sábado, 16 de agosto de 2014

As causas do bloqueio entre Marrocos e a ONU, segundo um diário marroquino

Ban Ki-moon e o embaixador marroquino Omar Hilal

Bloqueio entre Marrocos e a ONU na questão do Sahara?

O embaixador de Marrocos junto das Nações Unidas revelou alguns detalhes que originaram a estagnação das negociações sobre a questão do Sahara Ocidental. Para Omar Hilal, a Secretaria-geral das Nações Unidas assume uma responsabilidade neste atoleiro. Explicações.

As relações entre Marrocos e as Nações Unidas parecem não ter saído ainda da zona de turbulência. As declarações do Embaixador Omar Hilal à MAP [Agência noticiosa marroquina] atestam um contexto de tensão que prevalece desde a famosa conversação telefónica entre o Rei Mohamed VI e Ban Ki-moon, há quatro meses atrás.

O diplomata marroquino acusou abertamente certas partes que trabalham nas Nações Unidas de estar por detrás da propagação de rumores que falam da demissão de Christopher Ross, Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental. "Lamentamos que alguns serviços da ONU se deixem instrumentalizar para este efeito! ", lamentou.

Dois meses em que Marrocos espera uma resposta por parte de Ross sobre um questionário

Hilal desmentiu que o reino tenha proibido uma visita do mediador norte-americano, sublinhando que "Marrocos não tem o costume de impedir que os funcionários da ONU venham". No entanto, referiu que "as visitas não são um fim em si mesmas, mas uma oportunidade para fazer avançar o processo de negociação, daí a importância de as preparar minuciosamente".

É exatamente aí onde se situa o desacordo entre as autoridades marroquinas e Ross. E, de facto, fizeram-no saber ao seu interlocutor. Hilal revelou que a 18 de junho, uma delegação liderada por Nasser Bourita, o secretário-geral do Departamento de Assuntos Exteriores, viajou a Nova Iorque para se reunir com Christopher Ross para "imprimir clareza quanto à sua missão, transparência nos seus encontros e na elaboração dos relatórios e, sobretudo, uma maior previsibilidade quanto ao futuro ", afirmou o embaixador.

Um questionário que traduz as expectativas do reino foi entregue ao mediador norte-americano. "Uma resposta sua foi-nos prometida dentro de uma semana. Aguardamo-la desde há quase dois meses ", revelou Hilal.
 
Kim Bolduc, a nova chefe da MINURSO


Rabat não foi consultada na nomeação da nova chefe da MINURSO

A nomeação do novo chefe da MINURSO, a canadiana Kim Bolduc, é outro ponto de discórdia entre o reino e a ONU. Hilal fez saber que Marrocos "não foi consultado nem antes, nem durante, nem depois, como foi o caso com os seus antecessores."

Para o diplomata, está claro que "esta atitude do Secretariado surge justamente depois das inaceitáveis derrapagens do último relatório (sobre o Sahara) do Secretário-Geral da ONU". Um documento em que Ban Ki-moon disse que 2015 será um ano decisivo para a questão. No caso de fracasso do seu enviado pessoal na missão, prometeu una revisão de todo o processo de paz iniciado em 2007. Um ultimato que Marrocos rejeitou formalmente.


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