sexta-feira, 5 de maio de 2023

Regime marroquino reprime jornalistas saharauis




Por Jesús Cabaleiro Larrán - Periodistas en español - 05/05/2023

A União dos Jornalistas e Escritores Saharauis (UPES), por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, apelou à protecção dos jornalistas nas cidades saharauis controladas por Marrocos.

Mohamed Lamin Haddi - Hassan_Dah - Mahmud Khambir

No balanço do ano, a UPES destaca a deterioração dos direitos humanos e o assédio e a violência contra jornalistas, bloguistas e ativistas saharauis. Recorda também o bloqueio informativo, que impede a liberdade de expressão e o encerramento sistemático do território à presença de jornalistas e observadores internacionais.

Os jornalistas e os profissionais da comunicação social nas zonas ocupadas do Sahara Ocidental vivem  "sob a realidade do cerco, do assédio e dos ataques da ocupação marroquina, em flagrante desrespeito pelas regras do direito internacional humanitário e do direito internacional dos direitos humanos".

El Bachir Khada

A ocupação marroquina "ataca-os deliberadamente através de todas as formas sistemáticas de agressão com todas as formas de repressão direta e indireca, numa tentativa de cercar e mesmo impedir a verdade".

Durante doze meses, a UPES registou a detenção de numerosos jornalistas para "os submeter a torturas e represálias pelo seu trabalho de jornalistas que relatam a realidade e denunciam as práticas, métodos e políticas sistemáticas da ocupação marroquina".

A UPES denuncia que os jornalistas são "constantemente perseguidos e os seus equipamentos, como máquinas fotográficas, telemóveis e outros, confiscados para os impedir de documentar os crimes de tortura e repressão contra civis, ativistas políticos e dos direitos humanos em geral, a repressão das manifestações, a captação de cenas de violação, os crimes contra a humanidade e  de guerra cometidos pela ocupação marroquina".


Khatri-Faraji-Dadda


A UPES, assim como a equipa de repórteres saharauis Equipe Media, em comunicado, recordam os jornalistas saharauis detidos nas prisões marroquinas.

Entre os presos, Mohamed Yahdih Jalienna 'Al Sabi' (diretor da Guerguerat Media, preso desde 2021, condenado a dois anos de prisão); Khatri Faraji Dadda (preso desde 2019, condenado a vinte anos de prisão), Mahmud Khambir (dez anos de prisão), Abdalahi Lekhfuani (da Equipe Media, prisão perpétua), Hassan Dah (membro da Rádio e TV Nacional Saharaui, preso desde 2010, condenado a 25 anos), Mohamed Lamin Haddi (jornalista da TV saharaui, preso desde 2010, condenado a 25 anos) e El Bachir Khada (jornalista da Equipe Media, condenado a 20 anos).

Destes, os últimos quatro estão presos há mais de treze anos e cinco em regime de isolamento.


Omar Radi e Souleiman Raissouni

Em Madrid, num evento organizado pelo canal Ser em colaboração com a secção espanhola dos Repórteres sem Fronteiras (RSF), o jornalista Nicolás Castellano recordou os jornalistas saharauis presos, na figura de Khatri Faraji Dadda, assim como os jornalistas marroquinos presos, como Omar Radi e Souleiman Raissouni.

Marrocos desceu nove lugares no ranking 2023 da RSF, passando de 135 para 144, sendo a sua situação "difícil" numa lista de 180 países e territórios analisados, mostrando que em território marroquino, excluindo o Sahara, onze jornalistas e colaboradores dos media estão detidos.


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