quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

O 48.º aniversário da proclamação da RASD comemorado na Associação 25 de Abril

O Comandante Martins Guerreiro, da direção da Associação 25 de Abril, e Omar Mih, represente da Frente POLISARIO em Portugal

A representação em Portugal da Frente POLISARIO organizou no dia 27 de fevereiro uma sessão comemorativa do 48.º aniversário da proclamação da República Árabe Saharaui Democrática (RASD).

O movimento de libertação saharaui interpretava então os sentimentos mais profundos do seu povo e, simultaneamente, preenchia o vazio jurídico resultante do vergonhoso abandono oficial, nesse mesmo dia, proclamado pela até então potência colonial, a Espanha 

O evento comemorativo teve lugar na sede da Associação 25 de Abril, em Lisboa, local cheio de significado, num ano em que se festeja o 50º aniversário da Revolução dos Cravos em Portugal, que derrubou o regime ditatorial e colonialista e foi encetado o processo negocial com os Movimentos de Libertação das ex-colónias portuguesas que viria a conduzir a sua total libertação e independência.



Presentes, para além dos anfitriões, militares de Abril Vasco Lourenço e Martins Guerreiro, o embaixador da Argélia, vários representantes de diversas embaixadas, o presidente da Câmara Municipal de Palmela, membros de partidos políticos, organizações sindicais e associações de solidariedade.



Durante a sessão foram exibidos dois pequenos filmes, um sobre a repressão exercida pelas forças marroquinas nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, da autoria do coletivo Equipe Media, que a partir do interior do território exerce a difícil missão de reportar o que ali se passa, e um outro da autoria do fotógrafo português Rafael Lomba, expulso pelas autoridades marroquinas de ocupação em Janeiro passado.



DIA NACIONAL DO SAHARA OCIDENTAL

48º aniversário da proclamação da RASD 

27 de fevereiro de 2024

Daqui a poucas semanas, Portugal comemora meio século da Revolução dos Cravos que realizou as expectativas do povo português de liberdade, democracia e progresso social e económico.

Assim como o nosso povo saharaui comemora no dia de hoje os 48 anos do nascimento do seu sonho em ter a sua pátria livre e independente com inteira soberania sobre a totalidade do seu território.

Os nossos dois povos levaram a cabo levantamentos revolucionários contra os dois regimes ditatoriais ibéricos no período 1973-75. Vivíamos situações parecidas e pertencemos ao mesmo espaço político e cultural ibérico.

Hoje, Portugal ergueu um regime democrático e conseguiu realizar muitas das expectativas do seu povo, contrariamente à situação do meu povo que ainda continua a lutar pelo seu direito à liberdade e à existência como país livre e soberano.

Meio século é muito tempo na vida de uma pessoa, mas é muito pouco tempo na vida dos povos e das nações.

No século X, os Almorávidas partiram da minha terra rumo às terras de Espanha e Portugal. No século XV, os portugueses chegaram às margens da minha terra e ergueram o farol de Bojador, iluminado as trevas do oceano Atlântico, nessa mesma viagem que os levou a dobrar o Cabo da Boa Esperança e a continuar o seu encontro com outros territórios e outros povos, até chegar a Timor Leste! E à China!

Na década de 70 do século passado, fizemos levantamentos revolucionários e fomos acompanhados por mais povos africanos.

Hoje, olhamos para trás com vista a tirar as lições das nossas experiências e a armarmo- nos com as ferramentas que nos permitem continuar a nossa marcha com mais segurança e determinação.

Em 1975, quando os “mais poderosos” decidiram aniquilar-nos, não esperavam que aguentássemos 50 anos! O seu principal erro foi subestimar-nos e errar no cálculo sobre a nossa resiliência! Eles não sabiam que as pessoas do deserto, tal como a sua beleza, têm muita paciência e resistência!

Passado meio século, aqui estamos, seguramente mais fortes, com mais educação, com mais gente, com mais aliados e redes solidárias, com maior capacidade de resistência e de resiliência, com mais esperança e certeza da vitória.

Paciência estratégica que faz com que os sucessos táticos de Marrocos se evaporem como bolhas vazias, paciência estratégica que transforma a traição de Espanha num sentimento de culpa eterna. A paciência que tornou o rei de Marrocos consciente da diferença entre ocupar a terra e ocupar os corações da sua gente, a paciência e a firmeza que decorrem da verdadeira na justiça divina que vencerá no final, não importa quanto tempo demore. Paciência que entra nos relatos estreitos da política real e do maquiavelismo, que não sabe que uma pessoa crente e leal é a mais forte, que não será vencida pelas armas, pelo dinheiro ou pelas as tecnologias.

Aqui estamos hoje celebrando a vitória da nossa paciência, a lealdade à nossa causa e aos nossos mártires. Temos consciência dos nossos ganhos e estamos orgulhosos da nossa vitória sobre o genocídio a que temos sido submetidos, da nossa vitória sobre a hipocrisia e a traição.

Celebramos porque as nossas gerações mais novas são mais corajosas, têm mais conhecimentos e maior determinação em avançar na concretização do nosso sonho legítimo de construir uma pátria livre e independente na nossa terra, onde esperamos que um farol de Bojador volte a iluminar as trevas e aclare o caminho dos portugueses e saharauis na direção de um futuro brilhante baseado nos valores de liberdade, democracia, igualdade e progresso, os valores incutidos pela Revolução dos Cravos.

Omar Mih

Representante da Frente POLISARIO em Portugal

 


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