A militante saharaui dos direitos humanos Aminetou Haidar, afirmou
ontem em Roma, em entrevista à APS, que a situação dos Direitos do Homem nos territórios
saharauis ocupados "continua insustentável", sublinhando que as
autoridades marroquinas continuam a reprimir os cidadãos saharauis cada vez que
estes reivindicam os seus direitos.
"A situação em que vivem as populações saharauis nos territórios
ocupados é dramática e insustentável", afirmou Haidar, que deplora o facto
dessas populações enfrentarem uma repressão "feroz" todas as vezes
que protestam pacificamente para que lhe sejam restituídos os seus direitos.
Segundo a militante saharaui, que acaba de receber a
distinção de cidadã de honra de dois municípios italianos da Província de Florença,
cada vez mais, e apesar da repressão, os saharauis se manifestam contra a
ocupação das suas terras e a pilhagem dos seus recursos naturais por Marrocos e
seus aliados ocidentais.
"Posso afirmar enquanto militante dos direitos humanos
que foi já muitas vezes detida, encarcerada, torturada e maltratada, que as
autoridades marroquinas de ocupação não hesitam, a todo o momento, em recorrer à
força para fazer calar todas as vozes que denunciam o estado deplorável em que
se encontram os cidadãos saharauis", afirmou Aminetou Haidar, a propósito
da situação prevalecente nos territórios ocupados.
Haidar lamenta o facto de "Marrocos prosseguir inabalavelmente
a sua política de flagrante negação desses direitos", apesar de inúmeros
relatos de ONGs internacionais, observadores independentes ocidentais e de
órgãos de comunicação internacionais que constatam e relatam as violações
sistemáticas dos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais de
que é alvo o povo saharaui.
"As autoridades de ocupação gozam da cumplicidade de
países ocidentais e europeus interessados no saque dos
nossos recursos naturais", afirma.(…)
Aminetou Haidar sublinha que as forças marroquinas de repressão
"não cessaram com a sua brutalidade " contra os saharauis — jovens,
homens, mulheres, anciãos —, nem mesmo durante a recente visita duma
personalidade internacional reconhecida, e Enviado Pessoal do Secretário-geral
das Nações Unidas para o Sahara Ocidental, o embaixador Christopher Ross.
Nesse dia, conta, "escapei a um assassinato com arma
branca depois de me ter encontrado com o senhor Ross", revelando que
desconhecidos a haviam sequestrado em sua casa juntamente com a sua filha.
"Como não conseguiram atentar contra a minha vida, destruíram
o mau carro", acrescenta.
Haidar deplora que, neste contexto, " Marrocos goze de
impunidade", embora hoje, com a Internet e as redes sociais, a verdade,
durante tantos anos escondida, possa ser mostrada todos os dias à opinião
pública internacional.
Aminetou faz questão de se dirigir ao povo marroquino, que
qualifica de «irmão», assegurando que o povo saharaui "não é contra
ele."
"O povo e o governo do saharauis opõem-se ao regime
marroquino e à sua política de ocupação da nossa terra", afirmou,
acrescentando que o povo marroquino, ele próprio, tem o direito de viver em paz
e em democracia.
Por último Aminetou Haidar lança um apelo à comunidade
internacional e, nomeadamente, aos países europeus, para que façam pressão
sobre o governo marroquino a fim de que este ponha termo à ocupação dos
territórios do Sahara Ocidental e às violações dos direitos do povo saharaui.
Haidar afirma que a resolução do problema saharaui terá
consequências "positivas" para a estabilidade da região.
(SPS)
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