domingo, 27 de julho de 2014

O lobby marroquino e os direitos humanos




Na sequência da proposta norte-americana de dotar a MINURSO [Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental] de um mecanismo imparcial e independente de vigilância dos direitos humanos no Sahara Ocidental [Conselho de Segurança da ONU 2013], o povo saharaui ficou deveras surpreendido naquele momento, e acolheu a iniciativa com muita alegria e esperança, porque via pela primeira vez o caminho para o fim das torturas e das detenções arbitrárias que Marrocos leva a cabo desde o início do conflito até hoje.

Face a esta proposta, Marrocos utilizou os seus aliados no Conselho de Segurança com direito a veto e, através da França apoiada por Espanha no “Grupo de Amigos do Sahara”, fez fracassar a possibilidade da ONU poder, finalmente, vigiar os direitos humanos no Sahara Ocidental e, inclusive, chegou mesmo nesse momento a suspender umas manobras militares com o exército dos Estados Unidos da América.

Tal é o nervosismo da monarquia marroquina e o medo de manifestações pacíficas que exigem o referendo sobre a autodeterminação, reconhecido pela própria ONU e o contingente das Nações Unidas que está sobre o terreno desde 1991, que tinha e ainda tem a intenção de permitir a descolonização do território saharaui. Este medo e nervosismo é o calcanhar de Aquiles da estratégia marroquina, sustentada num discurso dirigido para o exterior, que apresenta Marrocos como um país democrático e que fez reformas importantes, como a Constituição de 2011 que, alegadamente, procurava limitar os poderes do rei e dotar os órgãos eleitos da gestão e decisão na vida política. Enquanto, por outro lado, as denúncias de torturas, de julgamentos sem garantias legais e a apresentação de civis ante os tribunais militares é o pão nosso de cada dia. Tudo isso misturado num poder absoluto nas mãos do monarca marroquino que, em vez de facilitar uma transição democrática, se apega à repressão e cede taticamente antes as organizações de direitos humanos para limpar a sua imagem, mas quando estas não estão no terreno e a MINURSO se mostra inoperativa, carrega sobre os manifestantes saharauis que pedem basicamente o direito de beneficiar dos seus recursos naturais, que cesse a pilhagem das riquezas do Sahara Ocidental e se aplique o direito à autodeterminação.

Ver todo o artigo em:

Fonte. Servicio Informativo Cultural S.I.C Poemario por un Sahara Libre
Autor. Ali Salem Uld Iselmu


Sem comentários:

Enviar um comentário