domingo, 14 de março de 2021

RELATÓRIO : Repressão marroquina contra civis saharauis nos territórios ocupados desde 13 de novembro

 


A redação do portal informativo saharaui ECS reuniu uma vasta documentação e testetemunhos da violação dos DDHH sobre a população civil saharaui nos territórios ocupados por Marrocos desde que a guerra foi reatada, a 13 de novembro do ano passado. 

 

A repressão marroquina contra civis saharauis nos territórios ocupados do Sahara Ocidental está a desenvolver-se a níveis indescritíveis, especialmente desde o início da guerra na região devido à violação por parte de Marrocos dos acordos de cessar-fogo militares Nº1 e Nº2, que forçaram o povo saharaui a defender-se legitimamente após três décadas de resistência pacífica e de disposição política para um processo de paz que se revelou ser uma mera extensão técnica do conflito.

Desde 13 de Novembro, data do recomeço da guerra, a escalada militar é análoga à escalada repressiva que as forças do regime marroquino exercem com o objectivo de eliminar física e ideologicamente qualquer cidadão saharaui que se pronuncie pelos seus direitos. A grande onda de represálias desencadeada, principalmente contra jornalistas e activistas dos direitos humanos, especialmente mulheres e jovens menores, provocou protestos que também foram desmantelados pelas forças policiais. O cerco nos territórios ocupados é extraordinariamente intenso, a rede repressiva é implacável e atinge todos os sectores, áreas e esferas da sociedade civil saharaui que vivem nas cidades de El Ayoun, Smara, Dakhla e Bojador. Sujeitos não só à violência física, mas também à discriminação laboral, escolar e profissional. Uma segregação que utiliza o pensamento político de cada indivíduo como critério.

O regime marroquino transformou os territórios saharauis ocupados numa espécie de vasta prisão ao ar livre, utilizando a repressão desproporcionada como instrumento para intimidar e construir consenso pela força da violência, infligindo: espancamentos, perseguições, detenções, julgamentos arbitrários, rusgas a casas, cortes deliberados de eletricidade e de telefone.

Esta exacerbação da violência marroquina contra civis saharauis indefesos levou a Frente Polisario, o legítimo representante do povo saharaui, a alertar a ONU para o grave risco de repressão sistemática nas zonas, exigindo uma intervenção imediata. Na mesma linha, organizações, ativistas e jornalistas presentes nas zonas ocupadas apelam à Cruz Vermelha Internacional para proteger os cidadãos das violações flagrantes dos seus direitos por parte do Estado marroquino. Aplicação da Quarta Convenção de Genebra sobre a proteção dos civis em tempo de guerra, de 12 de Agosto de 1949, à qual o Reino de Marrocos aderiu em 26 de Julho de 1956.

Estes actos execráveis, documentados e fotografados, continuam a ter lugar até hoje sem que ninguém intervenha para proteger os civis saharauis numa situação de conflito armado, condição que torna a sua protecção necessária segundo o direito humanitário internacional. Apesar de tudo isto, nem a Cruz Vermelha Internacional nem o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas intervieram no território apesar de denunciarem nos seus relatórios a repressão marroquina e de terem registos detalhados das violações ocorridas, reduzindo a sua atitude a mera diplomacia declarativa.

 

 


 

DISCRIMINAÇÃO POR CIDADES

 

EL AAIÚN OCUPADA:

 

- Saharauis cujas residências foram assaltadas e atacadas:

 

- O ex-preso político Mohamed Bani.

- Ahmaniha em Zanqa al-Sharif Al-Radhi.

- Moulay Ould Mohamed Sheikh em Zanqa Al-Sharif Al-Idrissi.

- Balamesh em Zanqa al-Sharif Al-Radhi.

- Al-Majahid no bairro de Al-Batimat.

- O ativista e ex-desaparecido político Brahim Sabbar no bairro de Al-Batimat.

- O ativista Ali Al-Saadouni em Alhizam.

- Ali Ould Zainadin.

