quarta-feira, 19 de maio de 2021

A advogada dos presos de Gdeim Izik revela que eles foram torturados por ordem das altas autoridades marroquinas por se oporem à sua política repressiva

 

Ingrid Mitton


ECS. Madrid. | A professora Ingrid Mitton, advogada dos presos políticos saharauis do Grupo Gdeim Izik (acampamento da dignidade erigido em 2010 , nas cercanias de El Aiun, nos territótios ocupados do Sahara Ocidental, e destruído a ferro e fogo pelo exército e polícia marroquinos) , revelou que os seus clientes, encarcerados nas prisões marroquinas, foram sistematicamente torturados pelos serviços de segurança marroquinos, sob instruções e ordens de altas autoridades do Reino de Marrocos, com o objectivo de se vingarem da rejeição e do confronto das suas políticas repressivas.

A Dra. Mitton afirmou, numa intervenção durante um seminário digital sobre prisioneiros políticos em Marrocos, que "o facto relevante é que todos os prisioneiros da Primavera Árabe em Marrocos, bem como os presos políticos saharauis, o grupo Gdeim Izik e outros, foram sujeitos a represálias por parte dos serviços de segurança e juízes, que agem de acordo com instruções vindas dos mais altos níveis em Rabat, recorrendo a métodos desprezíveis e indignos.

Na sua intervenção, a advogada francesa confirmou que os membros do grupo Gdeim Izik estão a lutar pacificamente pelos seus direitos, e que os seus julgamentos mostraram que os juízes não eram independentes, recordando os momentos em que se retiravam para consultar autoridades superiores desconhecidas cada vez que tomavam decisões sobre os detalhes processuais mais cruciais.

"Vimos uma negação da verdade e um julgamento fictício em troca do aparecimento de provas oficiais conclusivas no meio do julgamento, mostrando que os detidos foram sujeitos a torturas brutais e tratamentos desumanos para lhes extrairem confissões" - afirma a advogada.

Ingrid Mitton concluiu a sua intervenção no webinar, salientando que "as mentiras de ‘Makhzen’ (poder do palácio real) sobre a alegada democracia e liberdade de expressão em Marrocos são mais uma vez refutadas", acrescentando: "O tribunal acrescentou provas falsas ao processo da acusação, como é actualmente o caso dos jornalistas detidos, cujas vidas estão em risco devido às suas múltiplas doenças e circunstâncias".

De referir que a advogada francesa Ingrid Mitton foi sujeita a violência e expulsão do interior do Tribunal de Recurso de Salé (Marrocos) por membros da polícia marroquina, e foi também impedida de entrar em território marroquino para visitar os seus clientes na prisão. É também o caso da Sra. Claude Mangin, esposa de Neema Asfari, um dos presos de Gdeim Izik, que também está a sofrer esta dupla punição, impedindo-a de ver o seu companheiro.

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