Depois de quase dois meses de ausência, o movimento juvenil marroquino “Gen Z 212” voltou a manifestar-se na quarta-feira, 10 de dezembro, em Rabat e noutras cidades do país, exigindo a libertação de 2.480 pessoas processadas na sequência das mobilizações de setembro e outubro. A informação é avançada pelo jornal Le Monde, num artigo de Simon Roger e Célia Cuordifede.
Em Rabat, cerca de uma centena de jovens concentrou-se junto ao Parlamento, entoando palavras de ordem como “liberdade, dignidade e justiça social”. Protestos de dimensão semelhante ocorreram em cidades como Casablanca, Fez, Meknès e Tânger, numa mobilização convocada nas redes sociais para assinalar o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
O movimento surgiu após a morte de oito mulheres num hospital de Agadir, em agosto, e rapidamente agregou reivindicações mais amplas, como melhorias na saúde e educação, combate à corrupção e acesso ao emprego, chegando a pedir a demissão do Governo de Aziz Akhannouch. A resposta das autoridades foi uma repressão considerada sem precedentes desde os atentados de Casablanca de 2003, segundo organizações de direitos humanos.
De acordo com dados oficiais citados pelo Le Monde, mais de 3.300 pessoas foram inicialmente libertadas, mas 1.500 jovens permaneciam detidos e cerca de 950 aguardavam julgamento em liberdade provisória no final de outubro. A vaga repressiva levou o movimento a reduzir a sua presença no espaço público, regressando agora de forma mais cautelosa.
Analistas citados pelo jornal consideram que o “Gen Z 212” é herdeiro dos movimentos sociais das últimas décadas e reflete o profundo descontentamento de uma geração que se sente excluída e sem perspetivas. Apesar da repressão, os organizadores afirmam que o movimento continua ativo, com foco no apoio jurídico aos detidos, na mobilização internacional da diáspora e na reorganização interna.


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