segunda-feira, 11 de abril de 2016

Marrocos ‘embolsou’ 167,8 milhões de dólares em 2015 com a venda de fosfatos saharauis


Fosfatos de Bou Craa chegam ao porto de El Aaiun através de uma passadeira rolante de 130 km



WASHINGTON – Marrocos embolsou 167,8 milhões de dólares com as exportações ilegais de fosfato saharaui, revela um novo relatório do Observatório de Recursos Naturais do Sahara Ocidental (WSRW).

O relatório anual — o terceiro do género publicado por esta ONG sobre a exploração ilegal por Marrocos deste mineral no Sahara Ocidental ocupado — refere a extração em 2015 de 1,4 milhões de toneladas de fosfato das minas de Bou Craa, situadas a 130 KM da cidade de El Aaiún.

Este volume exportado terá gerado uma receita de 167,8 milhões de dólares à Office chérifien des phosphates (OCP), a empresa marroquina que espolia em grande escala o fosfato saharaui, segundo as estimativas do WSRW efetuadas com base num preço médio de 118 dólares a tonelada.

Sublinhe-se que este nível de vendas é o mais baixo jamais registado nos últimos dez anos, refere o WSRW. Em 2014 o OCP exportou 2,1 milhões de toneladas por um montante de 234 milhões de dólares.

Segundo o Observatório, o OCP que leva a cabo uma verdadeira pilhagem das reservas de fosfatos do Sahara Ocidental, tendo extraído das minas de Bou Craa 1,8 milhões de toneladas em 2012; 2,2 milhões de toneladas em 2013 e 2,1 milhões de toneladas em 2014.

A projeção de 2014 veio a ser confirmada por um documento enviado pelo OCP à bolsa irlandesa, refere o Observatório.

Estes números foram calculados com base em cargas transportadas por navios a partir do porto da capital ocupada de El Aaiún, precisa o WSRW que não exclui a possibilidade de existirem outros transportes não detetados.

Em 2015, o WSRW identificou oito compradores de fosfato saharaui, dos quais três são empresas cotadas em bolsa e na lista negra por violação das regras de ética e das recomendações emanadas da ONU que consagram o direito do povo saharaui a beneficiar dos recursos naturais do seu território nacional.

O WSRW cita duas empresas canadianas, a Potash Corporation e a Agrium Inc, duas empresas neo-zelandesas, a Ballance Agri-Nutrients Ltd e a Ravensdown Fertiliser Ltd; uma empresa australiana, a Incitec pivot Ltd e uma empresa russo-suíça, a Lifosa AB. Esta última anunciou em Janeiro de 2016 ter posto fim à importação de fosfato do Sahara Ocidental.

Segundo o WSRW, 64,5% do volume de fosfato saharaui vendido ao estrangeiro foi comprado pelas duas empresas canadianas Potash Corporation e Agrium Inc.

O Observatório suspeita igualmente que uma empresa venezuelana, a Tripoliven — de que parte do capital pertence ao Estado da Venezuela —, ter importado 53.000 toneladas de fosfato em 2015 por um montante de 6,1 milhões de dólares. O WSRW confirma também a implicação de uma outra empresa colombiana, a Monomeros S.A, adquirida em 2006 pelo grupo público venezuelano “Petroquimica de Venezuela”, que importou 42.000 toneladas de fosfato do Sahara Ocidental.

Ao comprarem fosfatos do Sahara Ocidental, estas empresas tornam-se cúmplices da violação dos direitos dos Saharauis e contribuem para o financiamento da ocupação.

O Observatório de Recursos Naturais do Sahara Ocidental sublinha que as reservas de Bou Craa, descobertas em 1947, se elevam a 500 milhões de toneladas, contribuindo com cerca de 7% da produção do OCP e de 25% das suas vendas ao exterior.

O Observatório pede a estas empresas que ponham fim a este comércio ilegal até que uma solução para o conflito do Sahara Ocidental seja encontrado.


Fonte : Algerie360.com

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