Neste blog já o
afirmei: a relação de França com Marrocos não ia ser igual com Hollande. As
relações íntimas de Sarkozy com a estrutura de poder marroquina levaram a pôr
em sério risco a França. E Hollande decidiu manter distâncias com o “majzen”,
suas estruturas ou agentes. Há indícios para pensar que essa pode ser uma das
razões por que a empresa Renault decidiu adjudicar a Espanha o seu novo plano
industrial.
I. HOLLANDE
VENCE SARKOZY, CANDIDATO DO MAJZEN, E A RELAÇÃO FRANCO-MARROQUINA JÁ NÃO É A
MESMA
Neste blog
deixei escrito que a vitória de Hollande sobre Sarkozy foi vivida com grande
preocupação pelo “majzen”. O “majzén” havia conseguido entrar na intimidade do
poder francês e isto não pôde deixar de suscitar alarme nos centros de
inteligência e segurança da República Francesa.
No dia 16 de
maio do corrente ano, escrevi um artigo intitulado, Sahara Ocidental, derrota
de Sarkozy e pânico de Mohamed VI: há motivos. Onde afirmava:
La infiltración de la inteligencia marroquí en
Francia ha alcanzado tal nivel que ha provocado la alarma de los centros de
inteligencia y de poder que ven, con asombro, que en vez de ser como hasta hace
poco Rabat un "neoprotectorado" de Francia, la relación
franco-marroquí está mutando hasta el punto de convertir (vía corrupción
"tous azimouts") a Francia en un elemento subordinado al majzen por
la vía del chantaje.
Nesse artigo publiquei,
pela primeira vez a nível mundial, a informação sobre a posição favorável ao
direito internacional no conflito do Sahara Ocidental defendida por Ayrault, a
pessoa que Franços Hollande nomeou como primeiro-ministro.
Mais tarde, a
25 de maio, escrevi outro artigo em que indicava que Mohamed VI tinha
fracassado no seu intento de conseguir o apoio de Hollande para o seu veto ao
Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross.
II. RENAULT,
UMA EMPRESA CUJO MAIOR ACIONISTA É O ESTADO FRANCÊS, CRIA UMA FÁBRICA EM TÂNGER
NO MANDATO DE SARKOZY... MAS HOLLANDE DECIDE QUE OS NOVOS INVESTIMENTOS SE
FAÇAM EM ESPANHA.
O Estado
francês é o acionista maioritário da empresa automobilística
"Renault". Daí que, nas decisões económicas desta empresa, a política
do governo francês seja mais do que relevante.
Foi sob o
mandato de Sarkozy que a Renault decidiu criar uma fábrica em Tânger, em 2007,
inaugurada no ano de 2012.
Esta
inauguração fez pensar que alguma das fábricas da Renault em Espanha poderia
desaparecer em 2013.
No entanto, com
a chegada de Hollande ao poder tudo mudou. Renault anunciou que adjudica a
Espanha o seu novo plano industrial, que prevê a criação de 1.300 postos de
trabalho. A imprensa espanhola disse que as fábricas espanholas se impuseram às
"francesas e turcas" ... "esquecendo-se" de que também se
impuseram à fábrica ... marroquina!
É normal que
uma fábrica recém-inaugurada e onde os salários e outros custos são
significativamente mais baixos seja preterida?
Ninguém pode
pensar que não.
Mas em França,
como em quase todos os países do mundo, a economia está ligada à política. Por
isso, creio que a decisão da Renault de optar por Espanha poderá ser
interpretada como um "castigo" ou um "aviso" a Mohamed VI.
Em todo o caso,
é uma boa notícia para Espanha... e uma má notícia para Mohamed VI.
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