- O ativista Ghali Bouhala.

- A ativista e ex-desaparecida Fatimatu Dahwar.

- Dahba Sidamou no bairro de Dwairat.

- Sid Brahim Amailiha.

- Kaziza no bairro de Al-Fath.

- O jornalista Mohammed Hadi.

- O jornalista Al-Sharif Bekhil.

- Dahi no bairro de Maatalah.

- Larabas Ould Lehbib no bairro de Maatalah.

- O ativista Majid Al-Lili.

- Sheikh Maalainin no bairro de Colomina.

- Ali Salem Tamek.

- Maalainin Hadi.

- Mohamed Nafee Boutasoufra.

 

Domicílios submetidos a apertada vigilância e assédio policial constante:

- Domicílio de Aminetu Haidar.

- Domicílio de Ghalia Djimi.

- Domícilio de Mina Baali.

- Domícilio de Lahcen Dlil.

- Domicílio de Fatma Ayash.

- Domícilio de Al-Maalouma Abdullah.

- Domícilio de Brahim Al-Sabbar.

- Domicílio de Bashiri Bin Taleb.

- Domicílio de Leila Lili.

- Domícilio de Sidi Mohamed Dadash.

- Domicílio de Aziza Biza.

- Domicílio de Fatimetou Dahwar.

- Domicílio de Degdja Lashgar.

- Domicílio de Dahba Sidamou.

- Domicílio de Zeinaha Abdelhadi.

- Domicílio de Ahmed Al-Tangi.

- Domicílio de Khatari Al-Khalidi.

- Domicílio de Mohamed Salem Aba e Aziza Salek.

 

BOJADOR OCUPADA:

 

Saharauis cujos domicílios foram assaltados e atacados:

 

- A casa da ativista Sultana Sidi brahim Jaya e Luaara Jaya.

 

Domicílios submetidos a apertada vigilância e assédio policial constante:

- Domicílio das ativistas pro direitos humanos Sultana Jaya e Luaara Jaya. (O assédio dura há já mais de 3 meses)

- Domicílio de Fatma Mohammed Al-Hafiz, ativista pro direitos humanos.

- Domicílio de Zeinabou Babi.

- Domicílio de Hamdi Habadi, ativista pro direitos humanos.

- A casa de Sidati Haymad, activista pro direitos humanos.

 

SMARA OCUPADA:


Domicílios submetidos a apertada vigilância e assédio policial constante:

- Domicílio de Fakou Buehi.

- Domicílio de Sukeina Jedahlou.

- Domicílio de Enguia Al-Sheikhi.

- Domicílio de Fekka Bdadi.

- Domicílio de Hamadi Al-Nasseri.

- Domicílio de Fatimatou Beiba.

- Domicílio de Gabbel Jouda.

 

Registaram-se cerca de vinte rusgas a casas pelas forças do regime marroquino. Em apenas 4 meses de guerra, as detenções domiciliárias estenderam-se a quase trinta casas de ativistas dos direitos humanos e jornalistas saharauis, a maioria destes cercos tiveram lugar na cidade ocupada de El Ayoun, embora a violência seja pior em Bojador.

 

DETENÇÕES E PRISÕES EFETUADAS:


- A 14 de novembro de 2020: um jovem saharaui, Ahmed Habdi Mohamed Fadel (Ahmed El Garga) que sofria de perturbações mentais e deficiência intelectual, foi preso na cidade de El Aaiun e torturado até à inconsciência, tendo sido posteriormente condenado a 10 meses de prisão.

 

- A 15 de novembro de 2020: Na cidade ocupada de El Aaiun, os seguintes jovens foram detidos e libertados após tortura: Khaled Al-Moumen (menor) Mohamed Alaiwa (menor) e Khatari Bonaaj. Os jovens Ahmed El Gargar e Mohamed Abidha também foram detidos. No entanto, foram detidos mais uma dúzia de jovens.

