sahara Ocidental, o partido LREM e a sua comissão são culpados de uma grave violação do direito do povo saharaui à autodeterminação e, portanto, de uma clara violação do direito internacional.

O partido LREM assume, por este acto, uma pesada responsabilidade ao encorajar a ocupação do Sahara Ocidental e a repressão violenta contra o seu povo.

É de temer, infelizmente, quando lemos as palavras do ministro francês dos Negócios Estrangeiros e Europeus, Jean-Yves Le Drian, durante o seu encontro de 8 de Abril com o seu homólogo marroquino, que a França prossiga a sua política que impede o advento de uma solução justa e duradoura para o conflito do Sahara Ocidental, em prol da paz e da segurança em todo o Magrebe.

Paris, 10 de abril de 2021

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