quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Suécia quer reconhecer a República Saharaui e Marrocos decide vetar o IKEA




Fontes do IKEA Marrocos asseguram que a anulação foi decidida pelos trabalhadores para terminar alguns aspetos necessários da loja. Uma página web próxima do governo marroquino afirma que esta decisão foi tomada em “represália” devido ao projeto do governo social-democrata sueco. Não esclarecem se o bloqueio é apenas temporário.

As autoridades marroquinas bloquearam a abertura da primeira loja IKEA no reino alauita, que estava prevista abrir esta terça-feira, numa provável represália pelo projeto do governo sueco de reconhecer a República Árabe Saharaui Democrática (RASD) declarada pela Frente Polisario no Sahara Ocidental.

Fontes do IKEA Marrocos asseguram, por seu lado, que a anulação foi decidida pela própria empresa para terminar alguns aspetos da loja necessários para cumprir todos os requisitos que a direção do IKEA na Suécia exige para aprovar o novo espaço comercial.

A mega loja de 26.000 metros quadrados e cujo investimento ascende a 40 milhões de euros, situa-se no maior centro comercial do país próximo da cidade de Mohamedia. O complexo comercial, que constituiria a primeira loja da firma sueca no Magreb, foi construído por uma joint venture que inclui a empresa com sede no Dubai, o Al-Futtaim Group, o supermercado marroquino Marjane Holding e a portuguesa Sonae Sierra.

O reconhecimento saharaui eclipsa a abertura do IKEA

Na mesma hora em que a loja era apresentada à imprensa, com a notória ausência dos meios oficiais marroquinos (a agência MAP e a televisão oficial), o primeiro- ministro Abdelilah Benkirán convocava os principais partidos políticos com assento parlamentar com um único assunto na ordem do dia. Essa assunto não era outro que o projeto do governo social-democrata sueco de reconhecer a República Árabe Saharaui Democrática, o Estado proclamado pela Frente Polisario e que conta com o reconhecimento de vários países de África e da América, mas nenhum na Europa.

Segundo afirmou à agência EFE o secretário-geral do Partido do Progresso e do Socialismo (PPS), Nabil Benabdallah, os nove principais partidos parlamentares, quatro da coligação governamental e cinco da oposição, mostraram-se de acordo que “defenderão a soberania (sobre o Sahara) por todos os meios possíveis, incluindo os meios económicos”.

Segundo Benabdallah, existe um n projeto de lei do governo sueco para reconhecer proximamente a RASD, e os partidos decidiram enviar uma missão urgente, possivelmente nesta mesma semana, a Estocolmo para contrariar o projecto de lei e defender a posição marroquina.

O líder do PPS assegurou que a reunião não esteve centrada no projeto do IKEA, mas tampouco descartou que o IKEA, “como os demais interesses suecos no país”, possam vir a ser afetados.

Contactada pela EFE, a direção do IKEA afirmou não haver “nenhuma notificação oficial” por parte das autoridades que implique o termo ou o congelamento das suas atividades, tendo Elisa Albendea, diretora de Marketing do IKEA Marrocos afirmado: “continuamos a trabalhar com normalidade”.

Albendea recordou que o IKEA Marrocos é uma franchisada da marca sueca, mas que, na realidade, o investimento foi feito pela empresa do Kuweit Al Homaizi, que já explora lojas semelhantes da marca sueca na Jordânia e no Kuwait.

Fonte: Público / EFE



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