O secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, lamentou hoje que o Conselho de Segurança não tenha reagido
de forma mais clara ante a crise aberta com Marrocos e as medidas anunciadas por Rabat no Sahara Ocidental.
“Creio que
teria sido melhor se tivéssemos recebido palavras mais claras do presidente do Conselho
de Segurança”, afirmou hoje o porta-voz de Ban, Stéphane Dujarric, questionado
sobre a reunião daquele órgão que teve lugar ontem para abordar esta crise.
No encontro,
os quinze membros analisaram as consequências da decisão de Marrocos de
congelar as suas contribuições financeiras voluntárias para a missão da ONU no
Sahara Ocidental (MINURSO) e, em particular, de ordenar a saída de pessoal internacional
da missão.
No final, o
presidente em exercício, [o diplomata angolano] Ismael Abraão Gaspar Martins, expressou a
“séria preocupação” do Conselho e disse que os membros analisarão a questão de
forma “bilateral” para assegurar que a situação da MINURSO “se estabilize”.
A mensagem
foi interpretada como sinal de que não houve um consenso para respaldar publicamente
o secretário-geral ante Marrocos, que o criticou duramente pelos seus gestos e
palabras durante a recente viagem que fez à região.
Segundo
Ban, com as ações anunciadas como resposta por Marrocos o mandato da missão “não
se torma sustentável” e as suas operações tornam-se “muito difíceis”.
Dujarric
recordou hoje que as medidas supõem também um “desafio” ao Conselho, que foi
quem ordenou a constituição e prosseguimento da missão, e pediu a este órgão que
“assuma as suas responsabilidades”.
O porta-voz
adiantou que Ban tratará o assunto com os quinze embaixadores num almoço na
próxima segunda-feira.
Dujarric
confirmou também que Marrocos flexibilizou o prazo de três dias dado
originalmente para a saída de 84 funcionários internacionais da MINURSO e da
União Africana, referindo que deverão abandonar o país nos próximos dias.
No entanto,
sublinhou que isso não supõe uma “mudança significativa” e disse que a ONU continua
a trabalhar nos “planos de contingência que tem que fazer” para se adaptar à decisão.
Em declarações
à EFE, o representante da Frente Polisario junto da ONU, Ahmed Bukhari, afirmou
hoje que as ações anunciadas por Marrocos são “um sinal” que Rabat “manterá no
ar para influir na redação do relatório” de Ban sobre o Sahara Ocidental.
Esse texto,
que Ban apresentará em Abril, é anualmente a base para as decisões do Conselho
de Segurança sobre este conflito.
Fonte: EFE
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