quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Ross reitera a posição de Ban Ki-moon de uma solução que garanta a autodeterminação do povo saharaui




O enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, reiterou ontem em Nova Iorque a posição de Ban Ki-moon de uma solução política que garanta o direito do povo saharaui à autodeterminação.

"Em conclusão, gostaria de salientar que durante os meus inúmeros contactos, diferentes interpretações sobre o propósito da minha missão e do âmbito do meu mandato foram expressos. Para aclarar a questão, o Secretário-Geral da ONU (Ban Ki-moon) reiterou o seu entendimento do processo na sua declaração de 4 de novembro", disse Ross no relatório ao Conselho de Segurança cuja cópia foi obtida pela APS.

"Ele (Ban Ki-moon) sublinhou que o objetivo do processo é conseguir um acordo sobre o estatuto definitivo do Sahara Ocidental e encarregou-me de intensificar os meus esforços no sentido de facilitar o acordo das partes (em conflito, Marrocos e a Frente Polisario) através de negociações sem condições prévias e de boa-fé  para se atingir uma solução política mutuamente aceite que conceda ao povo saharaui o direito à autodeterminação", sublinhou Ross no seu relatório ao Conselho de Segurança, cuja reunião que se prolongou por duas horas sob a presidência dos EUA.

Ross recordou nas conclusões do seu relatório de cinco páginas, lido ante os membros do Conselho de Segurança, o apelo lançado por de Ban Ki-moon junto das duas partes em conflito (Marrocos e a Frente Polisário) para que se empenhem rapidamente em negociações diretas e verdadeiras.

Salientou que o Secretário-Geral das Nações Unidas concedia uma atenção especial à questão saharaui, que exige "uma solução urgente", afirmando que a persistência do conflito poderia constituir "uma bomba-relógio", que nenhum interveniente poderia por si só mitigar os efeitos.

Infelizmente, segundo Ross, os esforços desenvolvidos durante o seu périplo diplomático na região para levar as duas partes e se reunirem não foram frutuosos dada a posição do ocupante marroquino.

Apesar do parecer favorável expresso pela Frente Polisario de retomar as negociações diretas, mesmo na ausência de novas ideias, "Marrocos barricou-se na sua posição”, recusando envolver-se em novas conversações, lamentou o diplomata.

Marrocos não quer ouvir falar de negociações sobre o estatuto jurídico do Sahara, exigido pela ONU e " pretendia limitar as discussões sobre os detalhes da sua iniciativa de autonomia", lamentou ainda Ross.

Com efeito, Rabat pretende torpedear as ações de mediação de Ross ao impor-lhe em novembro passado, como condição, trazer outras sujeitos à mesa das negociações como parte interessada ou, pelo menos, como ‘players’, quando a questão saharaui é um assunto da ONU inscrito no capítulo dos territórios a descolonizar em conformidade com as normas de direito internacional nessa matéria.

Ross salientou igualmente que a sua liberdade de circulação era crucial para se manter informado sobre a situação no Sahara Ocidental, convidando o Conselho de Segurança a reiterar-lhe o seu apoio para esse efeito.

Ross fez questão de reafirmar que a sua missão enquanto enviado pessoal de Ban Ki-moon recebeu o apoio das grandes capitais, Washington, Londres, Paris e Madrid.


Fonte : APS

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