Após o artigo da revista Foreign Policy é a vez do diário britânico The
Guardian voltar a abordar uma questão muito sensível e que incomoda ao mais
alto grau a diplomacia marroquina. Tratam-se das relações mantidas entre Omar Hilale,
ex-embaixador de Marrocos junto das Nações Unidas em Genebra e que e ocupa agora
o mesmo cargo em Nova Iorque, e alguns altos funcionários do Alto Comissariado
para os Direitos Humanos da ONU.
Numa longa reportagem, o diário londrino garante que o embaixador teve
acesso a correspondência confidencial do ACDH da ONU sobre o Sahara Ocidental.
O artigo não revela o nome ou nomes do suspeito ou suspeitos que alegadamente passaram
os documentos ao diplomata marroquino, mas concentra a sua argumentação nos
documentos revelados pelo estranho hacker "Chris Coleman" para apoiar
as suas informações.
Este misterioso hacker, que alguns acreditam tratar-se de uma cobertura
dos serviços secretos franceses, divulgou na Internet - através de várias
contas do Twitter que muitas vezes eram suspensas -, milhares de documentos e
e-mails confidenciais da diplomacia e dos serviços secretos marroquinos.
De acordo com o The Guardian, Marrocos comprou a simpatia dos
responsáveis do ACDH da ONU, fazendo uma doação de mais de 7 milhões de dólares
àquele organismo das Nações Unidas. "Em comparação, a vizinha Argélia doou
1,5 milhões dólares durante o mesmo período", diz o diário.
O The Guardian refere também um relatório do Departamento de Operações de
Manutenção da Paz (DPKO, na sua sigla em Inglês), que afirma que "a
análise desses documentos mostra que a confidencialidade das comunicações das
Nações Unidas tem sido seriamente comprometida repetidamente por Marrocos, que intercetou
a correspondência interna da ONU em Genebra, Nova York e El Layoune". A DPKO
garante que numa mensagem datada de 22 de agosto de 2014, o embaixador Hilale
refere explicitamente os "documentos do secretariado que foram intercetados."
Através da voz do porta-voz do governo marroquino, este tem insistido que
não cabe a Marrocos fazer "comentários ou dar qualquer credibilidade aos
documentos divulgados, falsificados e grosseiramente explorados maliciosamente por
um indivíduo ou um grupo de indivíduos que se escondem por detrás de contas de
media sociais com falsas identidades embora afirmando claramente que a sua
intenção é a de desestabilizar o nosso país e prejudicar os nossos interesses
nacionais. "
No entanto, de acordo com o The Guardian, o DPKO indica que numa reunião
em outubro de 2014, com Jeffrey Feltman, subsecretário de Estado dos EUA para
Assuntos do Próximo Oriente, Omar Hilale não negou a veracidade da substância
de todos os documentos publicados. E o DPKO acrescenta: "É importante referir
que todos os acontecimentos discutidos nessa correspondência tiveram
lugar."
Artigo do jornal online marroquino independente «Demain»
Todos os documentos revelados por Chris Coleman em:
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