Após 20 anos de bons e leais serviços, com muitas “caxas”, o
correspondente do diário espanhol “El Pais” na região do Magrebe, Ignacio Cembrero, acaba de ser demitido
das suas funções pela direção do jornal.
O conselho de redação do El Pais está obviamente furioso com
este afastamento, que parece mais uma sanção, especialmente após a queixa apresentada
pelo chefe do governo marroquino Abdelilah Benkirane contra Cembrero por "apologia
do terrorismo" na sequência da difusão no blog do jornalista de um vídeo da
AQMI. Um vídeo que levou também à detenção de Ali Anouzla, diretor do sítio informativo Lakome, e ao bloqueio das
duas páginas do sítio, em árabe e francês.
Após uma reunião com o diretor do jornal, Javier Moreno, o
comité de redação exigiu que a saída do jornalista fosse suspensa até à resolução
da queixa apresentada pelo chefe de governo marroquino. Em vão.
Aparentemente, o Makhzen conseguiu convencer os principais dirigentes
do jornal, especialmente Juan Luis
Cebrian, o presidente da Prisa, empresa mãe do jornal — que passa por ser um amigo pessoal de Felipe Gonzalez, antigo presidente do governo espanhol e que se
tornou ao longo da última década, o mais eficaz lobista de Marrocos em Espanha.
Foi Ignacio Cembrero, em janeiro de 2005, o primeiro
jornalista europeu, e um dos raros membros da imprensa, que conseguiu obter uma
entrevista com o rei Mohamed VI.
Foi ele quem revelou o caso escandaloso do perdão real
concedido pelo Soberano a Daniel Galvan Fina, um pedófilo condenado a três
décadas de prisão por estupro de menores.
Certo é que, em Marrocos, não se gosta daqueles que estendem
o espelho que nos mostra os nossos defeitos.
Autor: Badr Soundouss
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