sábado, 28 de março de 2020

O DIVIDIDO TERRITÓRIO DO SAHARA OCIDENTAL ANTE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS




Colonos marroquinos abandonam o Sahara devido à propagação do coronavírus

Periodistas en español - Por Jesús Cabaleiro Larrán - 27/03/2020 - A situação do Sahara controlada por Marrocos e pela República Árabe Saharaui Democrática(RASD), além dos campos de refugiados saharauis em Tindouf, não está àmargem da pandemia de coronavírus.
No território que Marrocos controla, por um lado, estima-se que mais de 3.000 colonos marroquinos deixaram o Sahara devido à disseminação do coronavírus. Especificamente, haveria mais de mil em El Aaiún e mais de 1.250 em Dakhla, no sul do território. Nesta última cidade, as autoridades marroquinas fretaram mais de 28 autocarros. Além disso, também houve quem partisse de avião e em táxis coletivos ou grandes táxis (em todo o território não há ferrovia).
As razões para este êxodo são diversas, desde o fecho do comércio e de lojas, ao porem-se em fuga com a família ou por não confiarem nas instalações hospitalares existentes no território em caso de complicações.
De acordo com um inquérito clandestino realizado em 2016, mais de 50% dos marroquinos que vivem lá discordam da ocupação marroquina do território saharaui. As causas são diversas, desde as económicas, devido aos gastos excessivos - calcula-se que o governo marroquino gaste seis vezes mais no Sahara que em Marrocos, principalmente com a manutenção de tropas, evitar um confronto bélico ou porque quereriam pôr fim à violência contra a população saharaui.


Apenas 32% dos colonos marroquinos são a favor e apoiam a ocupação marroquina do Sahara, 12% estão desinteressados, principalmente jovens, e 6% não responderam ao inquérito.
É mais do que sabido que o regime marroquino não confia nos seus próprios colonos no caso de se realizar um hipotético referendo de autodeterminação. Assim, apesar de haver um censo, atualmente em Genebra, Marrocos recusa qualquer consulta, apostando tudo numa autonomia que nenhuma área do Marrocos goza ou usufrui. NOTA: Em julho de 1999, a Missão da ONU para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) comunicou a Marrocos e à Frente Polisario os dados do censo de potenciais votantes, que totalizavam 84.251 eleitores que poderiam participar, a 31 de julho de 2000 no referendo de autodeterminação na ex colónia espanhola. O referendo nunca veio a realizar-se. Ver EL PAIS da altura aqui: https://elpais.com/diario/1999/07/16/internacional/932076010_850215.html
Por outro lado, importa mencionar o maior aumento, já existente, da presença militar nas ruas com tropas instaladas na região, forças militares e gendarmerias e forças auxiliares.
Também é necessário lembrar a total precariedade dos hospitais no território em caso de pandemia, sem meios, onde há que pagar por serviços médicos, em que falta todo tipo de material médico, remédios a serem pagos, médicos mal treinados ou em início de carreira, negligência médica, falta de atendimento especializado ... Um pouco melhores são o hospital militar e os centros privados, mas estes são caros para a população.


E quanto aos prisioneiros saharauis, surge a circunstância paradoxal de, em Marrocos, uma ONG próxima dos salafistas ter solicitado a libertação dos prisioneiros salafistas, sem, no entanto, se parecerem preocupar com os presos saharauis e ou com os do Rif.
No entanto, organizações internacionais e defensores dos direitos humanos instaram as Nações Unidas exigindo ações imediatas para garantir a proteção dos presos políticos saharauis nas prisões marroquinas face à pandemia, entre os quais se encontram repórteres da agência saharaui Equipe Media.
Quanto aos campos de refugiados de Tindouf, eles estão confinados há seis dias e isolados da cidade argelina cercana. É isso que ocorre nos cinco campos (wilayas): Auserd, Dajla, El Aaiún, Bojador e Smara. A distância entre eles varia entre 20 e 50 quilómetros, excepto Dakhla, que é de cerca de 190 quilómetros. Cada wilaya é dividido nas chamadas dairas e, por sua vez, cada daira é composta de quatro bairros. Em cada 'daira' há uma creche e uma escola primária.
Os médicos foram formados em Cuba, Argélia ou Espanha, mas eles têm muito poucos meios para realizar o seu trabalho, dependendo da ajuda humanitária internacional.
Devemos lembrar que, de acordo com dados da agência das Nações Unidas para os Refugiados, o ACNUR, há um total de 173.600 refugiados nos campos, de acordo com o censo realizado em 2019.
Por fim, destaque-se o gesto marcante das crianças saharauis nos campos saharauis, reproduzidas por vários canais de televisão, que enviam uma mensagem de apoio à Espanha pelo que estamos a sofrer com o coronavírus.


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