Christopher Ross |
O Enviado Pessoal do Secretário-Geral
da Organização das Nações Unidas para o conflito do Sahara, Christopher Ross, tem
a intenção de apresentar a demissão do seu cargo em virtude do que ele
considera como as condições de Marrocos sobre a natureza da sua mediação e à sua
incapacidade até agora de reatar um novo ciclo de negociações entre Marrocos e a
Frente Polisario.
Durante os dois últimos meses, Rabat recusou
fixar uma data para uma visita de Christopher Ross a Marrocos com vista ao
reatar das negociações sobre a solução final, objeto da sua mediação com a Frente
Polisario, e ao facto da sua missão não ter sido claramente definida.
O ministro marroquino dos Negócios
Estrangeiros, Salaheddine Mezouar, revelou na quinta-feira passada, durante uma
reunião com a Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes que
o ano de 2015 será importante na história do conflito do Sahara, apelando todos
para se prepararem para a confrontação diplomática.
O MNE marroquino revelou igualmente
três condições exigidas por Marrocos à Organização das Nações Unidas para
retomar as negociações. Primeiro, precisar a natureza da missão de Christopher
Ross; depois, a recusa categórica de Marrocos que o dossier do Sahara seja tratado
no quadro do capítulo VII em vez do capítulo VI; e, por fim, a necessidade de
continuar a procurar uma solução recusando sempre qualquer alteração nas
missões das forças da MINURSO (numa referência à ausência no futuro de qualquer
mandato para a vigilância dos direitos humanos no Sahara).
Ao exigir redefinir as funções de
Christopher Ross, o que significa que ele não será autorizado a tomar
iniciativas de natureza a romper o equilíbrio, segundo a diplomacia marroquina,
Marrocos pretende dizer implicitamente que recusa a continuação da missão deste
último enquanto Enviado Pessoal do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas
para o conflito do Sahara.
Já durante o verão de 2012, Marrocos se
tinha oposto a Ross devido ao que considerava uma falta de respeito relativamente
aos procedimentos de mediação, mas este voltou mais tarde com a promessa de
suavizar a sua posição, e porque recebeu o apoio das grandes capitais e das Nações
Unidas, a tal ponto que todas as resoluções subsequentes relevantes do Conselho
de Segurança sublinham o apoio e suporte a Christopher Ross.
James Baker, o primeiro Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental a renunciar em 2004 |
Alifpost soube junto de fontes
europeias próximas da Alta Comissária da UE para os Negócios Estrangeiros que Christopher
Ross tinha informado a União Europeia da sua intenção de abandonar a sua função
após a apresentação do seu relatório de outubro próximo. É provável que ele tenha
também informado as outras capitais quanto à sua futura renúncia, uma vez que a
sua missão se torna impossível com a objeção de Marrocos.
Em 2008, foi a vez do holandês Peter Van Walsum renunciar ao cargo... |
Se a renúncia se vier a confirmar,
será a terceira de um enviado pessoal. O primeiro enviado foi o ex-Secretário
de Estado [norte-americano] James Baker, que renunciou em 2004, após o fracasso
da implementação do projeto "James Baker", que previa uma autonomia
de quatro anos seguidos de um referendo de autodeterminação. Depois foi o seu
sucessor, o holandês Peter Van Walsum, que renunciou em 2008 por causa das
objeções da Polisario e da Argélia. Agora é a vez de Christopher Ross atirar a
toalha ao chão.
Esta provável demissão de Ross coincidiria
com a decisão da ONU de modificar os mecanismos de procura da solução final para
o conflito do Sahara, a partir do próximo ano. Não se sabe se a ONU vai ainda adotar
o mecanismo dos enviados especiais que demonstraram o seu fracasso ou então uma
nova fórmula mais próxima do espírito do capítulo VII, que prevê a imposição de
uma solução.
Fonte : AlifPost - site informativo marroquino
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