No ano de 2003
o CNI (Centro Nacional de Inteligência de Espanha) foi alertado pela primeira
vez de que narcotraficantes colombianos tinham chegado a um acordo com os seus
homólogos marroquinos para aproveitar as consolidadas redes de tráfico de haxixe
para introduzir cocaína em Espanha. Essas fontes alertaram, inclusive, da proximidade
de membros do Makhzen (o poder que rodeia a Casa Real marroquina) a esta operação.
Surpreendentemente, o CNI explicou que entre as suas funções não se encontrava a
luta contra o narcotráfico, apesar de uma das táticas da guerra de baixa
intensidade ser precisamente debilitar a sociedade do inimigo fomentando o consumo
de drogas.
Com o rolar
do tempo, aquelas primeiras informações recebidas pelo CNI foram-se confirmando:
em 2010, a Interpol informou os corpos de segurança marroquinos da iminente chegada
a águas do Sahara Ocidental de grandes quantidades de cocaína colombiana em barcos
pesqueiros cujos proprietários são generais marroquinos e suas famílias. Face à
pressão internacional, as autoridades marroquinas viram-se obrigadas a apreender
consideráveis quantidades de cocaína que estavam guardadas num barco de que era
dono um general marroquino de alta patente, mas apenas uma mínima parte da que ia
chegando a este país magrebino.
O general Hassni Bensleiman, Director da Gendarmería marroquina desde... 1974!! |
O jornalista
espanhol Pedro Canales, afirmou que este assunto está relacionado com
importantes generais do exército marroquino como o General Abdelaziz Banani
(falecido em Maio passado), na altura Inspector Geral das Forças Armadas da
monarquia marroquina, o general Hassni Bensleiman, Director da Gendarmería
marroquina e o general Abdel-Hag Gadiri, ex-director da Segurança Marroquina e
um dos conselheiros mais consultados pelo rei Mohamed VI.
Cartoon de Dilem |
A questão é
saber se este narcotráfico se realiza apenas com fins de lucro pessoal ou se
tem um objetivo estratégico muito mais importante. A presença de altos oficiais
do círculo de Mohamed VI aponta na segunda direcção. Esta estratégia consiste em
debilitar as sociedades do Norte do Mediterrâneo para que aceitem submissamente
a exportação de emigração marroquina. Marrocos exporta apenas emigrantes, droga
e terrorismo… e logo chantageia os países recetores para que lhe concedam fundos
para combater e emigração ilegal, o narcotráfico e o terrorismo islamita. Uma
hábil estratégia que seria inútil se na Europa governassem verdadeiros
estadistas em vez de políticos de baixo perfil com os olhos postos na sua
própria imagem mais do que nos interesses das suas nações.
A atividade
agressiva dos serviços marroquinos na Europa é a grande prova de que esse país,
amparado na sua relação preferencial com os EUA [ e a França] , pratica uma
política de hostilização em relação à Europa e, particularmente, em relação a Espanha
a que a União Europeia responde estendendo cada vez mais a mão a Marrocos e
permitindo-lhe as suas exportações hortofrutícolas para o velho continente,
debilitando assim ainda mais a agricultura europeia. E tudo isto, ante o olhar de
umas autoridades que se negam a considerar a evidência: Marrocos é o “inimigo do
Sul” e assim deverá ser considerado.
El
Confidencial Saharaui
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