Conselho de Segurança da ONU |
No próximo dia 28 de novembro está previsto que o Conselho
de Segurança realize uma sessão sobre a questão do Sahara Ocidental. O prato forte
da referida sessão, serão os relatórios apresentados pelo Enviado Pessoal do SG
da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, e pelo Representante
Especial, Wolfgang Weisbrod-Weber, após as suas respetivas viagens pela região.
Para março de 2013, está previsto que o Relator Especial das
Nações Unidas para a Tortura, Juan. E. Méndez, torne público o seu relatório sobre
a tortura e outros tratamentos cruéis e inumanos em Marrocos e no Sahara Ocidental.
A publicação do relatório de Juan Méndez, em março, virá dar
maior relevância e solidez aos elementos, informações e observações que as agências
da ONU de Genebra enviarão como contributo para o relatório que Ban Ki Moon apresentará
ao Conselho de Segurança em abril de 2013.
A isto haverá que adicionar a resistência de Marrocos em responder
aos pedidos oficiais de visita que lhe foram dirigidos pelos titulares de, pelo
menos, dois Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos.
Extramuros do Conselho de Segurança da ONU, ou seja, sem
qualquer cobertura legal pelo menos do ponto de vista do Direito Internacional,
o chamado Grupo de países “Amigos do Sahara” (GAS, gás letal, é o que se
depreende…), começará a esboçar, depois de apresentado o relatório de BKM, a
futura Resolução do Conselho de Segurança sobre o Sahara Ocidental.
Os elementos em função dos quais as diversas potências
aportarão os seus pontos de vista para a elaboração do esboço desta Resolução têm
diferentes origens. É claro que os interesses dessas potências prevalecerão por
sobre toda a classe de considerações, pelo menos enquanto eles estiverem a
atuar fora das paredes do Conselho de Segurança.
Uma vez dentro do Conselho de Segurança, a matéria da
legalidade internacional pesa demasiado para dela não se fazer caso. Ou, dito por
outras palavras, desta vez há algo mais concreto do que essa genérica Legalidade
Internacional… Desta vez, a panóplia de agências da ONU criou uma rede de tal
forma densa que deixa muito pouco espaço de manobra às ditas potências. Em
qualquer caso, para a elaboração do “draft” da Resolução, o GAS terá, em
primeiro lugar, as informação que lhe serão expostas na reunião agendada para
28 de novembro e, em segundo lugar, as recomendações contidas no Relatório de
BMK.
O que é o que se espera, então, que ocorra nos próximos
meses? Ninguém parece sabê-lo. Enquanto Ross não se revelar não há forma de o saber.
No mais, é de esperar que o emaranhado de relatos dos diferentes organismos das
Nações Unidas, desta vez, possam inclinar a posição dos membros do GAS — … tendo
como pano de fundo a instabilidade do Sahel — para posições que façam
prevalecer a legalidade internacional no Sahara Ocidental.
Para isso, haverá que esperar para ver a leitura que tanto
BKM como Ross e o próprio Conselho de Segurança farão do parágrafo sexto do
último discurso de Mohamed VI, para ver até que ponto continuam ainda a dar
credibilidade a uma Proposta declarada como fracassada pela própria parte que a
apresentou [a Autonomia]. Recorde-se que, para além desta Proposta fracassada, existe
uma outra em cima da mesa do Conselho de Segurança que, em essência, reflete
vários dos elementos do último Plano Baker e que se perfila como a única digna
de ser negociada, já que acolhe as aspirações de ambas as partes.
No entanto, o Conselho de Segurança tem outros problemas
mais urgentes a resolver. Ante os limitados progressos em qualquer tipo de negociação
sob o atual formato auspiciado pela ONU, o Conselho de Segurança é chamado a
tapar os defeitos e deficiências de que padece a missão de manutenção da paz
que tem instalada no terreno. Isto é: a MINURSO não pode continuar a ser a
única missão que tem amputadas algumas das suas faculdades essenciais. E,
também, desta vez, parece que existem motivos para a esperança.
Haddamin Moulud
Said. Valência 21 de novembro de 2012.
Haddamin Moulud Said é advogado. Nasceu em Fidh Aueinat-Timiluza,
Sahara Ocidental, a 21 de outubro de 1970. A sua família parte para o exílio nos
campos de refugiados de Tindouf (Argélia) no Inverno de 1975, fugindo à
invasão marroquina. Estudou em Cuba e licenciou-se em Direito pela Universidade
de Valência, Espanha.
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