É
uma guerra própria do século XXI. O hacker "Chris Coleman", que divulga
documento a documento todos os segredos diplomáticos do Estado marroquino nos
últimos anos enfrenta, há alguns dias, uma guerra sem quartel dos serviços
secretos marroquinos.
Na
realidade, estes estão desesperados. Não sabem como parar o lento e paciente fluxo
de emails e de documentos confidenciais que põem a nu a diplomacia e o trabalho
dos serviços secretos marroquinos.
Há
algumas horas, o hacker deixou uma mensagem no Twitter que resume a terrível
ofensiva lançada contra ele pelo Makhzen:
"É verdade que, nos últimos dias, o
Makhzen multiplicou as suas ameaças para me desencorajar. Mobilizou importantes
recursos, nomeadamente financeiros, para evitar a disseminação das informações;
além disso, conseguiu, através do dinheiro, obter a suspensão das minhas contas
DropVox, Mediafire e 4shared. O desembrulhar da informação vai continuar, mesmo
com o risco da minha vida."
No
entanto, de momento, é ele quem está a ganhar. Os nomes de dezenas de colaboradores
dos serviços secretos marroquinos, jornalistas franceses (alguns são bem conhecidos
de nós...), americanos e italianos, académicos e diplomatas estrangeiros, a
maioria pagos com dinheiro na mão, foram descobertos. E, aparentemente, isso é
apenas o começo.
Há
três semanas, uma webpage espanhola, considerada próxima dos serviços secretos
espanhóis, propôs a "Chris Coleman" hospedá-lo no seu site. Alguns
seguidores do hacker acham que era uma armadilha preparada pelo CNI (Centro
Nacional de Informações, o serviço espanhol de contra-espionagem), por conta
dos seus homólogos marroquinos. O site queria entrar em contato com ele
diretamente e, provavelmente, tentar identificar o seu IP, que é certamente falso,
para tentar rastreá-lo.
Coleman
nem sequer se incomodou em responder.
De
qualquer forma, algumas coisas são seguras. Este intruso que põe a cabeça à
roda de muita gente não está em Marrocos. Certamente não está sozinho. Ele
preparou o seu golpe há longo tempo e, por último, os documentos não são
falsos. Eles não foram manipulados, como querem fazer crer alguns colaboradores
dos serviços secretos. Porque, se tivessem sido realmente, Marrocos teria saído
à luz do dia denunciar essa falsificação grosseira.
Por
exemplo, alguns artigos de jornais ou reportagens de televisão de jornalistas
franceses, encomendados e pagos pela DGED (Direcção-Geral de Estudos e
Documentação) foram, na verdade, publicados ou transmitidos à época, de acordo
com os termos acordados com os marroquinos.
É
provável que, se o assédio dos marroquinos — até agora sem grande sucesso, à
excepção de um ou outro bloqueio —, continuar, "Chris Coleman" acabe
por confiar a sua "presa" ao Wikileaks, ou lançá-la de uma só vez para
um site seguro, mas aberto ao público. Vários especialistas informáticos já lhe
ofereceram ajuda.
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