Agentes à
paisana detiveram Hassana Aalia num comboio e libertaram-no horas mais tarde
com uma ordem de expulsão que terá que ser cumprida até à tarde de
quinta-feira.
O saharaui
Hassana Aalia foi detido pela Polícia por «permanência ilegal» no país,
explicou ao diário ABC o delegado da Frente Polisario em Espanha, Bucharaya
Beyun. O próprio detido confirmou os acontecimentos a este diário após ser
libertado em Burgos horas depois com uma ordem de expulsão de 48 horas a partir
das 19.40 horas de terça-feira.
«Polícias à
paisana pediram-me os papéis e disseram-me que tinha que sair na próxima
paragem», depois « levaram-me para a esquadra» apesar de lhes «ter apresentado
os documentos do recurso junto da Audiência Nacional [máxima instância
judiciária no Estado espanhol]», referiu através do telefone logo depois de abandonar
as dependências policiais em Burgos.
Pesadas penas para os presos políticos saharauis de Gdeim Izik condenados pelo Tribunal Militar de Rabat |
As
autoridades espanholas tinham-lhe recusado o asilo e a Comissão Espanhola de Ajuda
ao Refugiado (CEAR) interpôs um recurso que estava pendente de resposta, acrescentou
Beyun.
Um tribunal
militar de Rabat julgou à revelia Hassana Aalia (El Aaiun, 1988) e condenou-o
em fevereiro de 2011 a cadeia perpétua pelos mesmos acontecimentos por que
havia sido julgado e condenado anteriormente a quatro meses de prisão. Por não
ter antecedentes não teve que recolher à prisão. A falha do megaprocesso, o maior
celebrado no reino alauita contra saharauis, recebeu duras críticas da Human
Rights Watch (HRW).
Novembro de 2010: invasão sangrenta do acampamento de protesto de Gdeim Izik pelas forças policiais e militares marroquinas |
A Aalia acusaram-no
de ter participado em agressões a agentes marroquinos durante os protestos que levaram
milhares de saharauis a instalar-se num acampamento de protesto nos arredores de
El Aaiún, capital do Sahara Ocidental, em 2010.
Porém, não
ficou provado que Aalia tivesse participado em agressões às Forças de Segurança
marroquinas, segundo um relatório da Associação Internacional da Observação dos
Direitos Humanos (AIODH).
Após a
sentença de quatro meses «viajei para assistir ao Fórum Social Mundial em Dakar,
aos acampamentos de refugiados (saharauis em Tindouf, Argélia), a Espanha…»,
explicou Aalia ao ABC em entrevista realizada em 2013. A surpresa chegou no
meio daquelas suas deslocações quando regressava com normalidade à sua casa de
El Aaiún, no momento em que «um Tribunal Militar anuncia uma ordem de busca e detenção
contra mim».
A notícia apanhou-o
de surpresa em Espanha e foi então que tomou a decisão de não regressar. Foi
assim que foi julgado à revelia, juntamente com outros 23 ativistas saharauis,
esses sim presentes no julgamento, por um Tribunal Militar em Rabat. O tribunal
proferiu uma sentença de nove prisões perpétuas (entre elas a de Aalia), quatro
condenações a trinta anos de prisão; seis de vinte cinco anos; três de vinte anos
e duas de dois anos e três meses.
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