
O Embaixador russo, Vasili Nebenzia
Explicação do voto do Representante Permanente da Federação Rudda, Vasili Nebenzia, após a votação do projeto de resolução sobre a MINURSO
A Rússia absteve-se na votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU, redigida pelos Estados Unidos, para prorrogar o mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO).
Não pudemos apoiar um texto tão desequilibrado. Também ficámos surpreendidos com a abordagem adotada pelos coordenadores (penholders) do dossier (EUA), que decidiram que podiam utilizar o Conselho de Segurança para promover a sua agenda nacional. Isto está fundamentalmente em desacordo com a prática estabelecida do Conselho, que implica que os coordenadores devem procurar o consenso e ter em conta as posições de todos os membros.
É revelador que, pelo segundo ano consecutivo, os nossos colegas americanos se tenham mostrado relutantes em participar numa discussão detalhada dos textos relativos ao Sahara Ocidental com todos os membros do Conselho. Desconsiderámos o "Grupo de Amigos do Sahara Ocidental": dadas as posições nacionais revistas dos nossos parceiros dentro do grupo, tornou-se uma plataforma para monólogos colectivos. Em consequência, uma delegação foi obrigada a solicitar a apreciação do projecto de resolução pelo Conselho no seu todo, o que aponta para graves deficiências por parte dos coordenadores do dossier, que politizaram e minaram o trabalho constante do documento. Havia uma certa vontade de chegar a um consenso de última hora, e foi precisamente isso que ajudou a evitar um resultado negativo na votação. No entanto, consideramos este documento um retrocesso em relação aos princípios orientadores estabelecidos pela ONU para a solução do Sahara Ocidental. Estes princípios não desapareceram nem foram rejeitados, e estes fundamentos não estão sujeitos a revisão.
A Rússia não bloqueou a resolução do Conselho de Segurança que prolongava o mandato da MINURSO para dar uma nova oportunidade ao processo de paz. Ao mesmo tempo, esperamos que a abordagem "coboyesca» dos nossos colegas americanos não se vire contra eles nem reacenda o conflito que permanece adormecido há algumas décadas. Confiamos que o Enviado Pessoal do Secretário-Geral, Staffan de Mistura, fará todo o possível para conduzir as partes envolvidas a uma solução mutuamente aceitável nas novas circunstâncias, permitindo que o povo do Sahara Ocidental exerça livremente o seu direito inalienável à autodeterminação. Tal solução deve estar em consonância com os princípios da Carta da ONU e com as decisões anteriores do Conselho de Segurança sobre o Sahara Ocidental. Não há alternativa a este cenário.
Sem comentários:
Enviar um comentário