segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Novo estudo sísmico norueguês ao largo do Sahara ocupado




O navio "Harrier Explorer" recolhe atualmente imagens 2D dos fundos marinhos ao largo de El Aaiun-Tarfaya no Sahara Ocidental ocupado.

O proprietário do Harrier Explorer, a sociedade norueguesa SeaBird Exploration Plc, foi contratado para a operação em novembro, e recebeu cerca de 2 milhões de US dólares para estudar um mínimo de 2000 km na região. A operação vai demorar cerca de 20 dias e começou há cerca de 10 dias.

A história é manchete hoje de um dos maiores jornais da Noruega, o “Dagbladet”. O antigo conselheiro jurídico da ONU, Hans Corell, é altamente crítico da operação. Ele declarou ao “Dagbladet” que os estudos sísmicos no Sahara Ocidental constituem uma violação do direito internacional, conforme o estipulado no parecer jurídico que ele próprio escreveu para o Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2002. Ele disse ao jornal que o "Conselho de Segurança da ONU deve agir de forma mais decisiva sobre a questão. "



"As ações do Seabird são completamente contrárias ao direito internacional", disse o presidente do Western Sahara Resources Watch (WSRW), Erik Hagen, no artigo, "a empresa desempenha um papel crucial ao facilitar a exploração ilegal de petróleo nas zonas do Sahara Ocidental que Marrocos ocupa de forma tão brutal".

Marrocos invadiu o Sahara Ocidental em 1975 e continua a ocupar três quartos do território. As Nações Unidas consideram o Sahara Ocidental como uma colónia, e qualificaram de ilegais as atividades económicas no território se não respeitarem os desejos e interesses do povo do Sahara Ocidental, os saharauis.

O CEO da SeaBird, Dag Reynolds, não quis prestar qualquer comentário ao “Dagbladet”.

O governo norueguês incentiva as empresas norueguesas a ficar à margem do Sahara Ocidental, já que a Noruega não reconhece a anexação de partes do território por Marrocos, como afirmou, por exemplo, o secretário de Estado norueguês dos Negócios Estrangeiros no início deste ano.

O mapa acima mostra a posição do Harrier Explorer nas primeiras horas do dia 30 de novembro de 2014.

De acordo com a IHS, as áreas estudadas são os chamados blocos "Foum Ognit I-IV", detidos pela New Age em 56,25%, Glencore em 18,75% e a agência nacional de petróleo marroquino ONHYM com 25%. O mapa abaixo mostra a localização dos blocos em análise (zona azul). No entanto, a localização real do navio indica que está agora a poucos quilómetros ao norte do bloco Glencore. O WSRW considera provável que o navio esteja realmente a operar para a Glencore no Foum Ognit.




A SeaBird, sedeada na Noruega, é um fornecedor mundial de dados de sísmicos  2D / 3D e 4D, e de produtos e serviços relacionados com a indústria de petróleo e gás. A SeaBird está cotada na Bolsa de Valores de Oslo.

Esta é a quarta participação sísmica norueguesa no Sahara Ocidental. Todas as três empresas anteriores envolvidas abandonaram tais projetos devido às controvérsias associadas:

— "TGS-NOPEC compreende a complexidade das questões políticas da região e respeita as opiniões expressas pelas autoridades norueguesas. Como resultado, a empresa decidiu não realizar novos projetos no Sahara Ocidental, sem que haja uma mudança nos acontecimentos políticos. Além disso, a empresa está empenhada em melhorar os seus procedimentos de avaliação de risco em projetos potenciais nas áreas disputadas do mundo e, em caso de dúvida, atenderá ativamente à opinião das autoridades norueguesas. TGS-NOPEC tem mantido um diálogo construtivo com um certo número dos seus maiores acionistas institucionais noruegueses, incluindo o Folketrygdfondet e o Storebrand ao longo deste processo. "Comunicado de imprensa TGS Nopec, 2003/03/18.

"— Fugro-Geoteam decidiu abster-se de qualquer outra intervenção no Sahara Ocidental enquanto a situação política não estiver resolvida" (carta de 2014/04/23), uma vez que, de acordo com a companhia, nenhuma consulta teve ainda lugar ao povo do território.
"Nós não vamos aceitar novas tarefas no Sahara Ocidental. Não tenho nenhum problema, vendo agora em retrospetiva, que pode ter sido uma má ideia ter aceitado essa missão." ASA Spectrum 2011.


Finalmente, a PGS, uma empresa de pesquisa sísmica de onde são originários os fundadores da Seabird, disse que tem evitado a participar em concursos no Sahara Ocidental devido ao conflito existente.

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