terça-feira, 19 de abril de 2016

MNE espanhol avisa para a possibilidade da ONU apenas prorrogar por dois meses a MINURSO




Evita responder à pergunta se considera uma alternativa morta a realização de um referendo que inclua a opção da independência

O Conselho de Segurança da ONU poderá prorrogar apenas por dois meses más o mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), ante a falta de acordo no seio do principal órgão decisório da organização em matéria de paz e segurança.

O ministro [espanhol] dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação em funções, José Manuel García-Margallo, referiu-se esta terça-feira a esta possibilidade, em vésperas do Conselho de Segurança debater esta questão numa reunião que deverá realizar-se antes do próximo dia 30 de Abril, data em que expira o mandato da MINURSO.

"Estamos à espera que os EUA (...) nos enviem o primeiro esboço (de resolução) para que, quanto antes, possamos estudá-lo e, eventualmente, aprová-lo. Se isso não for possível recorrer-se-ia à fórmula de prorrogação técnica por dois meses", referiu o ministro, que evitou responder à pergunta se considerada descartada a realização de um referendo de autodeterminação no Sahara que inclua a independência.

Se bem que nos últimos anos o Conselho de Segurança tenha renovado por um ano o mandato da MINURSO, em ocasiões anteriores já se teve que recorrer à prorrogação de dois meses. Isso ocorreu, por exemplo, quando em 2003 foi apresentado a Marrocos e à Frente Polisario o segundo 'Plano Baker', que previa um período provisório de autonomia para o Sahara a que se seguiria a realização de um referendo de autodeterminação num espaço máximo de cinco anos.

AMBIENTE ENRAIVECIDO

O chefe da diplomacia [espanhola] em funções reconheceu que o ambiente está "enraivecido" depos do enfrentamento que tiveram Marrocos e o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, depois deste se ter referido à "ocupação" marroquina do Sahara durante a sua recente visita aos acampamentos de refugiados saharauis em Tindouf.

Rabat protestou de maneira enérgica expulsando de El Aaiún o pessoal civil da MINURSO e anulou a sua contribuição voluntária para o funcionamento da missão. Ban, por seu lado, não ocultou a sua irritação pela manifestação organizada em Marrocos em protesto pelo apoio que mostrou aos refugiados saharauis em Tindouf.

García-Margallo espera que este clima de tensão seja algo "temporal" e afirmou que Espanha "não alterou a sua posição desde há muito tempo". "Defendemos uma solução pacífica, estável e negociada que reconheça o princípio da livre determinação do povo saharaui no âmbito das resoluções e de acordo com os princípios das Nações Unidas", disse.

"Espanha continua a ter uma participação muito ativa no Sahara e uma cooperação muito intensa do ponto de vista humanitário", acrescentou.

A semana passada, o PP foi o único partido que não subscreveu uma declaração proposta por todos os grupos políticos no Congresso que insta o Governo a "assumir um papel mais ativo" como membro do Conselho de Segurança da ONU na procura de uma solução "urgente, justa e definitiva" que inclua a realização de um referendo de autodeterminação "livre e democrático" para o povo saharaui.

Fonte: MADRID, 19 (EUROPA PRESS)/La Vanguardia


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