Omar Bahia Abdelmajid nasceu e cresceu em Tan-Tan em 1967, cidade onde assistiu às primeiras manifestações organizadas pela Frente Polisario. Oriundo de uma família conhecida pelo seu empenhamento inabalável na luta pela independência do Sahara Ocidental, Omar foi imbuído, desde muito cedo, na luta pela liberdade. A sua família pagou um pesado preço por esta causa: o seu tio materno, Salam Hussain Hnia, foi preso em 1987 quando tentava juntar-se aos campos de refugiados sarauís. Morreu num centro de detenção secreto em Laayoune, sob o regime de ocupação marroquino.
Militante convicto, Omar Abdelmajid manifestou frequentemente o seu apoio à Frente Polisario entoando palavras de ordem a favor da causa saharaui, nomeadamente diante do posto de polícia de Es-Skeikima. Este domingo, 3 de novembro, colonos marroquinos reuniram-se na praça Michouar no quadro das festividades que comemoram o aniversário da Marcha Verde. Omar confronta-se com eles e protesta contra o ocupante e a favor da Frente Polisario. Foi então detido. Testemunhas afirmam que foi espancado e depois levado para a esquadra da polícia.
No dia seguinte, segunda-feira, foi apresentado ao Ministério Público antes de ser enviado para a prisão local de El Ayoun. Uma vez na prisão, ainda antes do julgamento, a polícia submeteu-o a torturas que lhe custaram a vida.
Na quarta-feira, o seu corpo foi levado para o hospital. Omar tinha sido levado já morto, sem qualquer documento oficial que atestasse as circunstâncias da sua morte.
O seu corpo foi enviado para Agadir para ser autopsiado, mas os resultados não foram comunicados à família. A família foi ignorada e obrigada a manter-se em silêncio.
Muitos saharauis assistiram ao seu funeral no domingo 10. Omar tinha um enorme respeito pelos heróis que morreram nas prisões secretas às mãos do ocupante marroquino. Agora é a nossa vez de o honrar.
EQUIPE MEDIA
Domingo, 11 de novembro de 2024
El Aaiún. Sahara Occidental ocupado.
Condenação e revolta
A Comissão Nacional Saharaui dos Direitos do Homem exprimiu a sua condenação e denúncia do crime cometido pelas autoridades de ocupação marroquinas contra o cidadão saharaui Omar Abdelmajid.
Em comunicado divulgado, a Comissão saharaui apela igualmente à punição dos responsáveis marroquinos, autores do crime.
Considera também as autoridades de ocupação marroquinas totalmente responsáveis por este crime e por todos os assassínios deliberados cometidos contra cidadãos saharauis desarmados.
A Comissão Nacional Saharaui dos Direitos do Homem exige que o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e as Nações Unidas, através da MINURSO, assumam a sua responsabilidade na proteção dos civis saharauis.
Também o ministério dos Territórios Ocupados e dos Assuntos da Diáspora da RASD denunciou o assassinato do cidadão saharaui Omar Abdelmajid, de 58 anos, pela ocupação marroquina.
Em comunicado divulgado hoje, o ministério dos Territórios Ocupados e dos Assuntos da Diáspora lamenta que a intervenção das Nações Unidas, presente desde 1991, não tenha mexido um dedo para impedir a morte do cidadão saharaui e apela à realização de um inquérito internacional independente sobre as circunstâncias e as condições de detenção e morte do cidadão saharaui “Omar Abdelmajid” e a morte de dezenas de cidadãos saharauis que perderam a vida durante a presença e o início da invasão marroquina.
O Conselho de Ministros saharaui exprimiu igualmente a sua absoluta solidariedade com a família do cidadão saharaui “Omar Abdelmajid”.
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