domingo, 18 de fevereiro de 2024

Marrocos e Staffan de Mistura De Mistura: o que está a acontecer era esperado desde o primeiro dia!

 

Steffan De Mistura e o Ministro de Relações Exteriores de Marrrocos, Nasser Bourita

Marrocos está a intensificar os seus ataques ao Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental, De Mistura, ameaçando cortar relações com ele devido à sua visita à África do Sul a convite de Pretória. A verdade é que esta visita não passa de um pretexto inventado para romper com o enviado depois de se ter verificado que ele não pode ser domesticado ao gosto de Marrocos, como o provam:

1. O atraso de Marrocos em aprovar a sua nomeação (outubro de 2021) depois de ter sido proposto pelo Secretário-Geral e aprovado pela Frente POLISARIO cinco meses antes

2. A obstrução de Marrocos ao seu mandato, impedindo De Mistura de visitar a parte ocupada do Sahara Ocidental (julho de 2022) antes de o autorizar dois meses depois,

3. Continuando a sua obstrução arrogante na crença de que "a missão do enviado é legitimar o facto consumado colonial". Ao fazê-lo, Rabat pretende criar as condições para o forçar a demitir-se, como aconteceu com o seu antecessor "Horst Köhler", que se demitiu por razões de saúde que, na verdade, não passavam de "tensão alta" causada pelo desprezo de Marrocos e pela inação do Conselho de Segurança da ONU,

4. A visita à África do Sul não passa de um pretexto e, se não tivesse tido lugar, Marrocos teria inventado outra coisa. Rabat terá chegado à conclusão de que era necessário livrar-se do homem depois de ele ter compreendido o conflito por dentro, longe da visão simplista "deslumbrada" pelas "armadilhas" da propaganda da ocupação a partir do exterior.

5. A reunião na África do Sul faz parte do mandato do PE, como confirmou o porta-voz do Secretário-Geral da ONU, Dujarric, a 31 de janeiro. Basta dizer que, desde a sua nomeação, De Mistura reuniu-se com o hemisfério, incluindo os Emirados Árabes Unidos, em mais de duas ocasiões, em 2021 e 2023. Marrocos continuará a sua campanha e, em última análise, a ONU não terá falta de "razões pessoais" ou "razões de saúde" para justificar a decisão de se demitir. Mas, se isso acontecer, nenhum deles conseguirá esconder a verdadeira razão, que é o fracasso crónico do Conselho de Segurança da ONU em cumprir o seu mandato histórico de descolonização do Sahara Ocidental.

Post em x.com (antigo Twitter) de Oubi Bouchraya Bachir, representante da Frente POLISARIO na Suiça e ante as Nações Unidas em Genebra.

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