O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher
Ross, chegou hoje a Tindouf, no sudoeste da Argélia, para visitar os acampamentos
de refugiados saharauis e encontrar-se com os dirigentes da Frente Polisario,
confirmou à EFE fonte oficial.
O coordenador saharaui com a Missão das Nações Unidas para o
Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), Mohamed Khadad, disse à EFE que Ross foi
recebido pelo Presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD),
Mohamed Abdelaziz, pelo primeiro- ministro, Taleb Omar, assim como por vários
ministros e membros do Secretariado Nacional da Frente Polisario.
Está previsto que Ross se encontre ao longo do dia de hoje
com vários ministros e com o próprio Khadad, que assegurou que é o próprio Christopher
Ross quem estabelece a sua agenda.
"É ele (Ross) quem estabelece o seu programa. É livre
de ir onde quiser e de reunir-se com quem queira; nós fazemos todo o possível por
facilitar o cumprimento das diferentes etapas da sua viagem", afirmou à
EFE Khadad, que se encontra em Tindouf.
No seu périplo pelos acampamentos saharauis, onde chega após
ter estado em Marrocos e no território saharaui sob controlo marroquino, Ross tem
previsto reunir-se com dirigentes civis e militares, assim como com representantes
da sociedade civil, tal como o fez nas anteriores etapas da sua viagem.
Na sua estadia em Tindouf, que se prolongará até ao dia 6, Ross
viajará a vários acampamentos, como o de Smara, El Aaiún e Dakhla (os acampamentos
foram batizados com os nomes das cidades saharauis sob ocupação marroquina), onde
manterá encontros com a população exiliada.
"Para nós, esta visita constitui uma nova ocasião para
reafirmar o nosso compromisso com a legalidade internacional, assim como o
nosso apoio total aos esforços de Ross e da ONU para encontrar uma solução para
um conflito que dura há quase quatro décadas", afirmou o coordenador
saharaui com a MINURSO.
Khadad sublinhou que os saharauis voltaram a pedir que a
MIURSO cumpra a sua função de maneira "plena e total (...) a exemplo de outras
missões da ONU no resto do mundo, incluindo entre as suas competências o aspeto
da vigilância do respeito pelos direitos humanos".
O dirigente saharaui sublinhou uma vez mais que a ONU continua
a ser "o principal responsável " pelo dossiê saharaui "já que se
trata de uma questão de descolonização reconhecida pela comunidade
internacional".
"Reivindicamos a independência. Temos feito grandes
sacrifícios para poder desfrutar da nossa liberdade, mas estamos dispostos a jogar
o jogo democrático. Dar o direito aos saharauis para que se pronunciem sobre o
seu futuro é uma necessidade e se os nossos compatriotas decidirem que o Sahara
Ocidental deve continuar sob autoridade marroquina, estamos dispostos a respeitar
o resultado das urnas", afirmou o responsável saharaui.
Uma das diferenças chave entre a visão saharaui e a marroquina,
é que Rabat só está disposto a realizar um referendo em que a única opção
colocada seja a da autonomia do Sahara Ocidental dentro de Marrocos, mas não a
sua independência, como quer a Frente Polisario.
Na passada quarta-feira, Ross chegou a El Aaiún (Sahara Ocidental
sob controlo marroquino) depois de passar cinco dias em Rabat onde foi recebido
pelo rei Mohamed VI e manteve contatos com representantes das autoridades e membros
da sociedade civil marroquina.
Ontem, após uma breve viagem a Tifariti, em zona saharaui não
controlada por Marrocos, regressou a El Aaiún, onde se reuniu com organizações tanto
independentistas como pro-marroquinas da sociedade civil.
Nesta sua viagem, a quarta desde que, em 2009, foi nomeado Representante
Pessoal de Ban Ki-Moon, Ross quer implicar os atores civis independentes para
poder aproximar posturas entre as partes em conflito.
Esta manhã, antes de viajar para Tindouf, o diplomata norte-americano
reuniu-se com representantes sindicais e com a coordenadora de familiares dos
presos do acampamento de protesto de Gdaim Izik, onde em 2010 se registaram
confrontos entre polícias marroquinos e independentistas saharauis durante o
seu desalojamento pela força, que se saldou com a morte de 13 pessoas (11 dos
quais agentes marroquinos).
Atualmente, 24 saharauis (23 dos quais em prisão preventiva)
aguardam ainda que se realize o julgamento pelo que aconteceu.
Após a visita aos acampamentos de refugiados, Ross fará escala
na Argélia, Mauritânia, França e Espanha, antes de regressar a Washington.
EFE
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