segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Sinais de uma crise entre Marrocos e os Emirados Árabes Unidos. Website dos Emirados entrevista o presidente saharaui Brahim Ghali

 


 AF – Argel - Depois de durante muitos anos os meios de comunicação social dos EAU se terem entrincheirado nas fileiras da ocupação marroquina do Sahara Ocidental, eis que o website 'Erem News' causou uma grande surpresa através de uma entrevista ao presidente saharaui Brahim Ghali.

O site erem news dos Emirados entrevistou o Presidente saharaui Brahim Ghali, na qual este retoma a crise fabricada por Marrocos contra a Tunísia devido à participação da República Árabe Saharaui na cimeira “TICAD 8” na Tunísia.

Neste diálogo, o presidente saharaui considerou que a posição indignada de Marrocos em relação à Tunísia é muito exagerada, acusando Rabat de praticar “chantagem” contra a Tunísia depois de esta o ter recebido com uma delegação oficial para participar na cimeira “TICAD 8”.

Brahim Ghali recebido pelo Presidente tunisino durante a TICAD 8


Ghali diz que a Tunísia teve um sucesso retumbante em acolher a Cimeira de Tóquio para o Desenvolvimento Africano (TICAD), apesar de todas as tentativas vergonhosas de a frustrar ou de comprometer a soberania, a reputação e a posição da Tunísia a nível regional, continental e internacional.

Comentando a controvérsia que acompanhou a sua participação na cimeira, e a posição irada de Marrocos sobre esta iniciativa, Ghali afirmou: "Os africanos resolveram claramente em 2015, na Cimeira de Joanesburgo a questão da participação de todos os Estados membros da União Africana em qualquer parceria em que a União se comprometa. Dois anos antes do regresso de Marrocos à União Africana, consideraram que se tratava de um direito ligado à adesão e que isso não era negociável, rejeitando qualquer interferência a este respeito de partes parceiras ou outras.

O dirigente saharaui acrescentou que os membros da União Africana "resolveram também a candidatura para acolher a cimeira (TICAD 8) organizada pela União Africana com o seu parceiro japonês e outros patrocinadores, e depositaram a devida confiança na Tunísia, que demonstrou não só a sua capacidade de organizar um evento de tal envergadura, mas também a sua estrita adesão aos princípios do direito, à Assembleia Constituinte da União Africana, bem como a normas diplomáticas bem conhecidas, para não mencionar a sua adesão à sua decisão independente como fórum livre

Ghali sublinhou: "Recebemos um caloroso acolhimento por parte do Presidente tunisino Kais Saied, em pé de igualdade com todos os chefes de Estado, de governo e de delegações, sem discriminação entre os membros da União Africana, e foi isto que os países anfitriões fizeram, antes e depois da adesão do Reino de Marrocos à União Africana.

Relativamente à convocação do embaixador marroquino na Tunísia, Ghali afirmou: "Se o Reino de Marrocos convoca o seu embaixador simplesmente porque a Tunísia recebe o chefe de um Estado membro fundador da União Africana, há muitos países no mundo, em África e na América Latina que não se contentam com a habitual receção oficial, mas estabelecem relações diplomáticas plenas com a República Saharaui, acolhendo as suas embaixadas, bem como as embaixadas do Reino de Marrocos, então porque é que o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino não cortou relações diplomáticas com esses países nem fez declarações cheias de ameaças e de desprezo, como a que fez contra a Tunísia?

Na sua entrevista ao website dos Emirados, Ghali afirmou que "a República Saharaui e o Reino de Marrocos participaram em muitas cimeiras de parceria, incluindo com a presença pessoal do Rei de Marrocos ao seu lado, como foi o caso na cimeira de parceria África-Europa" na Costa do Marfim, 2017, e com as suas delegações oficiais na ocasião. O mesmo aconteceu em Moçambique, Japão e Bruxelas, sem esquecer a presença permanente das delegações dos dois países nas várias cimeiras, conferências e actividades da União Africana, desde a adesão do Reino de Marrocos, no início de 2017.

 

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