sexta-feira, 11 de junho de 2021

Marrocos acusa a Espanha de instrumentalizar o Parlamento Europeu

 


 O Ministério dos Exteriores do Reino de Marrocos afirma que a crise diplomática é só bilateral e repudia as acusações de ter usado menores emigrantes para pressionar a Espanha

 

Rabat - 11 JUN 2021 - El Pais - Francisco Peregil - 11-06-2021

As autoridades marroquinas responderam esta sexta-feira à resolução emitida na quinta-feira pelo Parlamento Europeu contra a utilização de menores não acompanhados como método de pressão sobre a Espanha. Primeiro a Câmara dos Representantes e depois o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Ambos os organismos coincidiram em assinalar que a instituição europeia foi "instrumentalizada" pela Espanha, na sua "tentativa de europeizar uma crise bilateral". O Parlamento marroquino especificou que as razões da crise se devem à "atitude e ações" da Espanha em relação ao Sahara Ocidental, que na sua declaração é referida como "Sahara marroquino".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino considera que a responsabilidade da Espanha na crise foi "demonstrada" e enquadra esta suposta "instrumentalização" do Parlamento Europeu numa "lógica de escalada política a curto prazo", uma "manobra" que "visa fugir ao debate sobre as razões profundas da crise". "Não está a enganar ninguém", conclui.

Nos dois comunicados marroquinos, nos quais a Espanha é acusada de tentar "europeizar" uma crise bilateral, não há qualquer menção à Alemanha, país-chave da União Europeia, com o qual Rabat tem outra crise diplomática desde 2 de Março, quando suspendeu as relações com a sua embaixada no país do Magrebe após alegar "profundos mal-entendidos". A 6 de Maio, Marrocos chamou para consultas a sua embaixadora na Alemanha, Zohour Alaoui, como resultado do "ativismo antagónico" que, segundo Rabat, o governo alemão exerce em relação ao conflito do Sahara Ocidental. Desde então, não se registaram quaisquer progressos na crise com a Alemanha.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino assinala na sua carta de sexta-feira que "a instrumentalização" do Parlamento Europeu é "contraproducente" e "visa fugir ao debate sobre as razões profundas da crise". "Marrocos, além disso, não precisa de qualquer aval na sua gestão da migração. A postura do professor e do aluno já não funciona. O paternalismo é um beco sem saída. Não é a punição ou a recompensa que induz o comportamento, mas sim a convicção de uma responsabilidade partilhada", acrescenta a declaração.


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