O ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros trata França como “potência colonialista que pensa que ainda exerce o direito de tutoria” sobre os outros. |
Há que dizer que,
desde a invasão do Sahara Ocidental, Marrocos vive em constante conflito com os
seus vizinhos. Inclusive com a Mauritânia, seu antigo sócio na partilha do bolo
saharaui. Com a Argélia, as relações são tensas por causa do apoio deste país
ao direito do povo saharaui à autodeterminação. Mas com a Mauritânia, o país com
que Marrocos compartilhou o bolo saharaui em 1975, as relações estão também longe
de serem saudáveis. Um facto que deixa no ar muitas interrogações. O que é certo
é que atravessam uma era de turbulências que não conseguem dissimular, já que a
embaixada mauritana em Marrocos leva 3 anos sem embaixador. [Recorde-se que, durante
anos, os líderes marroquinos defendiam a tese do Grande Marrocos, que passava
pela anexação do território da Mauritânia. Depois da proclamação da independência
deste país a 28 de novembro de 1960, Marrocos tardou em proclamar até 1969 o
seu reconhecimento]
Segundo a agência
mauritana de notícias, Al Ajbar, a Mauritânia comunicou a um país amigo que
Marrocos esteve envolvido na tentativa de assassinato do presidente mauritano,
Mohamed Ould Abdelaziz. O certo é que este último, quando estava hospitalizado em
França na sequência de um ferimento por bala, a imprensa mauritana anunciou que
o líder mauritano terá recusado receber um emissário do rei Mohamed VI que lhe
trazia um presente.
Também as relações com
o vizinho do Norte – Espanha -, nunca foram normais. Os estados de ânimo dos governantes
marroquinos podem ser avaliados na fronteira com Ceuta e Melilla e nas vagas de
imigrantes que chagam a Espanha. Espanha é o país mais frágil dos membros do mal
chamado Grupo de Amigos do Sahara Ocidental (EUA, França, Reino Unido, Rússia e
Espanha). A sua opinião na questão do Sahara tem, porém, o seu peso, já que a
ONU a considera como a potência administrante do território não autónomo. E
Espanha deixou claro nos Acordos de Madrid que a descolonização do Sahara só estaria
culminada no dia em que os seus habitantes se tivessem pronunciado sobre o seu
destino através de um referendo libre e transparente. Esta posição incomoda
claramente Marrocos.
Mas o que ninguém esperava
é que Marrocos tivesse problemas com a França. Ontem mesmo, o ministro marroquino
dos Negócios Estrangeiros tratava França de “potência colonialista que pensa
que ainda exerce o direito de tutoria” sobre os outros. Algo grave se está passando
para que os marroquinos ataquem desta maneira o seu principal aliado na questão
do Sahara: a França.
Este mês reúne o Conselho
de Segurança para avaliar o resultado das iniciativas do Enviado da ONU para o Sahara
Ocidental, Christopher Ross. Marrocos nega-se a recebê-lo. Parece que Marrocos procura
que a MINURSO não se venha a encarregar da vigilância dos direitos humanos na
antiga colónia espanhola do Magrebe.
Fonte: Noticias del
Sáhara
Sem comentários:
Enviar um comentário