Na intervenção perante a Comissão de Política Especial
e Descolonização das Nações Unidas, o Observatório dos Recursos naturais do Sahara
Ocidental (Western Sahara Resources Watch)
denunciou com veemência as companhias que fazem comércio com os recursos de fosfatos
do Sahara Ocidental e as nada éticas prospeções petrolíferas do fundo marinho nas
águas do território.
Intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas
IV Comissão de Política Especial e Descolonização
New York, outubro 2013
A Questão do Sahara Ocidental e os seus recursos
naturais
Charles Liebling
Western Sahara Resource Watch
Bruxelas
Tenho hoje o privilégio de
comparecer perante esta assembleia. O WSRW está tremendamente agradecido por
esta oportunidade e agradece-lhes o facto de a questão do Sahara Ocidental ser analisada
uma vez mais.
Gostaria de centrar-me no tema
dos recursos naturais. Além da Frente Polisario e do Governo da República Árabe
Democrática, o WSRW investe todos os seus esforços no estudo da problemática relacionada
com a extração dos recursos naturais do Sahara Ocidental ocupado. (…)
Todos nós conhecemos as consequências
da extração dos recursos naturais do Sahara ocupado. Entre elas podemos citar, o
benefício económico direto da potência ocupante e a perpetuação de uma ocupação,
que inclui a instalação permanente de colonos no território.
A extração dos recursos
naturais da parte ocupada do Sahara Ocidental persiste. Existem quatro tipos de
recursos. O primeiro, e o que maior valor tem, é a rocha fosfórica da mina de
Bou Craa. Em segundo lugar, está a pesca do Oceano Atlântico no litoral do
território. Em terceiro, as exportações agrícolas e, por último e em quarto
lugar, existem outras extrações, como a areia, cujo destino é, em particular,
as Ilhas Canárias.
Felizmente, não existe ainda grande
movimentação em relação ao petróleo. Embora, queiramos expressar a nossa
preocupação com as prospeções petrolíferas do fundo marinho nas águas do
território. Elas estão sendo realizadas pela empresa Groupe Total SA que está
presente há vários meses no território e que, desde o início do ano, está
levando a cabo prospeções que a população saharaui pede que sejam paradas.
A extração de fosfatos é a
que atinge maior volume e valor. Este ano e até ao dia de hoje, 44 barcos transportaram
este recurso natural com um valor superior a 300 milhões de dólares.
A rocha fosfórica não é um
recurso renovável. Representaria a base da economia para uma população saharaui
que fosse completamente independente. Sublinhamos uma vez mais que a população saharaui
não aceita a extração nem a exportação deste recurso, do qual não aufere
qualquer benefício. A extração da rocha fosfórica de um território ocupado
militarmente viola a lei internacional, como muito bem sabemos por casos conhecidos
como a Namíbia e Timor-Leste. E, nas circunstâncias atuais, é um crime de
guerra.
O WSRW denuncia as empresas
que comercializam os fosfatos do Sahara Ocidental. Nomeamos algumas delas:
Potash Corporation e Agrium Incorporated, do Canadá, Lifosa, da Lituânia, e
Innophos, com sede nos Estados Unidos.
Cada uma destas empresas sabe que fazer negócios com o fosfato saharaui é
criminoso e não ético. No entanto, persistem em fazê-lo.
O WSRW apela ao trabalho
realizado no caso da Namíbia, onde as Nações Unidas atuaram protegendo os
recursos naturais do território, enquanto a sua população aguardava pela autodeterminação:
1- Recomendamos que a IV
Comissão aborde, concretamente, o tema dos recursos naturais do Sahara Ocidental
nas recomendações que propuser, para que sejam aprovadas este ano, na Assembleia
Geral.
2-Sugerimos que a IV Comissão
recomende à Assembleia Geral que faça referência à questão da legalidade da
extração e exportação dos recursos naturais do Sahara Ocidental para obter uma
Resolução definitiva do Tribunal Internacional de Justiça, fazendo referência ao
artigo 65 do Estatuto do Tribunal.
3-Recomendamos que a IV Comissão
designe um relator das Nações Unidas para os assuntos do Sahara Ocidental, que
trabalhe em equipa com o enviado pessoal do Secretário-Geral, o Excelentíssimo
Embaixador Cristopher Ross, e considere as Nações Unidas a administradora dos
recursos naturais e das receitas que estes produzam, até que o povo saharaui
obtenha a autodeterminação.
Fonte: wsrw.org
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