 

- A 16 de novembro de 2020: os seguintes jovens saharauis foram detidos em Bojador ocupado: Brahim Abdulwadud Beibat (libertado provisoriamente), Bukhari Mahmoud Lahmidi (libertado), Nasrallah Baya (libertado) e Yahya Mohamed (libertado). No mesmo dia, mas na ocupada cidade de El Ayoun, Hayat Moulay Ahmed Sidiya, uma menina saharaui de 12 anos, foi presa na sua própria escola e torturada pelas autoridades ocupantes por usar uma bandeira da RASD no seu casaco branco. A menina ficou naturalmente bastante traumatizada.

 

- A 17 de novembro de 2020: Esquadrões compostos por polícias em motas, carros e forças auxiliares em El Ayoun e Dakhla prendem 25 jovens e levam-nos para a solitária. Em Hauza, são detidos três saharauis: Ayoub Al-Waaban, Moghaifri Ait Talib e Al-Mami Hajiba Al-Main, este último de idade avançada, sendo transferido para as instalações da cidade ocupada de Smara.

 

- 18 de novembro de 2020: As forças de ocupação marroquinas impedem Aminetu Haida de viajar para Espanha quando ela se encontrava no aeroporto de El Ayoun.

 

- 25 de novembro de 2020: O Tribunal de Recurso de Rabat confirma as duras sentenças contra os activistas saharauis de Gdeim Izik. Desde prisão perpétua (a maioria deles) a 20 anos de prisão.

 

- A 26 de novembro de 2020: Em Smara, Ragueb El Balek, apesar de negar os factos de que é acusado, foi detido por alegadamente ter roubado um aparelho de televisão da escola. Um cidadão saharaui, Bouadness, que ia renovar o seu bilhete de identidade, foi preso pelas autoridades de ocupação sob confissões de outro preso por ter participado nas manifestações, apesar de ter declarado que não participara.

 

- A 30 de novembro de 2020: os jovens Jamal Salem Abhi, Yassin Aslima Hilal e Badr Bounawara, estes dois últimos menores (16), foram presos. Foram temporariamente libertados em Fevereiro, após 2 meses e meio na prisão de El Ayoun.

 

- A 14 de dezembro de 2020: foram detidos os seguintes jovens: Nasrallah Al-Mahfouz Al-Garhi (condenado a 10 meses) Ali Al-Shigali Wadan (condenado a 10 meses) e Bukhari Dahi (libertado provisoriamente).

 

- 15 de dezembro de 2020: O jovem estudante universitário saharaui Yusef Bougherion é detido no posto de controlo a sudoeste de El Ayoun sem qualquer acusação. Yusef é conhecido pela sua atividade militante e sindical na Universidade de Mohamed V em Rabat, documentando e denunciando as práticas repressivas sofridas pelos estudantes saharauis nas universidades marroquinas.

 


- 14 de janeiro de 2021: na cidade ocupada de Smara, duas crianças saharauis, Jamal Barakat Mohamed Noah e Abdullah Khairy al-Hafiz Hama, são raptadas, espancadas e abusadas durante os interrogatórios antes de serem libertadas às primeiras horas da manhã.

 

- A 25 de janeiro de 2021: Numa rua principal de El Ayoun ocupada, a estudante saharaui e menor (17) Nahila Lehbib Boutenguiza é detida pela polícia secreta, interrogada durante uma hora até que a sua mãe chegou e os agentes começaram a insultá-las e a ameaçá-las que as iriram prender. É de notar que Nahila foi presa em duas ocasiões anteriores em Dezembro pelo mesmo polícia.

 

- 29 de janeiro de 2021: Mohamed Bemba Al-Def (Al-Saluki) é detido na cidade ocupada de Smara e interrogado durante mais de quatro horas. É libertado enquanto aguarda julgamento que terá lugar na cidade ocupada de El Aaiún.

 

- 30 de janeiro de 2021: O conhecido ex-preso saharaui, Mohamed Dadach [o preso em África que passou mais tempo detido depois de Nelson Mandela], é detido e libertado no dia seguinte. Foi detido numa tenda militar nos arredores da cidade de Smara sem mandato judicial.

