Na
sequência da proposta norte-americana de dotar a MINURSO [Missão das Nações
Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental] de um mecanismo imparcial e
independente de vigilância dos direitos humanos no Sahara Ocidental [Conselho
de Segurança da ONU 2013], o povo saharaui ficou deveras surpreendido naquele
momento, e acolheu a iniciativa com muita alegria e esperança, porque via pela primeira
vez o caminho para o fim das torturas e das detenções arbitrárias que Marrocos leva
a cabo desde o início do conflito até hoje.
Face
a esta proposta, Marrocos utilizou os seus aliados no Conselho de Segurança com
direito a veto e, através da França apoiada por Espanha no “Grupo de Amigos do
Sahara”, fez fracassar a possibilidade da ONU poder, finalmente, vigiar os direitos
humanos no Sahara Ocidental e, inclusive, chegou mesmo nesse momento a
suspender umas manobras militares com o exército dos Estados Unidos da América.
Tal é
o nervosismo da monarquia marroquina e o medo de manifestações pacíficas que exigem
o referendo sobre a autodeterminação, reconhecido pela própria ONU e o
contingente das Nações Unidas que está sobre o terreno desde 1991, que tinha e
ainda tem a intenção de permitir a descolonização do território saharaui. Este
medo e nervosismo é o calcanhar de Aquiles da estratégia marroquina, sustentada
num discurso dirigido para o exterior, que apresenta Marrocos como um país
democrático e que fez reformas importantes, como a Constituição de 2011 que, alegadamente,
procurava limitar os poderes do rei e dotar os órgãos eleitos da gestão e
decisão na vida política. Enquanto, por outro lado, as denúncias de torturas,
de julgamentos sem garantias legais e a apresentação de civis ante os tribunais
militares é o pão nosso de cada dia. Tudo isso misturado num poder absoluto nas
mãos do monarca marroquino que, em vez de facilitar uma transição democrática,
se apega à repressão e cede taticamente antes as organizações de direitos
humanos para limpar a sua imagem, mas quando estas não estão no terreno e a MINURSO
se mostra inoperativa, carrega sobre os manifestantes saharauis que pedem basicamente
o direito de beneficiar dos seus recursos naturais, que cesse a pilhagem das
riquezas do Sahara Ocidental e se aplique o direito à autodeterminação.
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Fonte.
Servicio Informativo Cultural S.I.C Poemario por un Sahara Libre
Autor.
Ali Salem Uld Iselmu
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