O Rei MOhamed VI |
Em Marrocos, a classe
política segue minuciosamente os ensinamentos do defunto Rei Hassan II. Um
deles é o da instrumentalização da ameaça terrorista. Em 1994, Hassan II queria
que a Europa abrisse o seu mercado aos produtos agrícolas marroquinos e declara
que tem 5 milhões de agricultores que produzem tomates para a exportação.
Jacques Delors, Presidente da
Comissão Europeia na altura, responde que os agricultores espanhóis se opõem à concorrência
ao mercado da União Europeia.
" Muito bem, replicou o rei.
Se Marrocos não pode exportar os seus tomates em dez anos exportaremos
terroristas ".
Dez anos mais tarde, a 11 de
março de 2004, cidadãos marroquinos fazem rebentar os comboios na estação madrilena
de Atocha matando quase 200 pessoas num atentado terrorista qualificado como o 11
de setembro europeu.
Segundo o ex-ministro marroquino
do Interior, que era o braço direito de rey Hassan II, o ataque contra o Hotela
Asni de Marraquexe tinha como objetivo fazer crer que Marrocos também estava ameaçado
pelo terrorismo islamita. Basri disse que muitos anúncios de desmantelamento de
células eram manipulações para uso internacional.
Addouh Khatri, chefe da
delegação de negociadores saharauis já acusou Marrocos de fomentar e alimentar
o terrorismo e o crime organizado referindo que Marrocos, com as estratégias dos
seus atuais líderes, continua a ser a causa da desestabilização, da insegurança
e da chantagem na região.
Por seu lado, a imprensa
argelina fala dos intentos de Marrocos de se envolver nos assuntos da região do
Sahel para contrariar a liderança da Argélia não só na região como também em África,
através da União Africana, de que Marrocos se autoexcluiu em 1984 após a adesão
da RASD.
Marrocos, um país, expulso da
União Africana devido à sua política expansionista e colonialista, tenta, desde
a intervenção militar francesa no norte do Mali, em janeiro de 2013, para libertar
as cidades malienses de Gao, Tombuctú e Kidal das garras da AQMI e do Mujao, minar
os esforços internacionais para conseguir a paz nesta região. É claro que Marrocos
interfere e pretende prosseguir a sua política para contrariar os esforços da
Argélia e do novo governo de Bamako.
Numerosos diplomatas e peritos
militares são de opinião que as autoridades marroquinas estão, desde há algum tempo,
a sabotar o processo de aproximação entre as facções rebeldes do Mali. O jogo é
claro: fazer fracassar os esforços de pacificação argelinos no norte do Mali.
Hoje m dia, justamente no momento
em que a Europa fecha as suas fronteiras aos produtos marroquinos, os assaltos
dos subsaharianos às cidades espanholas de Ceuta e Melilla multiplicam-se.
Alguns observadores interrogam-se se os dois assuntos não estão relacionados e
prognosticam maior escalada por parte de Marrocos. Sobretudo agora que a ONU
está pressionando para resolver o problema do Sahara Ocidental.
Fonte: Diaspora Saharaui
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