 

- A 4 de fevereiro de 2021: Na cidade de El Aaiun, a polícia marroquina prendeu 3 ativistas saharauis da Rede dos Desempregados Saharauis no bairro de Maatala pelo seu activismo contra a ocupação.

 

- 5 de fevereiro de 2021: O presidente do CODESA (Colectivo dos Defensores dos Direitos Humanos Saharauis), Babouzeid Mohamed Said Labbihi é detido no porto de Dakhla ocupado e impedido de aceder ao seu emprego. As empresas de pesca também estão ameaçadas de não o contratar, assim como a família que o acolhe na cidade. Babouzeid tem estado sob intensa vigilância por parte das forças de repressão desde dezembro de 2020.

 

- A 11 de fevereiro de 2021: na cidade ocupada de El Ayoun, os ativistas Ghali Bouhala e Mohamed Nafee Boutasoufra foram detidos e condenados a 1 ano e 8 meses, respectivamente. Foram transferidos da prisão negra de El Ayoun para as de Ait Melloul e Agadir, em Marrocos.

 

- 14 de fevereiro de 2021: Em El Ayoun, o vice-presidente do CODAPSO (Comité para a Defesa do Direito à Autodeterminação do Povo do Sahara Ocidental) e activista, Hmad Hammad, é detido pela polícia marroquina num posto de controlo da parte ocidental, onde foi interrogado. Posteriormente foi perseguido por um esquadrão policial nas proximidades do porto marítimo.

 

- 15 de fevereiro de 2021: o jovem Mohamed Embarec Ahmed Laghcha é preso em Bojador ocupada quando tentava aceder ao hospital para se curar dos ferimentos que tinha recebido depois de tentar visitar Sultana Jaya em sua casa.

 

- 15 de fevereiro de 2021: os menores saharauis Zakarias Rguibi e Akram Hanafi são raptados na cidade ocupada de El Aaiún, no distrito de Lirak. O grupo especial que os raptou é liderado pelo oficial Ali Boufri.

 

- 16 de fevereiro de 2021: prendem em Smara o activista saharaui Mohamed Daf, sendo transferido e enviado para a prisão negra de El Aaiun ocupada. Em Bojador, o jovem activista saharaui Ibrahim Babeit é preso e, em El Ayoun, El Ouli Malainin é levado para o 6º quartel da polícia.

 

- 17 de fevereiro de 2021: Um grupo de ativistas saharauis constituído por Sidi Mohamed Dadach, Mohamed Luali, Abdelaziz Beyay e Suleiman Brehon é detido à entrada de Bojador ocupada pelas forças marroquinas quando iam visitar Sultana Jaya, sendo obrigados a regressar a El Aaiun sem a poderem visitar.

 

- 18 de fevereiro de 2021: Mais uma vez, as autoridades ocupantes de Dakhla ocupada impedem dois ativistas dos direitos humanos, Mami Amar Salem e Mohamed Manolo, de partir para Bojador ocupado para visitar a família Jaya. Os polícias estavam em trajes civis, pediram-lhes os papéis do veículo e tentaram confiscá-lo com uma grua, mas desistiram após a recusa dos dois ativistas. Após duas horas, um polícia diz-lhes que estão proibidos de viajar, sem que tenham mostrado uma ordem judicial ou dar razões para a proibição.




AGRESSÕES E ATAQUES CORPORAIS:

 

- 13 de novembro de 2020: Os presos políticos saharauis de Gdeim Izik, encarcerados em Kenitra, são sujeitos a represálias e práticas agressivas por parte de um grupo de empregados.

 

- 14 de novembro de 2020: confrontos violentos entre a polícia de ocupação e manifestantes saharauis na cidade ocupada de El Aaiún, na avenida Smara. No mesmo dia, as forças de repressão invadem a casa da família El Gargar, assaltam-nos e levam o seu filho (Ahmed) por participar nas manifestações.

