domingo, 29 de dezembro de 2013

«É tempo de fazer respeitar plenamente os direitos do povo saharaui»


Kerry Kennedy e J. Bardem assinam artigo de opinião no “Le Monde”

Empenhados desde há anos na defesa do povo saharaui pela sua autodeterminação, Kerry Kennedy, presidente do Centro Robert-F. Kennedy para a Justiça e os Direitos Humanos, e Javier Bardem, ator espanhol, criticaram ontem nas páginas do “Le Monde” a passividade da comunidade internacional, que tem como consequências as contínuas violações dos direitos humanos na última colónia de África.

"Até agora a comunidade internacional adotou uma estratégia de anulação e passividade, ignorando desde há décadas a promessa do referendo e de respeito do direito do povo saharaui para decidir o seu futuro; e este silêncio permite a prática de violações dos direitos humanos. As contínuas violações dos direitos humanos dos saharauis resultam desta indiferença da comunidade internacional (...) ", escrevem os signatários do artigo. Para eles, a comunidade internacional "não pode continuar a fugir às suas responsabilidades históricas, políticas, jurídicas e morais em relação ao povo do Sahara Ocidental".

Não apoiar a criação de um mecanismo para proteger os direitos humanos no seio da MINURSO e continuar a fechar os olhos à situação "irá resultar num aumento de atos de tortura, detenções arbitrárias, espancamentos, desaparecimentos e perseguição de mulheres, crianças e homens saharauis inocentes", advertem.

A ampliação do mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) é uma reivindicação da Frente Polisario e dos amigos do povo saharaui, e sobretudo um pedido especialmente insistente dos relatores especiais da ONU, do Secretário-geral das Nações Unidas, do alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e de muitas organizações locais e internacionais, sublinham Kerry Kennedy e Javier Bardem.


"Não há nenhuma razão válida para não incluir um mandato para os direitos humanos numa missão de paz da ONU. Ora, a ONU foi fundada'' para promover a cooperação internacional e conseguir a paz e a segurança'' e nenhum dos representantes oficiais da ONU com quem contactámos foi capaz de dar uma resposta sobre a falta de um mecanismo de monitoramento dos direitos humanos direitos na MINURSO. Este silêncio mostra que não há nenhuma razão válida para se opor a uma missão de direitos humanos. A vergonha impede os decisores políticos de tentar encontrar uma solução lógica para esta situação", lembram os signatários da tribuna.

Sublinham que a MINURSO é a única missão "moderna" de manutenção de paz das Nações Unidas cujo mandato não prevê a missão de identificar e denunciar as violações dos direitos humanos. Nos territórios saharauis ocupados, que eles visitaram várias vezes, Kennedy Bardem testemunham "desaparecimentos, torturas, detenções arbitrárias, brutalidades policiais e militares, intimidações, vigilância e espancamentos de muitas vítimas" saharauis.

Bardem e Kerry Kennedy não deixam de enfatizar a "responsabilidade especial" da França e da Espanha face ao povo saharaui. Consideram que "é hora de fazer respeitar plenamente os direitos fundamentais do povo saharaui através da criação de um mecanismo permanente para a proteção dos direitos humanos."


Fonte: El Watan

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