Ban Ki-moon e o embaixador marroquino Omar Hilal |
Bloqueio
entre Marrocos e a ONU na questão do Sahara?
O embaixador
de Marrocos junto das Nações Unidas revelou alguns detalhes que originaram a
estagnação das negociações sobre a questão do Sahara Ocidental. Para Omar
Hilal, a Secretaria-geral das Nações Unidas assume uma responsabilidade neste
atoleiro. Explicações.
As relações
entre Marrocos e as Nações Unidas parecem não ter saído ainda da zona de turbulência.
As declarações do Embaixador Omar Hilal à MAP [Agência noticiosa marroquina]
atestam um contexto de tensão que prevalece desde a famosa conversação telefónica
entre o Rei Mohamed VI e Ban Ki-moon, há quatro meses atrás.
O diplomata marroquino
acusou abertamente certas partes que trabalham nas Nações Unidas de estar por detrás
da propagação de rumores que falam da demissão de Christopher Ross, Enviado Pessoal
do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental. "Lamentamos que alguns
serviços da ONU se deixem instrumentalizar para este efeito! ", lamentou.
Dois meses em que Marrocos espera uma
resposta por parte de Ross sobre um questionário
Hilal desmentiu
que o reino tenha proibido uma visita do mediador norte-americano, sublinhando que
"Marrocos não tem o costume de impedir que os funcionários da ONU venham".
No entanto, referiu que "as visitas não são um fim em si mesmas, mas uma oportunidade
para fazer avançar o processo de negociação, daí a importância de as preparar
minuciosamente".
É exatamente
aí onde se situa o desacordo entre as autoridades marroquinas e Ross. E, de facto,
fizeram-no saber ao seu interlocutor. Hilal revelou que a 18 de junho, uma
delegação liderada por Nasser Bourita, o secretário-geral do Departamento de Assuntos
Exteriores, viajou a Nova Iorque para se reunir com Christopher Ross para
"imprimir clareza quanto à sua missão, transparência nos seus encontros e
na elaboração dos relatórios e, sobretudo, uma maior previsibilidade quanto ao futuro
", afirmou o embaixador.
Um questionário
que traduz as expectativas do reino foi entregue ao mediador norte-americano.
"Uma resposta sua foi-nos prometida dentro de uma semana. Aguardamo-la desde
há quase dois meses ", revelou Hilal.
Rabat não foi consultada na nomeação
da nova chefe da MINURSO
A nomeação do
novo chefe da MINURSO, a canadiana Kim Bolduc, é outro ponto de discórdia entre
o reino e a ONU. Hilal fez saber que Marrocos "não foi consultado nem
antes, nem durante, nem depois, como foi o caso com os seus antecessores."
Para o diplomata,
está claro que "esta atitude do Secretariado surge justamente depois das
inaceitáveis derrapagens do último relatório (sobre o Sahara) do Secretário-Geral
da ONU". Um documento em que Ban Ki-moon disse que 2015 será um ano
decisivo para a questão. No caso de fracasso do seu enviado pessoal na missão,
prometeu una revisão de todo o processo de paz iniciado em 2007. Um ultimato que
Marrocos rejeitou formalmente.
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