sábado, 1 de novembro de 2025

EUA impõem plano marroquino como “base” de negociação para solução no Sahara Ocidental, com abstenção da Rússia e da China

 

Conselho de Segurança. Foto UN

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou esta sexta-feira a renovação, por mais um ano, da Missão da ONU para o Referendo do Sahara Ocidental (MINURSO). A resolução, redigida pelos Estados Unidos, propõe o plano de autonomia marroquino como “base credível e realista” para uma solução duradoura, numa formulação que tem sido interpretada como um afastamento do princípio da autodeterminação do povo saharaui.

O texto foi aprovado com 11 votos a favor e três abstenções — Rússia, China e Paquistão —, enquanto Argélia optou por não participar. Washington saudou a “votação histórica”, defendendo que o plano apresentado por Rabat em 2007 “deve servir de única base para negociações sérias entre as partes”.

Vários países europeus, como Dinamarca e Eslovénia, alertaram, contudo, que o texto “não altera o estatuto do território”, reconhecido pela ONU como não autónomo e pendente de descolonização, e reiteraram que “a autodeterminação é um direito inalienável que não pode ser imposto ou retirado”.

Argélia, principal apoiante da Frente Polisario, lamentou “uma oportunidade perdida” para relançar negociações equilibradas, denunciando um texto “desequilibrado e insuficiente” que “privilegia as ambições territoriais de uma das partes”.

A Rússia e a China criticaram o processo, acusando Washington de “impor a sua posição nacional” e de “romper com a prática de consenso do Conselho”. Moscovo advertiu que a resolução “não descongela um conflito que dura há quase cinco décadas”, enquanto Pequim defendeu “uma solução política justa e mutuamente aceitável” que garanta o direito saharaui à autodeterminação.

A nova resolução mantém o mandato da MINURSO até outubro de 2026, mas aprofunda as divisões no seio do Conselho e reforça a influência diplomática de Marrocos, que ocupa o território do Sahara Ocidental desde 1975.

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