segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sahara : Má notícia para Marrocos, a esquerda sueca retoma o poder


Stefan Löfven, líder dos sociais-democratas, provável próximo primeiro-ministro sueco

Yabiladi.com – órgão da Imprensa marroquina - publica hoje um artigo que reflete bem o pânico das autoridades do Reino de Marrocos relativamente à provável evolução da questão do Sahara Ocidental na cena internacional, em particular na Europa e, mais precisamente, nos países do norte do continente europeu, de que a Suécia poderá vir a ser o primeiro exemplo. Eis o artigo:


A esquerda sueca venceu as eleições legislativas de domingo (14 de setembro). Uma má notícia para Marrocos. E de que maneira, já que foi esta mesma esquerda que conseguiu, há quase dois anos, convencer a maioria dos membros do Parlamento a reconhecer a "RASD".

Os sociais-democratas estão de volta ao poder em Estocolmo. Eles foram os mais votados nas eleições, que tiveram lugar ontem. É mais uma má notícia para Marrocos. A esquerda sueca foi a principal responsável da decisão do parlamento nacional, adotada no início de dezembro de 2012, pedindo ao governo, então chefiado pelos conservadores, o reconhecimento da "RASD". O que seria a primeira na Europa.
Hoje, toda a imprensa internacional é unânime em afirmar que o chefe de fila dos sociais-democratas, Stefan Löfven, um antigo soldador de 57 anos convertido à política, terá que formar uma coligação de esquerda. Ele terá necessariamente que se voltar para os Verdes e para o Partido de Esquerda (antigos comunistas).



Para Marrocos, o perigo vem dos Verdes e do Partido de Esquerda

Justamente, esta última formação não se priva de propagar publicamente as suas proximidades com a Polisario. O seu líder, Jonas Sjöstedt, é de resto um fervoroso partidário do reconhecimento pelo Estado sueco da autoproclamada "RASD". Para ele, o combate contra a ocupação da Palestina por Israel e a questão do Sahara Ocidental são duas prioridades da política externa do seu partido. Isso mesmo o exprimiu no dia 1 de maio de 2012, durante um comício em Estocolmo, por ocasião da Festa do Trabalho.
A mesma história com os Verdes, outro futuro parceiro dos sociais-democratas. Para a formação de Löfven, será difícil neste contexto resistir durante muito tempo às pressões dos seus aliados sobre o ‘dossier’ do Sahara Ocidental.

A diplomacia marroquina instada a reagir rapidamente

Mas uma questão se coloca. De dezembro de 2012 a 14 de setembro de 2014 o que fez Marrocos para virar o jogo a seu favor? Na realidade, não grande coisa. À exceção da deslocação de delegações parlamentares à Suécia, no decurso das quais os deputados marroquinos se limitaram a ter reuniões com os conservadores, mais ou menos compreensivos em relação às posições marroquinas. Porém, nenhum diálogo real foi iniciado com os partidos que apoiam abertamente a Frente Polisario, como os ex-comunistas ou os Verdes.
Na véspera da votação do parlamento Sueco apelando o seu governo a reconhecer a "RASD", Rabat mostrou-se bastante satisfeita com uma declaração do ministério dos Negócios Estrangeiros que precisava que, «na Suécia, é o governo que decide em matéria de reconhecimento de um Estado». Ironia do destino, quase dois anos mais tarde, são os promotores da famosa proposta de dezembro de 2012 que estão agora no governo.
O regresso da esquerda ao poder na Suécia ocorre alguns dias depois da nomeação da italiana Federica Mogherini, uma simpatizante da Polisario, como chefe da diplomacia europeia.


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