sábado, 30 de setembro de 2023

Marrocos optou por uma atitude discreta na Assembleia Geral da ONU. Porquê?

 

Omar Hilale, embaixador do Reino de Marrocos junto da ONU

Sahara-Occidental.net - 28/09/2023 | Este ano, Marrocos reduziu a sua representação na Assembleia Geral da ONU a um mínimo: ao nível de embaixador. Juntamente com Vanuatu, Canadá, San Marino, Benin e Coreia do Norte, Marrocos é um dos seis únicos países que optaram por uma representação reduzida na 78ª Assembleia Geral, apesar da importância deste fórum mundial.

Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, "Rabat deixou a responsabilidade nas mãos do veterano diplomata Omar Hilale", conhecido pelo seu hiper-ativismo nos corredores da ONU. Mas, desta vez, parece que [também ele] está a tentar passar despercebido. Tanto assim que se inscreveu como o último da lista de oradores que subirão ao pódio para proferir o discurso oficial do seu país.

Omar Hilale optou por ser discreto. Apesar do violento ataque à Argélia que dominou o seu discurso de vinte minutos, Hilale parece ter optado pela discrição. O mesmo fizeram os seus dirigentes. Nem o rei Mohamed VI, nem o seu primeiro-ministro, nem o chefe da sua diplomacia, Naser Bourita, se dignaram a representar o seu país na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.


O SG da ONU, António Guterres, recebeu o
SG da Frente POLISARIO, Brahim Ghali

A razão de tal ausência poderia ser a forte presença da Argélia na pessoa do Presidente Abdelmayid Tebún e a sua insistência no apoio do seu país ao direito do povo saharauí à autodeterminação e à independência. Perante uma audiência ilustre, o chefe de Estado argelino colocou em pé de igualdade as causas saharaui e palestiniana, o que teria irritado fortemente os dirigentes marroquinos. A sua presença teria eclipsado a de um rei conhecido pelo seu narcisismo e arrogância.

As autoridades marroquinas poderiam ter escolhido o método do primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau, que não participou nas discussões, mas esteve presente nos corredores em vários eventos paralelos e teve um programa intensivo de contactos durante a semana passada. Mas mesmo nos corredores, Marrocos fez-se notar pela sua ausência.

Para que o Makhzen abandone o campo de batalha diplomático e o deixe à mercê do seu eterno inimigo, a Frente Polisario, devem existir razões muito fortes, como por exemplo evitar encontros indesejáveis com o secretário-geral da ONU, que recentemente recebeu o presidente saharaui em Nova Iorque a título oficial, ou com os americanos que acabam de o obrigar a aceitar que o enviado da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura, visite os territórios ocupados por Marrocos.


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