sábado, 3 de novembro de 2012

Ross nos acampamentos de refugiados saharauis



 O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, chegou hoje a Tindouf, no sudoeste da Argélia, para visitar os acampamentos de refugiados saharauis e encontrar-se com os dirigentes da Frente Polisario, confirmou à EFE fonte oficial.

O coordenador saharaui com a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), Mohamed Khadad, disse à EFE que Ross foi recebido pelo Presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD), Mohamed Abdelaziz, pelo primeiro- ministro, Taleb Omar, assim como por vários ministros e membros do Secretariado Nacional da Frente Polisario.

Está previsto que Ross se encontre ao longo do dia de hoje com vários ministros e com o próprio Khadad, que assegurou que é o próprio Christopher Ross quem estabelece a sua agenda.

"É ele (Ross) quem estabelece o seu programa. É livre de ir onde quiser e de reunir-se com quem queira; nós fazemos todo o possível por facilitar o cumprimento das diferentes etapas da sua viagem", afirmou à EFE Khadad, que se encontra em Tindouf.

No seu périplo pelos acampamentos saharauis, onde chega após ter estado em Marrocos e no território saharaui sob controlo marroquino, Ross tem previsto reunir-se com dirigentes civis e militares, assim como com representantes da sociedade civil, tal como o fez nas anteriores etapas da sua viagem.

Na sua estadia em Tindouf, que se prolongará até ao dia 6, Ross viajará a vários acampamentos, como o de Smara, El Aaiún e Dakhla (os acampamentos foram batizados com os nomes das cidades saharauis sob ocupação marroquina), onde manterá encontros com a população exiliada.

"Para nós, esta visita constitui uma nova ocasião para reafirmar o nosso compromisso com a legalidade internacional, assim como o nosso apoio total aos esforços de Ross e da ONU para encontrar uma solução para um conflito que dura há quase quatro décadas", afirmou o coordenador saharaui com a MINURSO.

Khadad sublinhou que os saharauis voltaram a pedir que a MIURSO cumpra a sua função de maneira "plena e total (...) a exemplo de outras missões da ONU no resto do mundo, incluindo entre as suas competências o aspeto da vigilância do respeito pelos direitos humanos".

O dirigente saharaui sublinhou uma vez mais que a ONU continua a ser "o principal responsável " pelo dossiê saharaui "já que se trata de uma questão de descolonização reconhecida pela comunidade internacional".

"Reivindicamos a independência. Temos feito grandes sacrifícios para poder desfrutar da nossa liberdade, mas estamos dispostos a jogar o jogo democrático. Dar o direito aos saharauis para que se pronunciem sobre o seu futuro é uma necessidade e se os nossos compatriotas decidirem que o Sahara Ocidental deve continuar sob autoridade marroquina, estamos dispostos a respeitar o resultado das urnas", afirmou o responsável saharaui.

Uma das diferenças chave entre a visão saharaui e a marroquina, é que Rabat só está disposto a realizar um referendo em que a única opção colocada seja a da autonomia do Sahara Ocidental dentro de Marrocos, mas não a sua independência, como quer a Frente Polisario.
Na passada quarta-feira, Ross chegou a El Aaiún (Sahara Ocidental sob controlo marroquino) depois de passar cinco dias em Rabat onde foi recebido pelo rei Mohamed VI e manteve contatos com representantes das autoridades e membros da sociedade civil marroquina.
Ontem, após uma breve viagem a Tifariti, em zona saharaui não controlada por Marrocos, regressou a El Aaiún, onde se reuniu com organizações tanto independentistas como pro-marroquinas da sociedade civil.

Nesta sua viagem, a quarta desde que, em 2009, foi nomeado Representante Pessoal de Ban Ki-Moon, Ross quer implicar os atores civis independentes para poder aproximar posturas entre as partes em conflito.

Esta manhã, antes de viajar para Tindouf, o diplomata norte-americano reuniu-se com representantes sindicais e com a coordenadora de familiares dos presos do acampamento de protesto de Gdaim Izik, onde em 2010 se registaram confrontos entre polícias marroquinos e independentistas saharauis durante o seu desalojamento pela força, que se saldou com a morte de 13 pessoas (11 dos quais agentes marroquinos).

Atualmente, 24 saharauis (23 dos quais em prisão preventiva) aguardam ainda que se realize o julgamento pelo que aconteceu.

Após a visita aos acampamentos de refugiados, Ross fará escala na Argélia, Mauritânia, França e Espanha, antes de regressar a Washington.

EFE

Sem comentários:

Enviar um comentário