sábado, 22 de fevereiro de 2014

Segundo a France Presse, sete polícias franceses procuraram o chefe da polícia política marroquina na Embaixada de Marrocos em Paris



Sete policiais franceses dirigiram-se quinta-feira à residência do embaixador de Marrocos em Paris para entregar uma intimação de um juiz ao Diretor da DGST [a contra-espionagem e polícia política marroquina].

RABAT - Marrocos, disse hoje, sábado, ter protestado vigorosamente junto da França e convocou o seu embaixador, referindo-se a um incidente grave na sequência da apresentação de uma queixa de uma ONG francesa que reclama a audição do patrão da contra-espionagem marroquina por acusações de cumplicidade em ações de tortura.

A Action des Chrétiens pour l’Abolition de la Torture (ACAT) solicitou quinta-feira às autoridades francesas para aproveitar a presença em França de Abdellatif Hammouchi para que o mesmo fosse ouvido no quadro das ações interpostas em Paris relativas a alegados atos de tortura no centro de detenção marroquino de Temara, que dependia da Diretion Générale Marocaine de la Surveillance du Territoire (DGST).

Abdellatif Hammouchi acompanha quinta-feira o ministro marroquino do Interior, Mohamed Hassad, para um G4 com os seus homólogos francês, espanhol e português.

Em resposta, o embaixador da França em Rabat, Charles Fries, foi convocado na sexta-feira à noite para informá-lo do protesto vigoroso do Reino de Marrocos, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino, em comunicado citado pela agência marroquina MAP.

Este incidente grave e sem precedentes (...) é susceptível de prejudicar a confiança e o respeito mútuo que sempre existiu entre os dois países, acrescentou a subsecretária dos Negócios Estrangeiros Mbarka Bouaida, referindo-se às observações do diplomata francês.

Marrocos, um aliado próximo da França, exige com insistência que explicações detalhadas e precisas sejam dadas sobre esta iniciativa inaceitável e que as responsabilidades sejam identificadas, de acordo com o comunicado.

Em relação às acusações contra o Diretor Geral da DGST, Rabat indica rejeitá-las categoricamente, dizendo que elas são infundadas.

Questionada pela AFP, a embaixada da França em Rabat não quis comentar. A Embaixada de Marrocos em Paris, por sua vez, também expressou a sua surpresa com o absurdo desse caso, num outro comunicado.

A violação de regras e práticas diplomáticas universais e o não respeito de convenções entre os dois países suscitam muitas questões sobre os motivos reais deste caso e dos seus patrocinadores reais, acrescentou a subsecretária de Estado.

Segundo ela, sete policiais foram quinta-feira à residência do embaixador de Marrocos para entregar uma intimação de um juiz para o Director-Geral de Vigilância Territorial, ignorando o uso à via diplomática.

De acordo com a embaixada, os casos evocados pela ONG e que motivam o seu pedido de audiência respeitam a casos em que a DGST, de acordo com as suas atribuições, não foi, de modo algum, interveniente.

Uma das queixas, apresentadas com uma ação civil por Adil Lamtalsi, um franco-marroquino de 33 anos, deu origem a um inquérito judicial em Paris ao final de 2013, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

Lamtalsi diz que foi preso em outubro de 2008 perto de Tânger (norte), sendo torturado durante três dias em Temara, perto de Rabat, antes que ter sido forçado a assinar uma confissão.

Ele negou perante o tribunal marroquino os factos alegados contra ele, mas foi condenado segundo a ACAT em ​​novembro de 2008 a 10 anos de prisão por posse e tráfico de cannabis. Posteriormente, foi transferido para a França para cumprir a pena.

Hammouchi é descrito na denúncia de cumplicidade na tortura. É também o caso de outra denúncia apresentada quinta-feira na justiça por Ennaama Asfari, um marroquino de 44 anos.

 (AFP / 22 février 2014 13h29)


Fonte: Demainonline – site informativo marroquino independente

Sem comentários:

Enviar um comentário