quinta-feira, 4 de março de 2021

As conquistas da causa saharaui levam Marrocos a decisões "irresponsáveis”

 


Nadjet Handi, representante da Frente Polisario na Alemanha


As conquistas regionais e internacionais da causa do Sahara Ocidental provocam a ira de Marrocos, que avança para decisões "irresponsáveis" e "aleatórias", numa tentativa de pressionar alguns países a reconsiderarem a sua solidariedade para com o povo saharaui, em conformidade com as resoluções internacionais e as cartas da ONU, disse Nadjet Handi, representante da Frente Polisario na Alemanha.

A decisão de suspender todas as formas de comunicação com a embaixada alemã em Rabat "vai contra os hábitos e costumes diplomáticos", disse a diplomata saharaui à agência APS.

Salientando que esta decisão "não foi comentada pelos meios de comunicação oficiais em Marrocos", a diplomata excluiu a possibilidade de o Reino de Marrocos ir ao ponto de cortar as suas relações com o seu sétimo maior parceiro comercial. Tal decisão "visa mais o consumo local", disse ela.

O Reino Marroquino "acredita que pode exercer pressão ou chantagem sobre um Estado como a Alemanha, tal como o faz com outros países, jogando a carta da imigração ilegal, drogas ou outros meios conhecidos do Makhzen para conseguir que os países se posicionem do seu lado e reconsiderem as suas posições, especialmente no que diz respeito à questão do Sahara Ocidental", observou a diplomata saharaui.

"A Alemanha é um Estado que se respeita a si próprio e respeita as leis internacionais", assegurou a diplomata saharaui, recordando o seu papel influente no seio da União Europeia (UE), respeitando os princípios e decisões das cartas de legalidade internacional.

Além disso, a Alemanha "é um dos países doadores de Marrocos", afirmou, citando "a doação financeira concedida por Berlim a Marrocos em Dezembro passado para ajudar os cidadãos marroquinos a enfrentar a difícil situação marcada pela pandemia do novo Coronavírus”.

 

“A gota de água...”

Apoiando em numerosos analistas políticos e meios de comunicação social, particularmente na Alemanha, a representante da Frente Polisario explicou que a decisão de Marrocos "está intrinsecamente ligada aos recentes desenvolvimentos e realizações registados pela causa saharaui, particularmente com a Alemanha, que reiterou repetidamente a sua posição face ao Sahara Ocidental, daí a ira de Rabat", observou.

Neste contexto, referiu-se "à convocação pela Federação Alemã, durante a sua presidência do Conselho de Segurança, de uma sessão à porta fechada onde criticou claramente o impasse em que se encontra o processo de resolução do conflito, criticando, além disso, a decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de reconhecer a alegada soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental".

"A última gota — prossegue a representante saharaui — foi o hastear da bandeira da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) no Parlamento Federal de Bremen, no dia seguinte ao 45º aniversário da proclamação da RASD.

"O içar da bandeira saharaui é, desde há cinco anos, um testemunho de solidariedade com a causa saharaui e de apoio ao direito legítimo do seu povo à liberdade e à independência", disse a representante da Frente Polisario na Alemanha, que relatou "protestos marroquinos" junto da embaixada alemã em Rabat.

A Alemanha recordou então a Marrocos, acrescentou a diploamata, que as instituições e federações na Alemanha "são livres sob o regime democrático federal alemão para negociar e demonstrar solidariedade com quem quiserem".

Referindo a assinatura por um grande número de parlamentares alemães da carta dirigida ao novo Presidente dos EUA, Joe Biden, pedindo-lhe que reconsiderasse o reconhecimento de Trump da alegada soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, Nadjet Handi salientou que "tudo isto explica a reacção intempestiva marroquina".

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