quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Documentário sobre Aminetu Haidar expõe papel de Espanha e Marrocos na crise do Sahara Ocidental



A ativista saharaui Aminetu Haidar, conhecida como a “Gandhi saharaui”, regressa ao centro do debate político com o documentário Aminetu, realizado por Lucía Muñoz Lucena e produzido pela EntreFronteras, que estreou no Festival Internacional de Cinema do Sahara (FiSahara), em Madrid. O filme revive os 32 dias de greve de fome que, em 2009, colocaram sob pressão o governo de José Luis Rodríguez Zapatero e expuseram as fragilidades da política espanhola em relação ao Sahara Ocidental.




A obra, descrita como um “docuthriller”, combina jornalismo de investigação e narrativa política para reconstruir o episódio em que Haidar, impedida de regressar a El Aaiún, recusou aceitar a nacionalidade marroquina e manteve o protesto até ser autorizada a voltar ao território ocupado. O caso abriu uma crise diplomática entre Madrid e Rabat e revelou divisões internas no executivo espanhol.

O documentário inclui testemunhos de figuras como o juiz Baltasar Garzón, a advogada canária Inés Miranda, a mulher de José Saramago, Pilar del Río, e o actor espanhol Pepe Viyuela, bem como antigos responsáveis políticos — entre eles Agustín Santos Maraver, então chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, e Luis Planas, atual ministro da Agricultura e ex-embaixador em Marrocos, que defende a proposta marroquina de autonomia como a solução “mais realista” para o conflito.

Zapatero, Miguel Ángel Moratinos e José María Aznar recusaram participar no filme, que denuncia o “apagão político” de 2009 e a persistente “dívida histórica” de Espanha desde o abandono da colónia em 1975.




Durante a apresentação, Haidar — vencedora do Prémio Right Livelihood, conhecido como o “Nobel Alternativo da Paz” — alertou para o crescente desespero entre os jovens saharauis e para o risco de um regresso da violência, num contexto em que o Conselho de Segurança da ONU voltou a favorecer a proposta de autonomia marroquina.

“Não sou o centro da história, o centro é o meu povo”, disse Haidar, que continua a ser um dos rostos mais persistentes da resistência pacífica saharaui.

Fonte: El Independiente (Francisco Carrión, 12/11/2025)


AMINETU

Realização: Lucía Muñoz Lucena

País: Espanha

Ano: 2025

Duração: 1h 30min

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