 

- 15 de novembro de 2020: Ataques selvagens em diferentes cidades aos lares das famílias acima mencionadas.

 

- 16 de novembro de 2020: Hayat, uma menina menor saharaui (12) é presa dentro da sua escola na cidade ocupada de El Ayoun e física e psicologicamente torturada na Direção de Segurança. É chutada várias vezes no estômago, forçada a cantar o hino marroquino e a beijar uma imagem do rei, bem como a ser insultada. No mesmo dia, o ativista saharaui Sidi Hadad, que tem necessidades especiais, foi espancado pelas forças do regime. Em Dakhla, grupos de manifestantes foram brutalmente atacados, numa tentativa de dispersar o protesto.

 

- 19 de novembro de 2020: Em Bojador ocupada, Minatu Dah, mãe da activista Sultana Sidi Brahim Jaya, de 75 anos de idade, é violentamente espancada nas costas e na boca por polícias à paisana, impedindo-a de ser levada para o hospital. Posteriormente, a sua filha Sultana, de regresso a Bojador, foi parada num controlo de acesso à cidade pela polícia marroquina, que a obrigou a sair do veículo para a agredir, despir-se e manusear a sua bagagem. Quando chegou à cidade, a sua família saiu ao seu encontro, a sua mãe e a sua irmã Luaara foram novamente espancadas. Desde então, as forças do regime marroquino impuseram uma prisão domiciliária que, no momento em que foi escrito este relatório, continua há já mais de cem dias de cerco.

 

- 20 de novembro de 2020: Em Bojador ocupada, Luaara Jaya, irmã de Sultana, é brutalmente agredida na cabeça quando abre a porta para saudar a sua prima, que foi impedida de entrar. Luaara perdeu a consciência e sangrou profusamente em resultado da agressão.

 

- A 1 de dezembro de 2020: O preso saharaui Bachir El Aabd Khada, condenado a 20 anos e membro da Equipe Media, foi sujeito a assédio e represálias, bem como a tortura psicológica e práticas degradantes na prisão de Tiflet 2.

 

- 4 de dezembro de 2020: O prisioneiro saharaui Mohamed Saleh Dada, condenado a 10 anos na prisão Air Melloul, foi humilhado, despido e colocado em solitária.

 

- 15 de dezembro de 2020: Yusef Bougherion, um estudante universitário saharaui, é detido num posto de controlo a sudoeste de El Ayoun ocupada, espancado, insultado e ameaçado pelo seu trabalho de denúncia. É subsequentemente libertado em Agadir.

 

- 23 de dezembro de 2020: As irmãs Jaya (Sultana e Luaara) são novamente vítimas de uma agressão marroquina nas ruas de Bojador ocupada, agressão que causou ferimentos no rosto e nos braços e uma delas perdeu a consciência. Desta vez, devido à gravidade dos seus ferimentos, foram autorizadas a ir para o hospital.

 

- A 10 de janeiro de 2021: Em El Ayoun ocupada, nos arredores de Al-Raha, as forças policiais atacam um grupo de mulheres que se manifesta em frente da casa do activista saharaui Al Dakja Lashkar. O ataque foi dirigido contra Mto Ali Salem, Fatimetu El Herash, Dahba Sidamo e Aziza Biza, esta última foi física e verbalmente abusada por protestar contra o seu tratamento.

 

- 14 de janeiro de 2021: Na cidade ocupada de Smara, duas crianças saharauis, Jamal Barakat Mohamed Noah e Abdullah Khairy al-Hafiz Hama, foram espancadas e maltratadas durante um interrogatório.

 

- 24 de janeiro de 2021: Ahmed El Garga, é torturado e maltratado na prisão negra de El Ayoun ocupada, deixando-o inconsciente. Em Bojador, as forças do regime espancam com grande violência vários membros da União de Estudantes, causando vários feridos: Hadifa Medrai, Asama Karami e Ahmed Yadas Hamdi, necessitaram de ser levados para o hospital.

