quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Libertado o preso político saharaui Brahim Daoudi



Na passada segunda-feira, 28 de setembro, foi posto em liberdade Brahim Daoudi, depois de dois anos de prisão, tortura e maus-tratos às mãos das autoridades marroquinas.

Brahim foi sequestrado a 28 de setembro de 2013, em Guelmim (sul de Marrocos (*), vítima de tortura extrema e condenado a dois anos de prisão no cárcere de Agadir. A 07 de julho 2014 foi brutalmente espancado pelos guardas da prisão de Agadir, após ter exigido falar por teléfone com a família, direito de todos os presos, mas que é negado arbitrariamente pelos guardas.

A 25 de julho de 2014, Brahim foi transferido para o hospital sem que a sua família nem o seu advogado fossem informados. Esteve hospitalizado durante vários dias nunca tendo a sua família sido informada sobre o tipo de medicamentos que lhe foram administrados nem qual o seu diagnóstico. A 14 de outubro de 2014, a sua mãe e o seu irmão conseguiram finalmente visitar Brahim, momento em que este os informa de que sofre de tuberculose e que tinha estado em coma durante mais de três horas a 13 de outubro. O medicamento que lhe foi prescrito era unicamente para a asma, tendo ele regressado a uma cela com 72 reclusos sem lugar sequer onde poder dormir.


A 22 de abril de 2015 Brahim foi transferido para uma cela de isolamento após ter requerido uma consulta médica. A 4 de maio foi torturado brutalmente no seu isolamento por um guarda e iniciou então uma greve de fome.

A 15 de maio, Brahim foi transferido da prisão de Inzegan para a prisão de Taroudant, onde é colocado de novo numa cela de isolamento e onde prossegue uma greve de fome. Terminou a sua greve de fome a 25 de maio após ter sido transferido para uma cela de presos de delito comum. Nunca foi visitado pelo médico da prisão, encontrando-se numa grave situação de saúde.

Brahim é filho de Mbarek Daoudi (preso político) e irmão de Mohamed (preso político), Omar e Taha (libertado) e Hassan, a sua mãe Raabia tem uma ordem de detenção.

O calvário desta família começou no dia em que Mbarek Daoudi denunciou a localização de fossas comuns de saharauis assassinados pelas autoridades marroquinas.

Levantamento das fossas comuns por peritos bascos...


Fonte e fotos: porunsaharalibre.org


(*) – Nota: A região mais a sul de Marrocos, Tarfaya, é povoada ainda por muitas famílias saharauis. Ela pertenceu a Espanha até 1957, altura em que Franco cedeu o território a Marrocos. Daí que o nacionalismo saharaui esteja fortemente arreigado entre essas populações, tendo ali nascido alguns dos dirigentes da Frente POLISARIO. 

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