O reconhecimento da
República Árabe Saharaui Democrática foi o tema da intervenção que a presidente
do Coletivo de Defensores Saharauis dos Direitos dos Saharauis (CODESA),
Aminetu Haidar, proferiu ontem, quinta-feira, na sede do Parlamento sueco, em Estocolmo.
A conhecida ativista saharaui, homenageada com inúmeros prémios pela sua
trajetória em prole da Paz e o respeito dos Direitos Humanos, e especialmente a
sua defesa do reconhecimento do direito de autodeterminação do povo saharaui, foi
convidada para a esta conferência num momento marcado pela escalada de
hostilidade por parte de Marrocos em relação ao Reino da Suécia ante a possibilidade
do reconhecimento por este país do Estado saharaui.
Recorde-se que o Governo
marroquino proibiu a abertura da megaloja da empresa IKEA como represália
contra o Governo sueco ante a sua posição face ao direito de autodeterminação
do povo saharaui, tendo enviado inclusive uma delegação em representação de
todos os partidos políticos marroquinos, que acabaram por não ser recebidos de
forma oficial por não estar prevista a visita. Agora, repetiu-se a mesma jogada
por parte do Governo marroquino enviando membros do CORCAS (Conseil Royal
Consultatif pour les Affaires Sahariennes) para combater a presença de Aminetu e
abortar a sua intervenção no Parlamento. Estes representantes do Governo
marroquino, ante a sua clara intenção de fazer abortar a intervenção, da
ativista saharaui, foram expulsos pela polícia sueca e declararam mesmo que tinham
sido expulsos "como se fossem delinquentes".
Organizada pelo
Partido Social Democrata, no poder, e pelo Partido dos Verdes, presente na
coligação governamental, assim como a organização “EMAUS” e a Fundação “Olof
Palme”, em coordenação com a Representação da Frente POLISARIO em Estocolmo,
teve lugar esta quinta-feira na sede do Parlamento sueco uma conferência sob o
tema “Sahara Ocidental: 40 anos de Ocupção”.
A conferência teve grande
assistência, com mais de 200 personalidades entre políticos, investigadores, jornalistas
e membros da comunidade saharaui na Suécia.
A ativista saharaui
dos direitos humanos, Aminetu Haidar, proferiu uma longa intervenção focada na “realidade
dos direitos humanos nas zonas ocupadas do Sahara Ocidental, assim como as
constantes violações e abusos das forças de ocupação marroquinas contra os
civis saharauis que exigem o seu legítimo direito à liberdade e à independência”.
Aminetu Haidar falou
também sobre “os julgamentos arbitrários dos civis saharauis e a falta das
mínimas condições de justiça, assim como as difíceis condições que enfrentam os
ativistas saharauis sempre que solicitam os documentos necessários para viajar e
as intimidações que sofrem, principalmente durante a visita de observadores
internacionais às zonas ocupadas, destacando que a tortura se converteu numa
política de Estado aplicada pelas autoridades de ocupação marroquinas para
reprimir os saharauis”.
A também ativista saharaui
de direitos humanos, Rabab Ameidán, falou sobre a “sua experiencia com as intimidações
sofridas às mãos das autoridades de ocupação, nomeadamente nas universidades
marroquinas”; e a diplomata saharaui Senía Abderrahman fez “uma apresentação detalhada
sobre as difíceis condições nos acampamentos de refugiados e o deficit existente
na ajuda humanitária destinada a minimizar essas condições”.
Jens Orback, Presidente da Fundação Olof Palme |
Por seu lado, o presidente
da Fundação “Olof Palme” e ex-ministro da Educação sueco, Jens Orback, falou sobre
“o papel da cultura da tolerância e o respeito na construção da paz mundial,
que deveria basear-se no respeito do direito dos povos à autodeterminação”.
O representante do Partido
Social Democrata e Presidente da Comissão de Relações Exteriores no Parlamento,
Kenneth Forslund, recordou “a posição de seu partido durante o seu último
congresso em que defendeu o reconhecimento oficial do Estado Saharaui, afirmando
que todos os partidos políticos suecos coincidem na necessidade de reconhecer a
RASD”.
O representante do PSD Sueco, Kenneth Forslund |
O jornalista Frederik
Laureen, autor de um livro sobre o Sahara Ocidental com o título “A Pátria
Silenciada”, falo una sua intervenção sobre “os recursos naturais saharauis e a
importância estratégica do Sahara Ocidental, assim como as atividades de espoliação
que levam a cabo empresas estrangeiras de forma ilegal e as atividades comerciais
ilegais de que beneficiam os homens do Makhzen,
principalmente no que diz respeito a recursos pesqueiros”.
O Professor de Direito
Internacional, Paul Orange, na sua intervenção, falou sobre “a dimensão jurídica
do conflito no Sahara Ocidental e referiu que, depois de um profundo estudo, chegou
à conclusão de que é um dever que a Suécia reconheça oficialmente a RASD porque
isso estará em conformidade com a legalidade internacional”.
A representante do Partido
dos Verdes, Pinilia Stall, afirmou que “todos os povos têm direitos a viver em liberdade,
seja na Suécia ou no Sahara Ocidental, e recordou a decisão do Parlamento sueco
de reconhecer o Estado Saharaui em 2012, destacando que a impotência das Nações
Unidas de impor uma solução pacífica para o conflito é uma razão mais para que o
seu país reconheça a República Saharaui”.
Fontes: spsrasd / UNMS
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