 

- A 27 de janeiro de 2021: Um grupo de mulheres saharauis manifestando-se em Bojador ocupada contra a violência marroquina e exigindo o cumprimento dos seus direitos, foram dispersas por espancamentos e empurrões.

 

- A 29 de janeiro de 2021: O preso político saharaui Mohamed Embarek Lafkir, condenado a 25 anos de prisão detido na prisão de Ait Melloul 1, foi levado para fora da prisão e transferido para um local desconhecido.

 

- 31 de janeiro de 2021: os ativistas saharauis Luaara Jaya, Zeinab Embarek, Embarka Mohamed Al Hafed e Karima Mohamed Habadi sofrem uma violenta agressão física e verbal em Bojador ocupada, no contexto da prisão domiciliária imposta à família Jaya. O ataque foi ordenado pelo chefe adjunto da segurança da cidade de Bojador, Mohamed Madi.

 

- 5 de fevereiro de 2021: Na ocupada El Aaiún, no Hospital Ben Mehdi, Hassina Ubeidah, mãe do jovem saharaui Mohamed Salem Fahim, desaparecido há 2 semanas, encontra o seu cadáver na morgue do hospital num estado de grave decomposição, negligenciado e humilhado porque não se encontrava em condições de refrigeração. É de notar que a direção do hospital e as autoridades policiais marroquinas negaram repetidamente a Hassina a existência do cadáver, bem como a sua presença em qualquer centro de detenção.

 

- 11 de fevereiro de 2021: O ativista Ghali Bouhala é raptado do seu local de trabalho (mesquita) e levado com um saco sobre a cabeça para a sua casa na cidade de El Ayoun. Invadem violentamente a casa, arrombam as portas e atacam a sua mãe e irmã, roubam os seus telefones e tentam pendurar Ghali com uma bandeira que encontraram pendurada na casa, depois levam-no de carro. Depois disto, outro ativista saharaui, Mohamed Nafee Boutasoufra, é preso e levado para a sua casa, onde a porta foi arrombada a pontapés.

 

- 13 de fevereiro de 2021: A ativista dos direitos humanos saharaui Sultana Sidi Brahim Jaya, cuja casa em Bojador ocupada está rodeada por agentes marroquinos desde 19 de novembro até hoje, sofreu uma tareia selvagem em frente à sua casa. Ao meio-dia ela saiu para receber visitas, e num acto completamente inesperado, foi selvaticamente atacada com pontapés, socos e pedras, sendo gravemente ferida ao nível da cabeça, do olho esquerdo e com paralisia do lado esquerdo do rosto. A sua irmã Luaara implorou para que parassem a agressão quando viu Jaya deitada no chão, por isso os agentes começaram a espancá-la também, causando-lhe uma fratura na boca e outros ferimentos. Momentos após o ataque e sabendo dos seus ferimentos graves, as autoridades marroquinas impediram e negaram às irmãs de irem ao hospital para tratamento. O espancamento foi cometido e ordenado por Abdel Hakim Amer, chefe da divisão de segurança da cidade de Bojador e responsável pelo apedrajamento de Sultana.

 

- 13 de fevereiro de 2021: Os ativistas Fatimetu Babi e Maimona Hamia foram atacados pela polícia marroquina em Bojador quando tentaram quebrar o cerco policial que rodeava a casa de Sultana.

 

- 14 de fevereiro de 2021: Mais uma vez a família Jaya é sujeita a represálias, desta vez, um grupo de 5 polícias marroquinos à paisana, agarram Sultana Jaya pelas pernas e arrastam-na agressivamente para dentro de casa.

 

- 15 de fevereiro de 2021: Em Bojador ocupada, um grupo de saharauis foi visitar Sultana, recebendo um ataque violento por parte das forças auxiliares e da polícia secreta, entre elas: Fatu Mubarak Babi, que recebeu vários golpes e foi arrastado pela rua. Os outros feridos sofreram golpes no rosto e na boca e foram também impedidos de aceder ao hospital para tratamento, tendo este sido isolado pela força de ocupação marroquina.

