Yassine Mansouri, o chefe dos serviços secretos marroquinos |
Os serviços secretos marroquinos organizaram operações de
infiltração nos acampamentos de refugiados saharauis de Tindouf para atentar
contra a reputação da Frente Polisario e intentar demonstrar um presumível
envolvimento dos seus militantes nas atividades das redes terroristas e
mafiosas no Sahel. Um objetivo perseguido desde há muito tempo pelo Majzen
marroquino que não cessa de lançar acusações aos saharauis para desestabilizar
a Frente Polisario e privá-la do apoio internacional à sua luta por restaurar
os direitos usurpados do seu povo e sua soberania sobre suas terras e riquezas.
Argelinos, alguns deles de origem saharaui, foram recrutados
em Tindouf para levar a cabo atividades subversivas nos acampamentos de
refugiados saharauis. Neste contexto, um vasto tráfico de haxixe foi organizado
com o objetivo de acusar o movimento saharaui de cumplicidade com os
traficantes de drogas e as organizações terroristas.
Oficiais do exército marroquino instalados no muro de defesa
e agentes colocados em Zouérate, cidade mauritana fronteiriça com o Sahara
Ocidental, encarregavam-se de proporcionar a "mercadoria" aos
narcotraficantes. Nos acampamentos de refugiados, outros agentes tratam de
avivar o fogo da rebelião contra a direção da Frente Polisario. Em outubro, uma
manifestação foi organizada frente à sede da presidência saharaui para
protestar contra as medidas adotadas pela Frente Polisario para combater o contrabando
de combustível. Em dezembro, outro grupo bloqueou a entrada a Rabouni, onde se
encontram as principais sedes administrativas saharauis.
Mustafa Selma Sidi Moulud, foto da agência noticiosa marroquina MAP |
O sucesso mediático do recrutamento de Mustafa Salma Sidi
Mouloud encorajou os serviços secretos marroquinos a redobrar as suas operações
nos acampamentos de refugiados saharauis de Tindouf. Com esse objetivo, os
marroquinos não poupam meios. Segundo o website Bladi, com base em informações
recolhidas pelo jornal libanês Addiyar, o orçamento da DGED (2) ronda os mil
milhões de dólares ano.
Um mês após o folhetim de Mustafa, dois cooperantes espanhóis
e uma italiana são raptados de Rabouni, sede das principais administrações da
RASD. A Al-Qaida nega qualquer implicação na operação. Uma semana depois, um misterioso
movimento reivindica o rapto. Designa-se Movimento para a Unicidade e a Jihad na
África Ocidental (MUJAO). As consequências são nefastas para os saharauis. São
acusados de cumplicidade com os raptores. Pior ainda, a Espanha decide evacuar
os seus cooperantes dos acampamentos de refugiados. As suspeitas dos saharauis recaem
rapidamente sobre os serviços secretos marroquinos. Tanto mais que o MUJAO, em
vez de dirigir as suas operações contra os países da África Ocidental, não visa
outra coisa que não seja a Polisario e a Argélia. Esta é visada enquanto
principal aliada dos saharauis. As ações visam igualmente minar a posição da
Argélia como parceiro numero 1 dos EUA na luta antiterrorista no Sahel contra a
Al Qaida do Maghreb islâmico (Aqmi).
Operações similares foram levadas a cabo na Líbia, onde em
janeiro de 2011, dois marroquinos foram detidos pela Agência Líbia de Segurança
Exterior. Executavam um plano para "violar a integridade territorial da
Argélia, Líbia e Tunísia".
O presidente mauritano escapou a uma tentativa de assassinato |
Em Nouakchott, a Mauritânia ordenou em dezembro de 2011 a um
agente que atuava sob a cobertura de correspondente da agencia noticiosa oficial
marroquina MAP, que abandonasse o território mauritano devido à sua atividade
ligada aos serviços secretos. Pior, certas fontes acusam os serviços marroquinos
de estarem por detrás da tentativa de assassinato do Presidente mauritano Mohamed
Ould Abdelaziz.
O Centro Nacional de Inteligência (CNI ) espanhol, por seu
lado, expulsou, em maio de 2013, Nour-Eddine
Ziani um marroquino acusado de ser "agente" da DGED e de atentar
contra a segurança do Estado devido à sua "relação" com o Islamismo
radical.
Os serviços de inteligência marroquinos são muito ativos em
Espanha relativamente à questão do Sahara Ocidental. Já em 1990,
foi descoberta uma «toupeira» no Ministério de Negócios Estrangeiros espanhol
que tinha passado a Marrocos um relatório confidencial sobre o conteúdo de uma
reunião entre o então ministro de Negócios Estrangeiros espanhol, Francisco
Fernandez Ordonez, e um responsável da Frente Polisario.
Em 2008 , dois espiões marroquinos receberam ordem de sair da
Bélgica, onde além de perseguirem a comunidade marroquina residente neste pais,
haviam organizado manifestações frente à embaixada argelina em Bruxelas. Na
sequência desta decisão, a DGED fechou a sua antena na capital belga.
Fonte: diaspora saharaui
1 - Omar Hadrami. Nascido perto de Smara, foi um dos
fundadores da Frente Polisario em 1973 e responsável pela segurança da
organização durante muitos anos. Desertou para Marrocos em 1990. Viria a ser
acusado por muitos militantes saharauis de torturas e violações dos DDH tanto
contra os presos de guerra marroquinos como contra os próprios saharauis
residentes nos acampamentos de refugiados.
2 - DGED (Direction Générale des Études et de la Documentation) serviço de informações e de contraespionagem marroquino. A DGED está diretamente ligada ao Palácio Real. Desde 2005 que é dirigida por Mohamed Yassine Mansouri, amigo de infância do rei Mohamed VI.
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