Fontes
do IKEA Marrocos asseguram que a anulação foi decidida pelos trabalhadores para
terminar alguns aspetos necessários da loja. Uma página web próxima do governo
marroquino afirma que esta decisão foi tomada em “represália” devido ao projeto
do governo social-democrata sueco. Não esclarecem se o bloqueio é apenas
temporário.
As
autoridades marroquinas bloquearam a abertura da primeira loja IKEA no reino
alauita, que estava prevista abrir esta terça-feira, numa provável represália pelo
projeto do governo sueco de reconhecer a República Árabe Saharaui Democrática
(RASD) declarada pela Frente Polisario no Sahara Ocidental.
Fontes
do IKEA Marrocos asseguram, por seu lado, que a anulação foi decidida pela
própria empresa para terminar alguns aspetos da loja necessários para cumprir
todos os requisitos que a direção do IKEA na Suécia exige para aprovar o novo
espaço comercial.
A
mega loja de 26.000 metros quadrados e cujo investimento ascende a 40 milhões de
euros, situa-se no maior centro comercial do país próximo da cidade de
Mohamedia. O complexo comercial, que constituiria a primeira loja da firma
sueca no Magreb, foi construído por uma joint venture que inclui a empresa com sede
no Dubai, o Al-Futtaim Group, o supermercado marroquino Marjane Holding e a
portuguesa Sonae Sierra.
O reconhecimento saharaui eclipsa a abertura
do IKEA
Na
mesma hora em que a loja era apresentada à imprensa, com a notória ausência dos
meios oficiais marroquinos (a agência MAP e a televisão oficial), o primeiro-
ministro Abdelilah Benkirán convocava os principais partidos políticos com
assento parlamentar com um único assunto na ordem do dia. Essa assunto não era
outro que o projeto do governo social-democrata sueco de reconhecer a República
Árabe Saharaui Democrática, o Estado proclamado pela Frente Polisario e que conta
com o reconhecimento de vários países de África e da América, mas nenhum na Europa.
Segundo
afirmou à agência EFE o secretário-geral do Partido do Progresso e do Socialismo
(PPS), Nabil Benabdallah, os nove principais partidos parlamentares, quatro da
coligação governamental e cinco da oposição, mostraram-se de acordo que
“defenderão a soberania (sobre o Sahara) por todos os meios possíveis, incluindo
os meios económicos”.
Segundo
Benabdallah, existe um n projeto de lei do governo sueco para reconhecer proximamente
a RASD, e os partidos decidiram enviar uma missão urgente, possivelmente nesta
mesma semana, a Estocolmo para contrariar o projecto de lei e defender a posição
marroquina.
O
líder do PPS assegurou que a reunião não esteve centrada no projeto do IKEA, mas
tampouco descartou que o IKEA, “como os demais interesses suecos no país”, possam
vir a ser afetados.
Contactada
pela EFE, a direção do IKEA afirmou não haver “nenhuma notificação oficial” por
parte das autoridades que implique o termo ou o congelamento das suas atividades,
tendo Elisa Albendea, diretora de Marketing do IKEA Marrocos afirmado: “continuamos
a trabalhar com normalidade”.
Albendea
recordou que o IKEA Marrocos é uma franchisada da marca sueca, mas que, na
realidade, o investimento foi feito pela empresa do Kuweit Al Homaizi, que já explora
lojas semelhantes da marca sueca na Jordânia e no Kuwait.
Fonte: Público / EFE
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