Almirante Fernando García Sánchez [Chefe de Estado Maior da Defesa] |
I. O ALMIRANTE
FERNANDO GARCÍA SÁNCHEZ E A CÚPULA MILITAR ESPANHOLA REÚNEM-SE EM RABAT COM O
CRIMINOSO HOSNI BENSLIMÁN...
Ontem, 12 de fevereiro, o almirante Fernando García Sánchez [Chefe
de Estado Maior da Defesa] chegou a
Rabat encabeçando uma delegação militar
espanhola.
A notícia, inexistente na imprensa espanhola, foi divulgada
pela sinistra agência de informação do Majzen (MAP), divertindo-se, talvez, com
a humilhação dos visitantes...
No despacho da MAP afirma-se que o almirante Fernando García
Sánchez e a delegação militar espanhola tiveram um encontro com dois
importantes membros do Majzen: o general Bennani e o general Benslimán.
O general Abdelaziz Bennani, chefe do Exército de ocupação do
Sahara Ocidental, acusado de estar implicado na corrupção e exploração ilegal dos
recursos pesqueiros do Sahara Ocidental ocupado e, segundo um dos telegramas
revelados por Wikileaks, de quem os próprios Estados Unidos suspeitam que possa
ter cumplicidades com o tráfico de drogas no Sahara.
Por seu lado, o general Hosni Benslimán tem uma trajetória
especialmente tétrica e é um dos imputados pela Audiência Nacional no “Procedimiento
Abreviado” 362/2007.
Os Generais marroquinos Abdelaziz Bennanni e Hosni Benslimán
I. ... O MESMO DIA
QUE OS PERITOS CERTIFICAM QUE OS SAHARAUIS QUE, SEGUNDO RABAT, VIVIAM EM EL
AAIÚN TINHAM SIDO ASSASSINADOS E ENTERRADOS EM FOSSAS COMUNS.
Ontem foram chamados a depor ante o juiz de Instrução da
Audiência Nacional os peritos que, recentemente, descobriram várias fossas
comuns com os cadáveres de CIVIS de origem saharaui, e de nacionalidade espanhola,
que foram assassinados pelo Exército marroquino por ocasião da invasão do Sahara
Ocidental, em 1976.
Os peritos eram os doutores Francisco Etxeberría (o forense
que identificou os ossos das crianças assassinadas pelo parricida do caso
Bretón) e Carlos Beristain.
Segundo informou a agência EFE e o diário El País os peritos
identificaram claramente que várias das vítimas eram cidadãos espanhóis no momento
de serem cobardemente assassinados.
III. CINISMO, AUSÊNCIA
DE INTELIGÊNCIA ESPANHOLA, FALTA DE OPORTUNIDADE, CUMPLICIDADE?
É difícil encontrar explicação para o facto absolutamente lamentável
de que a cúpula militar espanhola vá visitar um criminoso investigado por assassinar
espanhóis no mesmo dia em que se confirma a nacionalidade das vítimas.
A invasão do Sahara Ocidental, administrado por Espanha, e o
assassinato dos nativos saharauis, que tinham nacionalidade espanhola foi, sem
qualquer tipo de dúvidas, uma ação de inimizade para com a Espanha.
Pode-se argumentar que há algum tipo de
"interesse" em manter uma relação com uma potência inimiga. Mas mesmo
nessa cínica possibilidade há que ter sentido de oportunidade para que a gestão
desse alegado "interesse" não degenere em humilhação ou cumplicidade,
como parece ter sido o aqui caso. Porque se os serviços de inteligência
espanhóis não sabiam, embora a informação tivesse sido anunciada publicamente
dias atrás que ia ser apresentada á Audiência Nacional esta prova pericial, é
algo que constitui uma falha muito séria. E se a informação era conhecida, então
a questão é realmente pior.
Alguém deverá responder por isto.
Autor: Carlos Ruiz Miguel, prof. de Direito Constitucional na Universidade de Santiago de Compostela
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