O navio "Harrier
Explorer" recolhe atualmente imagens 2D dos fundos marinhos ao largo
de El Aaiun-Tarfaya no Sahara Ocidental ocupado.
O proprietário do Harrier Explorer, a sociedade
norueguesa SeaBird Exploration Plc, foi
contratado para a operação em novembro, e recebeu cerca de 2 milhões de US
dólares para estudar um mínimo de 2000 km na região. A operação vai demorar
cerca de 20 dias e começou há cerca de 10 dias.
A história é manchete hoje de um dos maiores jornais
da Noruega, o “Dagbladet”.
O antigo conselheiro jurídico da ONU, Hans Corell, é altamente crítico da
operação. Ele declarou ao “Dagbladet” que os estudos sísmicos no Sahara
Ocidental constituem uma violação do direito internacional, conforme o estipulado
no parecer
jurídico que ele próprio escreveu para o Conselho de Segurança das Nações
Unidas em 2002. Ele disse ao jornal que o "Conselho de Segurança da ONU
deve agir de forma mais decisiva sobre a questão. "
"As ações do Seabird são completamente
contrárias ao direito internacional", disse o presidente do Western Sahara
Resources Watch (WSRW), Erik Hagen, no artigo, "a empresa desempenha um
papel crucial ao facilitar a exploração ilegal de petróleo nas zonas do Sahara
Ocidental que Marrocos ocupa de forma tão brutal".
Marrocos invadiu o Sahara Ocidental em 1975 e
continua a ocupar três quartos do território. As Nações Unidas consideram o Sahara
Ocidental como uma colónia, e qualificaram de ilegais as atividades económicas no
território se não respeitarem os desejos e interesses do povo do Sahara
Ocidental, os saharauis.
O CEO da SeaBird, Dag Reynolds, não quis prestar
qualquer comentário ao “Dagbladet”.
O governo norueguês incentiva as empresas
norueguesas a ficar à margem do Sahara Ocidental, já que a Noruega não reconhece
a anexação de partes do território por Marrocos, como afirmou, por exemplo, o secretário
de Estado norueguês dos Negócios Estrangeiros no início deste ano.
O mapa acima mostra a posição do Harrier
Explorer nas primeiras horas do dia 30 de novembro de 2014.
De acordo com a IHS, as áreas estudadas são
os chamados blocos "Foum Ognit I-IV", detidos pela New Age em 56,25%,
Glencore em 18,75% e a agência nacional de petróleo marroquino ONHYM com 25%. O
mapa abaixo mostra a localização dos blocos em análise (zona azul). No entanto,
a localização real do navio indica que está agora a poucos quilómetros ao norte
do bloco Glencore. O WSRW considera provável que o navio esteja realmente a operar
para a Glencore no Foum Ognit.
Em outubro deste ano, o WSRW revelou que a Glencore detinha 18,75%
dos blocos Foum Ognit.
A SeaBird, sedeada na Noruega, é um
fornecedor mundial de dados de sísmicos 2D
/ 3D e 4D, e de produtos e serviços relacionados com a indústria de petróleo e
gás. A SeaBird está cotada na Bolsa de Valores de Oslo.
Esta é a quarta participação sísmica norueguesa
no Sahara Ocidental. Todas as três empresas anteriores envolvidas abandonaram
tais projetos devido às controvérsias associadas:
— "TGS-NOPEC compreende a complexidade
das questões políticas da região e respeita as opiniões expressas pelas
autoridades norueguesas. Como resultado, a empresa decidiu não realizar novos
projetos no Sahara Ocidental, sem que haja uma mudança nos acontecimentos
políticos. Além disso, a
empresa está empenhada em melhorar os seus procedimentos de avaliação de risco
em projetos potenciais nas áreas disputadas do mundo e, em caso de dúvida, atenderá
ativamente à opinião das autoridades norueguesas. TGS-NOPEC tem mantido um diálogo construtivo
com um certo número dos seus maiores acionistas institucionais noruegueses,
incluindo o Folketrygdfondet e o Storebrand ao longo deste processo.
"Comunicado de imprensa TGS Nopec, 2003/03/18.
"— Fugro-Geoteam decidiu abster-se de
qualquer outra intervenção no Sahara Ocidental enquanto a situação política não
estiver resolvida" (carta de 2014/04/23), uma vez que, de acordo com a companhia, nenhuma consulta
teve ainda lugar ao povo do território.
"Nós não vamos aceitar novas tarefas no
Sahara Ocidental. Não tenho nenhum problema, vendo agora em retrospetiva, que
pode ter sido uma má ideia ter aceitado essa missão." ASA Spectrum 2011.
— Finalmente, a PGS, uma empresa de pesquisa
sísmica de onde são originários os fundadores da Seabird, disse que tem evitado a participar em concursos no
Sahara Ocidental devido ao conflito existente.
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