segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Cocaína colombiana em Espanha via Marrocos




No ano de 2003 o CNI (Centro Nacional de Inteligência de Espanha) foi alertado pela primeira vez de que narcotraficantes colombianos tinham chegado a um acordo com os seus homólogos marroquinos para aproveitar as consolidadas redes de tráfico de haxixe para introduzir cocaína em Espanha. Essas fontes alertaram, inclusive, da proximidade de membros do Makhzen (o poder que rodeia a Casa Real marroquina) a esta operação. Surpreendentemente, o CNI explicou que entre as suas funções não se encontrava a luta contra o narcotráfico, apesar de uma das táticas da guerra de baixa intensidade ser precisamente debilitar a sociedade do inimigo fomentando o consumo de drogas.

Com o rolar do tempo, aquelas primeiras informações recebidas pelo CNI foram-se confirmando: em 2010, a Interpol informou os corpos de segurança marroquinos da iminente chegada a águas do Sahara Ocidental de grandes quantidades de cocaína colombiana em barcos pesqueiros cujos proprietários são generais marroquinos e suas famílias. Face à pressão internacional, as autoridades marroquinas viram-se obrigadas a apreender consideráveis quantidades de cocaína que estavam guardadas num barco de que era dono um general marroquino de alta patente, mas apenas uma mínima parte da que ia chegando a este país magrebino.

O general Hassni Bensleiman, Director da Gendarmería marroquina desde... 1974!!

O jornalista espanhol Pedro Canales, afirmou que este assunto está relacionado com importantes generais do exército marroquino como o General Abdelaziz Banani (falecido em Maio passado), na altura Inspector Geral das Forças Armadas da monarquia marroquina, o general Hassni Bensleiman, Director da Gendarmería marroquina e o general Abdel-Hag Gadiri, ex-director da Segurança Marroquina e um dos conselheiros mais consultados pelo rei Mohamed VI.

Cartoon de Dilem


A questão é saber se este narcotráfico se realiza apenas com fins de lucro pessoal ou se tem um objetivo estratégico muito mais importante. A presença de altos oficiais do círculo de Mohamed VI aponta na segunda direcção. Esta estratégia consiste em debilitar as sociedades do Norte do Mediterrâneo para que aceitem submissamente a exportação de emigração marroquina. Marrocos exporta apenas emigrantes, droga e terrorismo… e logo chantageia os países recetores para que lhe concedam fundos para combater e emigração ilegal, o narcotráfico e o terrorismo islamita. Uma hábil estratégia que seria inútil se na Europa governassem verdadeiros estadistas em vez de políticos de baixo perfil com os olhos postos na sua própria imagem mais do que nos interesses das suas nações.

A atividade agressiva dos serviços marroquinos na Europa é a grande prova de que esse país, amparado na sua relação preferencial com os EUA [ e a França] , pratica uma política de hostilização em relação à Europa e, particularmente, em relação a Espanha a que a União Europeia responde estendendo cada vez mais a mão a Marrocos e permitindo-lhe as suas exportações hortofrutícolas para o velho continente, debilitando assim ainda mais a agricultura europeia. E tudo isto, ante o olhar de umas autoridades que se negam a considerar a evidência: Marrocos é o “inimigo do Sul” e assim deverá ser considerado.


El Confidencial Saharaui

Sem comentários:

Enviar um comentário