 

- 18 de fevereiro de 2021: Em Bojador ocupada, as forças paramilitares marroquinas em traje civil lançam uma agressão atroz contra um grupo de 8 mulheres saharauis que aceitaram reunir-se numa casa para mostrar o seu apoio às irmãs Jaya e ao prisioneiro Mohamed Lamin Haddi. As mulheres agredidas são Hadham Farik, Elkoria Saidi, Jalifa Hamida, Umm A' Saad Burial, Salka Burial, Mahfuda Al-Fakir, Salha Boutinguiza e Umm La' Jout Larousi, tendo esta depois de ter sido agredida e empurrada cai ao chão e fica gravemente ferida na cabeça.

 

- A 18 de fevereiro de 2021: Em El Ayoun ocupada, a ativista saharaui Mbarka Lemjeyid, irmã da prisioneira política Sidahmed Lemjeyid, sofreu um assalto à sua casa e foi atacada pelas forças de ocupação marroquinas quando uma amiga a visitou para prestar homenagem a uma irmã falecida.

 

- A 20 de fevereiro de 2021: nova agressão em Bojador contra Sultana Jaya e a sua família durante uma visita de uma ONG; no ataque, roubaram o telemóvel de Abdelhakim Amer com o qual este estava a transmitir os ataques sofridos. As forças de repressão marroquinas também tentaram raptar o seu irmão Wanati.

 

- 21 de fevereiro de 2021: Na ocupada El Ayoun, o saharaui de 20 anos, Bachar Gdan, é espancado por usar a camisa da seleção nacional de futebol argelina. No hospital Ben Mehdi, na mesma cidade, as forças de ocupação marroquinas impediram a sua família de ter acesso ao hospital e recusaram-se a entregá-lo à família. O jovem foi ferido, cortado, teve contusões, inchaçoa, fraturas no maxilar e hematomas na cabeça e outras partes faciais.

 

- A 26 de fevereiro de 2021: o preso político saharaui Abdallah Abbahah, condenado a prisão perpétua na prisão de Tiflet 2, foi sujeito a assédio, maus tratos e insultos por um grupo de guardas acompanhado por um funcionário da administração penitenciária marroquina.

 

A repressão marroquina nos territórios ocupados toma medidas preocupantes à medida que os dias passam desde o início da guerra no Sahara Ocidental. Um aumento drástico da repressão é perceptível a partir de janeiro, e acentua-se em fevereiro com mais crimes sangrentos e crimes de violência. O ativismo tornou-se o alvo do Estado de ocupação marroquino, ativistas saharauis e ativistas dos direitos humanos da sociedade civil nas áreas ocupadas, especialmente as mulheres, tornaram-se alvo de violência desproporcionada por parte da polícia marroquina, que os persegue apenas por razões políticas, com consequências horríveis. Não esquecendo os presos civis e políticos saharauis em greve da fome que sobrevivem em condições desumanas, suportando torturas físicas e psicológicas pelas autoridades prisionais do regime marroquino.

 

A intervenção da Cruz Vermelha Internacional é solicitada para proteger os civis em tempos de guerra, em virtude da 4ª Convenção de Genebra de 1948, à qual Marrocos pertence desde 1956, embora não a tenha respeitado. Apesar de tudo, o SOS lançado pelos saharauis não recebe qualquer resposta, a Cruz Vermelha e a ONU limitam-se a documentar as violações mas nada fazem para as deter e proteger os saharauis no terreno.

 

O mês de Março será incluído no próximo relatório que abrangerá a repressão marroquina dos três meses seguintes.

 

Fontes consultadas: Governo da RASD, CODESA, CONASADH, AFAPREDESA, LPPS e Equipe Media.

Para qualquer dúvida, sugestão, ampliação ou correcção da informação constante do relatório: info@ecsaharaui.com.

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