quarta-feira, 9 de março de 2016

ONU defende a neutralidade de Ban após as críticas de Marrocos




A ONU defendeu hoje a neutralidade do seu secretário-geral, Ban Ki-moon, no conflito do Sahara Ocidental, em resposta às duras críticas lançadas contra ele pelo Governo de Marrocos após a sua recente visita à região.
“Desde logo, o secretário-geral acredita que ele e as Nações Unidas são partes neutrais nesta questão", afirmou o porta-voz Farhan Haq questionado sobre o tema numa conferência de imprensa.
 Haq sublinhou que o diplomata sul-coreano “tem feito todo o possível para resolver a situação no Sahara Ocidental” e defendeu que a intenção da sua viagem era “chamar a atenção, uma vez mais, para a necessidade de conseguir uma solução” do conflito.

“Queria assegurar-se que, no último ano do seu mandato, este assunto continua firmemente na agenda internacional. E está contactando todas as partes com uma atitude neutral”, afirmou o porta-voz.

A ONU respondeu desta forma ao comunicado emitido esta terça-feira pelo Executivo marroquino, em que acusou Ban de afastar-se da “neutralidade, da objetividade e da imparcialidade” e de “violar as garantias dadas a Marrocos”.

Rabat protestou energicamente pelo uso por parte do chefe das Nações Unidas da palavra “ocupação” para se referir à presença marroquina no território saharaui durante a sua viagem à zona.

O Governo marroquino disse sentir “grande estupefação com os deslizes verbais, os factos consumados e os gestos injustificados de complacência do secretário-geral durante a sua visita a Tindouf e Argel”.

Para Rabat, Ban “deixou-se instrumentalizar dando crédito às falaciosas pretensões da outra parte (a Frente Polisario), e assim “cedeu à chantagem” dessas partes, “violando os compromissos e garantias dadas a Marrocos”.

Usar a palavra “ocupação” por parte de Ban ki-moon foi não só um “deslize semântico sem fundamento jurídico”; como é “um insulto ao Governo e ao povo marroquino” que “atenta contra a própria credibilidade do Secretariado-Geral da ONU”, pelo que só se “pode esperar que se trate de um lapsus”, refere o comunicado.

No seu recente périplo pela região, Ban não passou por Marrocos alegando incompatibilidades de agenda com o rei Mohamed VI, ainda que segundo órgãos de comunicação social marroquinos tenham afirmado que isso se deveu à  recusa de Rabat, que se opõe aos intentos da ONU de relançar negociações sobre a ex-colónia espanhola.

A ONU, que esta semana anunciou uma visita este mês a Marrocos do enviado pessoal do SG para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, afirmou que o secretário-geral tem a intenção de ele próprio o fazer mais à frente.

Questionado hoje a este respeito, Haq assegurou que essa viaje continua a ser alvo de negociações e que a ONU se mantem e manterá em contacto com as autoridades marroquinas.

Ban apresentará em princípios de Abril ao Conselho de Segurança o seu relatório anual sobre a situação do Sahara Ocidental, o qual é aguardado com expectativa após o apelo que fez no passado mês de novembro a que sejam retomadas as negociações após anos de bloqueio.

Frente à autoproclamada República Árabe Saharaui Democrática (RASD), Rabat recusa qualquer opção que não seja a autonomia, o que impede a menor aproximação à Frente Polisario, que exige o referendo de autodeterminação acordado no plano de paz auspiciado pelas Nações Unidas.

Fonte: Terra / EFE


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