Sete
policiais franceses dirigiram-se quinta-feira à residência do embaixador de Marrocos
em Paris para entregar uma intimação de um juiz ao Diretor da DGST [a
contra-espionagem e polícia política marroquina].
RABAT
- Marrocos, disse hoje, sábado, ter protestado vigorosamente junto da França e
convocou o seu embaixador, referindo-se a um incidente grave na sequência da
apresentação de uma queixa de uma ONG francesa que reclama a audição do patrão
da contra-espionagem marroquina por acusações de cumplicidade em ações de tortura.
A
Action des Chrétiens pour l’Abolition de la Torture (ACAT) solicitou
quinta-feira às autoridades francesas para aproveitar a presença em França de Abdellatif
Hammouchi para que o mesmo fosse ouvido no quadro das ações interpostas em Paris
relativas a alegados atos de tortura no centro de detenção marroquino de Temara,
que dependia da Diretion Générale Marocaine de la Surveillance du Territoire
(DGST).
Abdellatif
Hammouchi acompanha quinta-feira o ministro marroquino do Interior, Mohamed
Hassad, para um G4 com os seus homólogos francês, espanhol e português.
Em
resposta, o embaixador da França em Rabat, Charles Fries, foi convocado na
sexta-feira à noite para informá-lo do protesto vigoroso do Reino de Marrocos, informou
o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino, em comunicado citado pela
agência marroquina MAP.
Este
incidente grave e sem precedentes (...) é susceptível de prejudicar a confiança
e o respeito mútuo que sempre existiu entre os dois países, acrescentou a subsecretária
dos Negócios Estrangeiros Mbarka Bouaida, referindo-se às observações do diplomata
francês.
Marrocos,
um aliado próximo da França, exige com insistência que explicações detalhadas e
precisas sejam dadas sobre esta iniciativa inaceitável e que as
responsabilidades sejam identificadas, de acordo com o comunicado.
Em
relação às acusações contra o Diretor Geral da DGST, Rabat indica rejeitá-las categoricamente,
dizendo que elas são infundadas.
Questionada
pela AFP, a embaixada da França em Rabat não quis comentar. A Embaixada de
Marrocos em Paris, por sua vez, também expressou a sua surpresa com o absurdo
desse caso, num outro comunicado.
A
violação de regras e práticas diplomáticas universais e o não respeito de convenções
entre os dois países suscitam muitas questões sobre os motivos reais deste caso
e dos seus patrocinadores reais, acrescentou a subsecretária de Estado.
Segundo
ela, sete policiais foram quinta-feira à residência do embaixador de Marrocos
para entregar uma intimação de um juiz para o Director-Geral de Vigilância
Territorial, ignorando o uso à via diplomática.
De
acordo com a embaixada, os casos evocados pela ONG e que motivam o seu pedido
de audiência respeitam a casos em que a DGST, de acordo com as suas atribuições,
não foi, de modo algum, interveniente.
Uma
das queixas, apresentadas com uma ação civil por Adil Lamtalsi, um franco-marroquino
de 33 anos, deu origem a um inquérito judicial em Paris ao final de 2013, de
acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.
Lamtalsi
diz que foi preso em outubro de 2008 perto de Tânger (norte), sendo torturado durante
três dias em Temara, perto de Rabat, antes que ter sido forçado a assinar uma
confissão.
Ele
negou perante o tribunal marroquino os factos alegados contra ele, mas foi
condenado segundo a ACAT em novembro
de 2008 a 10 anos de prisão por posse e tráfico de cannabis. Posteriormente, foi transferido para a
França para cumprir a pena.
Hammouchi
é descrito na denúncia de cumplicidade na tortura. É também o caso de outra
denúncia apresentada quinta-feira na justiça por Ennaama Asfari, um marroquino de
44 anos.
(AFP / 22 février 2014 13h29)
Fonte:
Demainonline – site informativo marroquino independente
Sem comentários:
Enviar um comentário