segunda-feira, 15 de agosto de 2022

“Exportação” de imigrantes clandestinos: a “Big Business” para Marrocos

 

Pedro Sanchez cedeu em toda a linha em relação à posição de Espanha na questão do Sahara Ocidental, mas nem mesmo assim a pressão instrumentada por Rabat se atenuou...

A UE vai atribuir 500 milhões de euros para ajudar Marrocos a travar a imigração irregular. A notícia é dada hoje nos principais periódicos de Espanha, mas o Governo de Pedro Sanchez vai também reforçar a «ajuda" à custa do erário público de Espanha. Para Marrocos, os clandestinos, a droga, e a «ameaça terrorista» fazem parte do argumentário para faturar milhões anualmente.

A União Europeia aumentará em quase 50% o orçamento atribuído a Marrocos para “combater a imigração irregular e melhorar o controlo das fronteiras europeias” - refere hoje a imprensa.

O governo marroquino receberá mais dinheiro do que nunca para controlar as suas fronteiras. O objectivo, tal como dizem há anos, é “ajudar Marrocos a travar a imigração irregular”.

Este reforço da cooperação da UE em matéria de migração abrangerá o período de 2021 a 2027 e é quase 50% superior ao anterior quadro de financiamento do regime marroquino.


Em 2022 já entraram ilegamente mais de 18 300 clandestinos

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgava a semana passada os dados relativos à entrada de imigrantes ilegais a Espanha desde o início do ano: o número ascende a 18.300 e iguala o nível registado em 2021.

Só esta semana, em menos de 24 horas, 447 imigrantes ilegais chegaram a portos de Lanzarote, uma das ilhas mais próximas do Sahara Ocidental, juntamente com Fuerteventura.

Não obstante a viragem de 180 graus do Governo de Pedro Sanchez em relação à antiga colónia espanhola, cedendo em toda a linha às exigências e chantagens marroquinas, nem mesmo assim Marrocos cede na pressão, social, económica e política.

 

Rabat pede mais dinheiro a Espanha para "a luta contra a imigração ilegal"

 

A reunião de quarta-feira, 3 de Agosto, dos chefes de polícia espanhóis e marroquinos em Rabat terminou com um pedido de outra soma de dinheiro pelo país do Magrebe.


Abdellatif Hammouchi – chefe de uma das secretas marroquinas – e Francisco Pardo Piqueras - quadro do PSOE e diretor geral da Policia espanhola

“Os vários governos espanhóis têm tratado Marrocos como um vizinho pobre para o qual praticam uma caridade abundante com dinheiro público” refere o portal saharaui ECS. Que adiantava:

“Abdellatif Hammouchi, Diretor-Geral da Segurança Nacional e Vigilância Territorial de Marrocos (Serviços Secretos), e Francisco Pardo Piqueras, Diretor-Geral do Corpo Nacional de Polícia (CNP) de Espanha, reuniram-se em Rabat na quarta-feira.

O chefe da Polícia espanhola, Francisco Pardo Piqueras chefiou uma delegação espanhola de alto nível composta por Eugenio Pereiro Blanco, Comissário Geral da Inteligência, Rafael Pérez Pérez, Comissário Geral da Polícia Judiciária, Juan Enrique Taborda Álvarez, Comissário Geral de Estrangeiros e Fronteiras, Alicia Malo Sánchez, chefe da Direção de Cooperação Internacional de Segurança, e Francisco Jesús Ramírez Jara, conselheiro da Direção Geral da Polícia Nacional Espanhola”.

Na reunião, segundo o comunicado publicado por Rabat, Marrocos, como sempre, pediu a mesma coisa: dinheiro para supostamente combater a imigração, que Marrocos promove quando quer; drogas, das quais é o principal produtor e exportador mundial; e terrorismo, onde os seus nacionais estão presentes em todos os atos cometidos na Europa.

Dito isto, o governo espanhol terá de atribuir um novo lote de fundos ao Ministério do Interior marroquino para "colaborar" no financiamento das forças armadas marroquinas a fim de "cortar os migrantes antes que tentem atravessar as fronteiras e chegar à costa espanhola".

“O montante, que se destina oficialmente a "financiar as despesas decorrentes das atividades dedicadas à vigilância das fronteiras e à luta contra a imigração irregular", prossegue o portal - ainda não veio a lume. Em Espanha, há um silêncio oficial sobre a recente visita da polícia a Marrocos.

A polícia marroquina poderá utilizar o dinheiro para pagar "despesas decorrentes do patrulhamento e vigilância em terra, mar, costa e linha costeira, incluindo combustível, óleos e outros aditivos", despesas relacionadas com a "manutenção e reparação" de infra-estruturas, bens e materiais destinados à vigilância e controlo das fronteiras, e pagamento de "subsídios e incentivos ao pessoal destacado" e ao pessoal encarregado da vigilância das fronteiras, da luta contra a imigração irregular e dos mecanismos de regresso dos imigrantes”.

 

As ambições territoriais de Marrocos e a chantagem da imigração ilegal


Em 2019 e 2020, o governo Sánchez aprovou a compra de 384 veículos a dar a Marrocos para controlo fronteiriço. O lote incluía 230 veículos 4×4 tropicalizados, e 100 veículos 4×4 pick up, 10 veículos 4×4 ambulâncias, 10 camiões cisterna 4×4 de água, 8 camiões cisterna de gasolina, 18 camiões plataforma 4×4 e 8 camiões frigoríficos.

Pouco tempo depois, ficou conhecido que o governo de Sánchez também aprovou a compra de 130 veículos todo-o-terreno para a polícia marroquina, equipados com grelhas de proteção, ar condicionado, garantia e manual de instruções em francês. A notícia causou mal-estar entre as forças de segurança espanholas, que estão a lidar com uma onda de imigrantes ilegais - em grande parte provenientes de Marrocos - com meios insuficientes.

Deve ter-se em conta que Marrocos é atualmente uma das maiores ameaças estratégicas da Espanha. As suas ambições territoriais incluem territórios sob soberania espanhola tais como as Ilhas Canárias, Ceuta, Melilla, ilhas Perejil e Chafarinas, as Ilhas Al Hoceima e a rocha de Vélez de la Gomera.

"Do mesmo modo, a tolerância de Marrocos em relação às máfias da imigração ilegal causa sérios problemas à Espanha, que é forçada a afetar cada vez mais recursos para guardar as suas fronteiras e reforçar a segurança nas suas ruas. De facto, Marrocos utiliza frequentemente esta questão como um instrumento de chantagem contra a Espanha. Entretanto, os governos espanhóis cedem e fazem presentes milionários a Marrocos à custa do dinheiro público espanhol" - sublinha aquele portal.


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