sexta-feira, 14 de julho de 2023

Mina Baali - uma história real, uma mulher vítima da ocupação marroquina

 

 "Conheci de perto a desaparição cruel", conta ao periódico “Brasil de Fato” Mina Baali, sequestrada por policiais marroquinos duas vezes, em 1990 e 1991. Hoje ela é uma das 42 delegadas do último Congresso da Frente Polisário, que vivem nas zonas ocupadas pelo Marrocos.

Mina Baali é filha de militantes da Frente Polisario e tinha apenas 2 anos quando aconteceu a invasão do Saara Ocidental pelo Marrocos. Aos 16 anos, foi sequestrada pela primeira vez. "Fui torturada de muitas formas. Nos primeiros 6 dias fiquei de pé, sem poder comer, nem beber nada, era obrigada a ficar caminhando dentro de uma sala, sem poder sentar ou deitar em qualquer momento", conta.

Mina também fazia parte de uma organização de jovens saarauis que promoviam ações diretas, como protestos e pichações, denunciando o colonialismo marroquino.

"Entre outras coisas tentaram queimar minhas unhas com fogo, fui sexualmente violentada, e soltaram cachorros em cima de mim para que me mordessem. Tudo isso para me obrigar a responder suas perguntas", relata.

Segundo Mina Baali, depois da pressão internacional sobre Marrocos em relação ao seu trato com os saarauis, agora o exército marroquino utiliza outros métodos, que consistem em 'fazer desaparecer' uma pessoa por um tempo curto, como dois ou três dias. Tentam colher algum tipo de informação e em seguida a abandonam em qualquer ponto distante das cidades.

Há ainda casos que eles forçam os detidos a assinar termos que sugerem crimes, como narcotráfico ou roubo, “para simular que são um regime democrático e manchar a imagem do povo saaraui que vive na zona ocupada de maneira ilegal pelo Marrocos”, conta Bali.

"Agora é comum que qualquer pessoa que diga alguma coisa contra o regime marroquino seja punido com 20 anos de prisão", complementa.

Um dos casos mais emblemáticos foi de Sultana Khaya, que passou 19 meses sob cárcere privado na sua própria casa, em Bojador, Saara Ocidental ocupado. O caso aconteceu entre 2020 e 2021. Com ajuda de sua família, Sultana pode documentar o assédio do exército marroquino, que chegou a soldar a porta da sua casa para mantê-la presa.

“Durante esse período cortaram os serviços de água e luz, militares marroquinos invadiam nossa casa, enquanto paramilitares faziam um cerco na parte de fora”, relata.

 

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